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Doações

13 de janeiro de 2011

Além dos 10 bilhões de dólares prometidos por vários países, há ainda o trabalho de organizações internacionais de ajuda humanitária. Mas os resultados demoram a aparecer.

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Palácio presidencial destruído pelo terremotoFoto: AP

No site da Comissão Interministerial para a Reconstrução do Haiti, um mapa interativo mostra a quantia que cada nação se comprometeu a doar a uma das nações mais pobres do mundo. O total ultrapassa os 10 bilhões de dólares.

A informação é publicada pelos administradores do dinheiro, que têm o ex-presidente dos EUA Bill Clinton como um de seus líderes. Logo é possível constatar que, do montante prometido, nem a metade chegou ao país, que tem urgência em ser reconstruído.

Na página oficial do governo do Haiti, a única atualização visível é a tabela que reúne as informações sobre o dinheiro doado. O governo se preocupa em afastar o temor, já manifestado pelos doadores, de que o capital siga por outros caminhos que não os projetos de reconstrução.

Distribuição dos recursos

Haiti-med
Escola improvisada no HaitiFoto: Yves Polynice

Segundo o governo haitiano, 75,67% dos 5,7 bilhões de dólares prometidos para 2010 e 2011 já foram repassados. Estados Unidos e o grupo formado por Venezuela e Bolívia são os principais países contribuintes – 1,1 bilhão e 1,3 bilhão, respectivamente.

O investimento, segundo o primeiro-ministro Jean-Max Bellerive, pode ser visto na construção de estradas – 2 milhões de dólares já foram direcionados para este fim –, escolas para as crianças, construção de um novo hospital-escola e de novas moradias.

O plano traçado pela Comissão Interministerial para a Reconstrução do Haiti prevê que os recursos levantados sejam investidos em 18 áreas, incluindo agricultura, saneamento, infraestrutura, moradia e prevenção a desastres.

O Brasil prometeu 70 milhões para ajudar a melhor o sistema de saúde e a vigilância epidemiológica, que devem ser repassados em dois anos. Há também outros projetos de responsabilidade brasileira na área de energia.

"Os soldados brasileiros que participam da missão de paz da ONU são a face mais visível da nossa presença. Mas nós temos também um forte trabalho de cooperação aqui no Haiti como, por exemplo, o trabalho dos técnicos da Embrapa no setor da agricultura", comentou o embaixador brasileiro, Igor Kipman.

Ainda assim, um ano depois da tragédia que deixou mais de 230 mil mortos, os haitianos ainda enfrentam uma situação precária. Mais de um milhão de pessoas continuam dormindo em barracas, sem poder voltar para casa.

Organizações internacionais

Outra parte da ajuda fundamental que o país recebe é difícil de ser contabilizada. Ela vem de organizações de ajuda humanitária de todo o mundo. Estima-se que centenas de instituições estejam atuando no Haiti, entre elas uma coalizão formada por 12 organizações alemãs.

Frank Dörner, que coordena a seção alemã da Médicos sem Fronteiras, lamenta que muitas iniciativas começadas há um ano foram abandonadas nesse meio tempo. "E são mesmo muitas. Isso tem que ser dito claramente. Ainda há muitas registradas nos grupos de coordenação, mas delas há poucas que de fato estão ativas."

As organizações internacionais enfrentam as mais variadas dificuldades no trabalho de reconstrução do país, como questões ligadas à propriedade de terrenos, o problema da corrupção e os donativos que ficam retidos na fronteira entre a República Dominicana e o Haiti.

Informações sobre o que é feito com as doações podem ser obtidas com facilidade, explica Dörner. Os registros podem a todo momento ser consultados. "Atualmente temos mais de 8 mil pessoas que precisam receber salários no Haiti. Temos 3.200 leitos para doentes de cólera, e mais de mil leitos fixos. Temos sete grandes centros de tratamento, nos quais gastamos mais de 100 milhões de euros no último ano", diz Dörner.

Simone Pott, da organização Ação Agrária Alemã, explica que as organizações não aplicam de imediato todo o dinheiro disponível, mas reservam uma quantia para o futuro. "De um total de 21 milhões de euros, já gastamos 13 milhões, ou seja, também temos dinheiro planejado para os próximos anos."

Frank Dörner, da Médicos sem Fronteiras, é cauteloso ao analisar a situação da ajuda humanitária no país. "Diante da dimensão da catástrofe e também das condições que o Haiti enfrentava já antes do desastre, é preciso contar com quatro, cinco anos até que possamos ver mudanças significativas no país."

Autores: Nádia Pontes / Wolfgang Dick
Revisão: Alexandre Schossler