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Em meio à crise

11 de janeiro de 2012

Consumo interno e investimentos puxaram o crescimento da economia alemã em 2011, o segundo consecutivo após a forte queda de 2009. Especialistas preveem alta bem mais modesta no ano que se inicia.

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Consumo interno foi fator mais importante para alta do PIBFoto: picture alliance / dpa

Em meio à crise do euro e da dívida pública que assombra vários países da União Europeia (UE), a economia alemã cresceu 3% em 2011. O resultado, que ainda será revisto, foi divulgado nesta quarta-feira (11/01) pelo Departamento Federal de Estatísticas (Destatis). Segundo o órgão, os números demonstram que o país está se recuperando bem após o colapso econômico mundial de 2008.

Segundo o Destatis, o principal impulso para o crescimento veio de dentro do país. O consumo interno aumentou 1,5%, o maior crescimento dos últimos cinco anos, graças a salários mais elevados e à baixa taxa de desemprego. Também os investimentos públicos e privados em máquinas, equipamentos e automóveis registraram elevação, de 8,3%. Já o setor da construção civil teve a maior alta em 17 anos, de 3,5%.

Embora o comércio exterior tenham contribuído menos para o crescimento do PIB (0,8 pontos percentuais) do que o consumo interno e os investimentos, a Alemanha registrou alta de 8,2% nas exportações em relação a 2010, ultrapassando pela primeira vez a marca de 1 trilhão de euros em mercadorias vendidas para o exterior. "O comércio exterior continua se mostrando dinâmico", diz a nota do órgão federal.

Segundo os cálculos do Destatis, o deficit no orçamento da Alemanha foi reduzido para 1% do PIB, somando 26,7 bilhões de euros. Desta maneira, o país não ultrapassou o limite de 3% do PIB previsto no Tratado de Maastricht. Nos dois anos anteriores o deficit orçamentário havia excedido esse limite.

Os números de 2011 ficaram abaixo do crescimento obtido em 2010, quando o PIB subiu 3,7%. Em 2009, o país sofreu a pior recessão desde a Segunda Guerra, com um encolhimento de 5,1% da economia.

Os temores de 2012

Para o ano que se inicia o cenário é bem mais pessimista. Apesar do crescimento de 3% no resultado anual de 2011, a economia alemã recuou 0,25% no último trimestre do ano, segundo as contas preliminares do Destatis. A comparação é com o período imediatamente anterior.

Nos três primeiros trimestres do ano haviam sido registradas altas de 1,3%, 0,3% e 0,5% no PIB alemão. Como sintetizou o presidente do Destatis, Roderich Egeler, o bom resultado do ano se deve principalmente ao crescimento na primeira metade de 2011.

Muitos economistas preveem que a economia alemã vá desacelerar no início de 2012 e se recuperar apenas no segundo semestre, com um pequeno crescimento no saldo do ano.

A maior economia da Europa tenta comandar, ao lado da França, a recuperação da União Europeia (UE). A situação grega continua gerando insegurança no mercado financeiro e pode atrapalhar o desempenho da economia alemã. "Esses fatores freiam as exportações, mas também forçam a disposição em investir", teme o Deutsche Bank.

A crise da dívida pública também obriga países da UE, como Itália e Espanha, a adotarem medidas de austeridade. Um fator que, para o economista-chefe da Organização do Comércio e Desenvolvimento das Nações Unidas (UNCTAD), o alemão Heiner Flassbeck, é preocupante. "Com a orgia do corte dos gastos na Europa, nós arruinamos o nosso próprio mercado", comentou.

Para Flassbeck, a Alemanha terá um ano difícil pela frente, com expectativa de recessão: "O pais deve se preparar para uma estagnação", analisou. Para o economista, corte de gastos não é o único caminho de saída da crise: "É preciso investir, como por exemplo, em projetos de infraestrutura", sugere.

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Alexandre Schossler