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Ecumenismo

21 de novembro de 2009

Numa clima de tensão causado pelas novas regras de conversão da Igreja Católica, o Papa Bento 16 e o primaz anglicano, Rowan Williams, se reúnem no Vaticano para debater as relações entre as duas Igrejas.

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Igreja Anglicana aceita mulheres como sacerdotesFoto: AP

O papa Bento 16 e o primaz da Igreja Anglicana e arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, reforçaram neste sábado (21/11), após encontro no Vaticano, o desejo comum de fazer avançar o ecumenismo.

O encontro entre o primaz da Igreja Anglicana o Papa se deu num contexto de tensão entre as duas Igrejas, causada pela possibilidade, criada recentemente pelo líder católico, de conversão coletiva de anglicanos para a Igreja Católica.

Papst Benedikt 16 und der Papst Benedikt Rowan Williams in Rom
Bento 16 e Rowam Williams se encontraram em RomaFoto: AP

Através da Constituição Apostólica Anglicanorum coetibus (grupo de anglicanos, em latim), Bento 16 pretende criar uma estrutura dentro da Igreja Católica que permite atrair anglicanos, oferecendo-lhes a possibilidade de manter suas tradições. Dessa forma, padres casados poderão continuar a exercer suas atividades como sacerdotes na Igreja Católica, no contexto de uma estrutura eclesiástica própria.

Com essa nova estrutura, o Vaticano reage ao crescente descontentamento de muitos anglicanos sobre o curso de sua Igreja, que aceita mulheres e homossexuais assumidos como sacerdotes e abençoa uniões entre pessoas do mesmo sexo.

"Copo do ecumenismo semicheio"

A inovação de Bento 16 foi recebida de forma controversa pelos membros da Comunidade Anglicana. Desde a última quinta-feira (19/11), Williams se encontra com uma pequena delegação no Vaticano para discutir a questão.

Em colóquio realizado na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma, Williams disse que o "copo do ecumenismo está semicheio". Na ocasião em que foram lembrados os cem anos de nascimento do cardeal holandês Johannes Willebrands (1909-2006), um dos precursores do ecumenismo na Igreja Católica, ele atribui à Santa Sé a responsabilidade pela separação entre anglicanos e católicos.

König Henry VIII. von England (1509-1547) und von Irland (1541-1547)
Henrique 8° fundou Igreja da InglaterraFoto: dpa

Segundo Williams, a Igreja Católica deveria justificar por que os acordos já alcançados em questões centrais da Fé têm menos importância que motivos jurídicos e institucionais para explicar a separação.

Williams classificou de "fantasiosa" a criação por parte do Papa de uma estrutura eclesiástica especial, para atrair anglicanos que queiram se converter para o Catolicismo. Na opinião de Williams, isso não levará a uma conversão em massa de anglicanos.

Reunificação sem êxito

Na sexta-feira, Williams celebrou um culto ecumênico com o cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. O primaz da Igreja Anglicana já visitou o Vaticano em 2005, 2006 e 2008. O antecessor de Williams, George Carey, já havia se encontrado seis vezes com o papa João Paulo 2° em anos anteriores.

No entanto, a história dos encontros de cúpula entre papas e primazes anglicanos é bastante recente. Antes de 1960, a última vez que um primaz da Igreja da Inglaterra visitou Roma foi em 1397, bem antes da Reforma Anglicana.

A Igreja Anglicana surgiu quando, em 1533, Henrique 8° rompeu com o Papa por este ter se negado a anular seu casamento. Em 1534, o monarca inglês tornou-se o chefe da nova igreja estatal. Em questões de Fé, os anglicanos mantiveram, primeiramente, a doutrina católica. Mais tarde, a influência protestante se impôs.

A Comunidade Anglicana mundial conta com cerca de 78 milhões de membros. Há décadas que se discute, sem sucesso, uma reunificação das Igrejas Católica e Anglicana. O abismo entre tradicionalistas e liberais dentro da Igreja Anglicana é um dos motivos mais recentes para tal falta de êxito.

CA/ap/epd/kna

Revisão: Alexandre Schossler