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Iraque arruinado

21 de julho de 2009

Seis anos após a guerra, infraestrutura segue dilapidada. Apenas alguns ramos promissores, como turismo religioso e construção civil, florescem. Especialistas preveem que levará 20 anos para economia se estabilizar.

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Petróleo é principal fonte de renda do paísFoto: picture-alliance / dpa

Ao descrever a situação econômica em que se encontra atualmente o Iraque, especialistas estão de pleno acordo: a economia do país está arruinada. Quanto aos motivos, eles também concordam: trata-se da difícil herança do antigo regime de Saddam Hussein. Pois quatro guerras em 30 anos e 13 anos de contínuas sanções internacionais deixam marcas profundas, impossíveis de se eliminar de um dia para outro.

Segundo o empresário iraquiano Mohammad Shaker Al Delaimi, membro diretor da federação de empresários do país, "apenas alguns setores da economia funcionam, sendo que a indústria está completamente arruinada após a guerra". Os sinais da ruína econômica são evidentes: seis anos depois, o fornecimento energético ainda não foi restabelecido, o que também impede que as empresas retomem a produção.

Além disso, muitas estatais são fruto de um planejamento ideológico equivocado e, por isso, incapazes de concorrer no mercado livre. O governo, por sua vez, tem dificuldade em privatizá-las, pois nenhum investidor está disposto a assumir uma fábrica com 3 mil empregados, se apenas 600 são necessários para a produção.

Imam Ali Moschee in Nadschaf
Mesquita do imã Ali, em NajafFoto: AP

23% da população vive abaixo da linha de pobreza

O desemprego também é alto no Iraque. "O Ministério do Trabalho fala em 1,5 milhão de pessoas sem trabalho registradas", conta o economista Saad Al Hayali, radicado na Alemanha. Todavia, ele ressalta que o número real é muito maior, já que muitos desempregados preferem não se registrar por razões diversas.

E, por mais que o governo tenha criado uma rede de amparo social para conter a pobreza no país, ela nem de longe é suficiente: "Cerca de 23% dos iraquianos vivem abaixo da linha de pobreza, ou seja, ganham menos de 60 dólares por mês".

Al Hayali acrescenta que o principal problema da economia do Iraque é o financiamento unilateral, uma vez que o desempenho econômico depende inteiramente dos lucros com o petróleo. "Desses, aproximadamente 80% são gastos com o pagamento dos salários do Exército e da polícia, restando apenas 20% para incentivar o desenvolvimento econômico."

Do total de 58 bilhões de dólares do orçamento do Iraque, apenas 21 bilhões são aplicados no programa de reconstrução do país.

Turismo religioso é "mina de ouro"

Mas nem tudo são trevas: o turismo religioso e a construção civil são dois ramos que experimentam um verdadeiro boom desde 2003. Com a queda do regime de Saddam Hussein, milhões de peregrinos visitam as cidades sagradas de Karbala e Najaf, em sua maioria turistas endinheirados da região do Golfo Pérsico e do Irã.

"O turismo religioso é uma mina de ouro para o Iraque e a expansão do setor terá efeitos positivos para a economia, embora também haja efeitos negativos", explica Al Delaimi.

Nos últimos três anos, investidores privados construíram mais de 500 novos hotéis nessas duas cidades, gerando empregos. Em contrapartida, o valor dos terrenos cresceu de forma dramática. Se antes da guerra uma casa nas proximidades de Kerbala custava em torno de 20 mil dólares, hoje a mesma casa custaria 2 milhões de dólares ou mais.

Wiederaufbau Irak
Multidão saúda avião que pousava no então recém-inaugurado aeroporto de NajafFoto: AP

Há algum tempo, a província de Najaf passou a contar com um aeroporto próprio, o que evita que turistas estrangeiros tenham que atravessar regiões perigosas de carro.

3,5 milhões de novos lares

No caso da construção civil, a guerra fez com que moradia se tornasse raridade. "O Iraque precisa de uns 3,5 milhões de novos apartamentos. Este é um dado relativamente exato. Está previsto que investidores privados construam 80% da demanda, ou seja, cerca de 3 milhões de lares até 2014", diz Al Delaimi.

Basicamente, o desenvolvimento econômico do Iraque depende de dois fatores: da estabilidade política, afinal investidores estrangeiros precisam de condições estáveis e seguras para investir; e do preço do petróleo. O novo plano quinquenal do governo prevê que o Iraque não produzirá menos de 2,15 milhões de barris de petróleo por dia nos próximos anos, a serem vendidos por um preço médio de 58 dólares por barril.

Especialistas em economia locais calculam que serão necessários 20 anos de paz para que a economia do país esteja completamente estabilizada.

Autor: Hasan Hussain
Revisão: Augusto Valente