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Em busca de aliado, Trump recebe Erdogan

16 de maio de 2017

Em meio a diferenças sobre papel dos dois países na Síria, líderes se reúnem na Casa Branca e tentam vender ideia de inimigo comum no conflito, mas questão curda segue como entrave.

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Erdogan e Trump no Salão Oval da Casa Branca
Erdogan e Trump no Salão Oval da Casa Branca, em seu primeiro encontro frente a frenteFoto: Reuters/K.Lamarque

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, nesta terça-feira (16/05) na Casa Branca, para a primeira reunião frente a frente entre ambos. O encontro é uma tentativa de aplacar as diferenças sobre o papel dos dois países na guerra síria.

Antes da reunião, Trump afirmou ser uma "grande honra" receber Erdogan e previu "discussões longas e difíceis", mas bem-sucedidas. "Nossa relação tem sido ótimo e vamos torná-la ainda muito melhor. Para isso teremos uma forte e sólida discussão", declarou o presidente.

Segundo agências de notícias internacionais, o clima foi de reconciliação. Erdogan parabenizou o republicano pelo "lendário triunfo" nas eleições presidenciais em novembro, enquanto Trump ofereceu compaixão pelos "terríveis ataques terroristas" contra o povo turco nos últimos anos.

Ao lado do homólogo turco, o líder americano afirmou que os Estados Unidos vão restabelecer a parceria militar e econômica com a Turquia, e se comprometeu a apoiar Ancara na luta contra o "Estado Islâmico" (EI) e a milícia curda Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerada terrorista por ambas as nações. Segundo Trump, tal parceria contra o terrorismo será "imbatível".

O presidente afirmou ainda que EUA e Turquia têm tais grupos como inimigos em comum no combate ao terrorismo e, por isso, "devem agora enfrentar juntos essa ameaça". Trump elogiou a "liderança da Turquia na busca por um fim aos terríveis massacres na Síria".

As tensões entre os Estados Unidos e a Turquia, os dois maiores exércitos da Otan, se acirraram na semana passada, quando a Casa Branca autorizou o envio de armas aos rebeldes das Unidades de Defesa Popular (YPG), que lutam contra o EI na Síria. O governo em Ancara, por sua vez, se opôs com veemência à decisão, pois vê as YPG como uma extensão do grupo separatista curdo PKK.

Durante o pronunciamento a repórteres nesta terça-feira, Trump não comentou sua decisão de armar os combatentes curdos, apesar de destacar o comprometimento mútuo entre Ancara e Washington em pôr fim à guerra civil na Síria, que já custou a vida de mais de 400 mil pessoas.

Mas, após a reunião, Erdogan advertiu que "nunca" aceitará o apoio militar às milícias curdas na Síria e que isso "vai contra " os acordos que regem a relação bilateral.

"Não deveríamos permitir que esses grupos manipulem a estrutura religiosa ou étnica da região com o terrorismo como pretexto", disse o presidente turco.

O encontro entre Trump e Erdogan ocorre ainda em meio a outra polêmica, envolvendo um terceiro personagem importante no conflito sírio. Na véspera, o presidente americano foi acusado pelo jornal The Washington Post de ter revelado segredos de Estadoao chanceler russo, Serguei Lavrov, e ao embaixador russo, Serguei Kislyak, durante uma reunião na Casa Branca na semana passada.

A informação altamente confidencial, segundo o jornal, seria sobre uma operação do "Estado Islâmico" e teria sido repassada por um aliado que não dera permissão para que ela fosse compartilhada com outros países. O governo americano vem se defendendo de tais acusações, afirmando que o conteúdo das revelações foi "totalmente apropriado" para a situação.

EK/afp/ap/dpa/rtr/ots