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Trump livra da prisão amigo Roger Stone

11 de julho de 2020

Ex-conselheiro do presidente tem pena comutada após ter sido condenado por mentir ao Congresso, obstruir e manipular testemunhas durante investigação sobre suposta interferência russa na campanha presidencial de 2016.

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Roger Stone
Roger Stone, segundo a Casa Branca, "já sofreu muito" e "foi tratado de forma muito injusta"Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Cortez

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comutou a pena de prisão do seu amigo e antigo conselheiro Roger Stone, que foi condenado em fevereiro a 40 meses de prisão, anunciou nesta sexta-feira (10/07) a Casa Branca.

Roger Stone foi considerado culpado por mentir ao Congresso, obstruir e manipular testemunhas no contexto da investigação sobre suposta interferência russa na campanha presidencial americana de 2016. Ele foi o sexto assessor ou conselheiro de Trump a ser condenado neste caso.

A ida para a prisão do antigo conselheiro de Trump estava agendada para a próxima semana.

"Hoje [sexta-feira], o presidente Donald J. Trump ordenou uma clemência executiva para comutar a injusta sentença de Roger Stone", disse a porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, em nota, acrescentando que Roger Stone "já sofreu muito. Foi tratado de forma muito injusta, tal como muitos outros neste caso. Ele é agora um homem livre!".

Ao contrário de um indulto presidencial, que livraria Stone dos crimes pelos quais foi condenado, a ação de Trump ao comutar a sua sentença apenas suspende a sua pena de 40 meses de prisão.

Na declaração da Casa Branca lê-se que Stone enfrentou "uma acusação injusta, prisão e julgamento" e que, apesar da condenação, "mantém a sua inocência", pelo que merece, de acordo com a Casa Branca, a oportunidade de defender novamente o seu caso em tribunal.

Além disso, a Casa Branca citou os riscos para a saúde de Stone no cárcere devido à pandemia de covid-19.

Embora Trump tenha tentado repetidamente proteger seus associados, a medida corresponde a sua intervenção de mais alto perfil em um caso criminal. Os críticos acusam o presidente de minar o Estado de direito.

"Com essa comutação, Trump deixa claro que existem dois sistemas de Justiça na América: um para seus amigos criminosos e outro para todos os outros", disse Adam Schiff, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara.

Stone foi condenado após semanas de lutas internas no Departamento de Justiça, tendo o procurador-geral dos EUA, William Barr, emitido uma recomendação apelando para que o pedido inicial de punição, entre sete e nove anos de prisão, fosse reduzido.

A recomendação de Barr levou vários procuradores que trataram do caso a demitirem-se e a denunciarem a pressão de altos funcionários do Departamento de Justiça para tratar Stone "de forma diferente e mais condescendente" durante o seu julgamento, devido à sua relação com Trump.

Caracterizado pelo seu estilo provocador e autodenominado "dirty trickster" (trapaceiro sujo) e "agent provocateur," (agente provocador), Stone é um veterano consultor político republicano cujos clientes incluíram os antigos presidentes Ronald Reagan e Richard Nixon.

Ele que aconselhou Trump durante anos e trabalhou até agosto de 2015 na sua campanha eleitoral, mantendo contato regular com o republicano.

De acordo com a Procuradoria-Geral dos EUA, Stone atuou como ligação entre a campanha de Trump 2016 e a plataforma WikiLeaks, que divulgou e-mails roubados do Comitê Nacional do Partido Democrata, prejudiciais para a campanha da candidata presidencial de Hillary Clinton.

Stone negou irregularidades e alegou que o processo contra ele era político. Durante o julgamento, ele silenciou e seus advogados não convocaram testemunhas de defesa. O aliado do presidente chegou a ser preso em janeiro do ano passado, mas foi solto pouco tempo depois.

No julgamento, entre as testemunhas de acusação estava Steve Bannon, que coordenou a campanha de Trump e admitiu que via o réu como um possível intermediário do acesso ao Wikileaks. O extremista de direita e outras testemunhas disseram que acreditavam que Stone tinha informações privilegiadas sobre quando a plataforma poderia divulgar mais e-mails que prejudicariam Hilary.

Com prova das acusações, os promotores mostraram mensagens de texto e e-mails escritos pelo réu que contradiziam o depoimento que ele deu ao Congresso e revelavam a ameaça a uma testemunha.

Após o fim do julgamento, Trump foi ao Twitter para criticar a decisão que condenou seu amigo. O presidente acusou a Justiça americana de ter "dupla moral" ao ignorar supostas "mentiras" de seus adversários, citando Hilary, o ex-diretor do FBI James Comey e o procurador especial Robert Mueller.

"Eles não mentiram? Uma dupla moral como essa nunca se havia visto antes na história deste país", escreveu Trump.

MD/lusa/ap/rtr/efe

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