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40 anos

15 de setembro de 2011

A organização não aceita doações de empresas e de governos, nem tem inimigos ou amigos permanentes. Ao longo de quatro décadas, o Greenpeace trouxe discussão ambiental ao centro do debate político.

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Em 1971, 12 ativistas fundaram a organização não governamentalFoto: Pierre Gleizes/Greenpeace

Estranhos, lunáticos e visionários foram, há 40 anos, as classificações dadas aos primeiros membros da organização não governamental Greenpeace. Ao longo das últimas décadas, a pauta do grupo deixou o ostracismo e ganhou o palco internacional: preservação ambiental e desenvolvimento sustentável viraram temas prementes dos principais governos mundiais, inclusive do Brasil.

A ideia nasceu em Vancouver, no Canadá, e hoje a organização está em 40 países, emprega mais de 2.500 pessoas e depende dos seus mais de três milhões de colaboradores. "O Greenpeace é especial. Somos completamente independentes. Nós dependemos puramente das pessoas que acreditam em nós. Não aceitamos dinheiro de corporações ou de governos", ressaltou Daniel Mittler, diretor de política do Greenpeace Internacional, em entrevista à Deutsche Welle.

Batalha duradoura

Foi em 1971 que 12 pessoas – ecologistas, jornalistas e hippies – deram início ao movimento. A bordo de um antigo barco de pesca, eles deixaram o porto de Vancouver rumo ao Ártico, com o objetivo de impedir que os Estados Unidos fizessem testes nucleares em Amchitka, pequena ilha no Alasca. A embarcação foi interceptada e a missão fracassou.

Mas a iniciativa daqueles ativistas ecoou e ganhou vida longa. Em 1974, a campanha lançada contra os testes nucleares da França no Pacífico Sul obrigou Paris a suspender o programa, graças à pressão pública. E assim as grandes intervenções do Greenpeace tornaram-se regulares e com um impacto midiático cada vez maior.

Em 1985, o afundamento do navio Rainbow Warrior causou consternação. Novamente, a organização protestava contra a retomada dos testes nucleares pelo governo francês no Pacífico Sul. O serviço secreto francês teria sabotado a embarcação do Greenpeace: dentre as vítimas das duas bombas que explodiram no navio estava o brasileiro Fernando Pereira, fotógrafo.

A batalha da atualidade acontece principalmente na internet: com ajuda do YouTube, produções de vídeo que denunciam violações de grandes empresas como Adidas, Nike e Puma repercutem rapidamente. Em julho, por exemplo, o Greenpeace denunciou como fornecedoras dessas marcas têxteis poluem rios na China – imediatamente, as acusadas famosas vieram a público se justificar, ou anunciar a suspensão do comércio com as empresas chinesas.

A campanha internacional mais recente é contra a Volkswagen: o grupo diz que a montadora alemã tenta barrar as leis europeias que elevariam de 20% para 30% a redução da emissão de gases de efeito estufa até 2020. Com bom humor, o Greenpeace faz uma analogia à série Guerra nas Estrelas, e convoca os "jedis" a lutar contra o "lado negro da força".

"Não temos inimigos permanentes, ou amigos permanentes. Trabalhamos com empresários quando eles fazem a coisa certa. Nós acabamos de elogiar a Puma, Adidas e Nike, por exemplo, por se comprometerem a eliminar os restos tóxicos da linha de produção até 2020", comentou Mittler.

Flash-Galerie 40 Jahre Greenpeace Brasilien Waldbrand
No Brasil, Greenpeace denuncia desmatamento e luta contra novo Código FlorestalFoto: Greenpeace/Carlos Hungria

No Brasil

A atuação do Greenpeace em território brasileiro surgiu paralelamente à Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, em 1992. De lá para cá, a ONG denunciou o desmatamento indiscriminado na Amazônia, a falta de vigilância sobre os transgênicos e a demora na demarcação de terras indígenas.

O Greenpeace no Brasil agora se concentra em frear no Congresso a votação do Código Florestal da maneira como foi aprovado pela Câmara dos Deputados. "O texto em discussão no Congresso atualmente abre brechas na legislação ao aumentar o desmatamento, prejudicando nossas perspectivas de prosperidade. O Brasil não precisa desmatar para produzir mais; tem condições econômicas e tecnológicas para alimentar os brasileiros – e o mundo – preservando também seu maior bem para as futuras gerações: a natureza", defende.

O debate político em torno do Código Florestal brasileiro é um dos mais intensos da história recente do Brasil. A data da votação pelos senadores ainda não foi marcada.

Autoras: Nádia Pontes / Irene Quaile
Revisão: Roselaine Wandscheer