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Merkel e Trump buscam minimizar divergências

17 de março de 2017

Presidente dos EUA recebe chanceler federal alemã na Casa Branca para a primeira reunião entre os dois líderes. Imigração, Otan e momentos constrangedores envolvendo aperto de mão e grampo telefônico marcam encontro.

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Trump e Merkel
Trump e Merkel diante da Casa BrancaFoto: picture alliance/dpa/AP/P. Martinez Monsivais

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, foi recebida nesta sexta-feira (17/03) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Casa Branca, para o primeiro encontro entre os dois líderes. Durante a campanha eleitoral, Trump fez duras críticas à líder alemã, e um clima conciliatório marcou a reunião em Washington, apesar de momentos de constrangimento.

Em entrevista conjunta após a reunião, Merkel e Trump mencionaram os principais assuntos discutidos, que incluem Otan, Rússia e a crise na Ucrânia, bem como comércio internacional, questões migratórias e a atuação militar de combate ao terrorismo no Iraque, Síria e Afeganistão.

Leia mais: Protecionismo de Trump ameaça relações com Alemanha

Em seu pronunciamento, a chanceler federal destacou o importante papel dos EUA na reconstrução da Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, com o Plano Marshall, e na Reunificação, em 1989. 

Também disse "ser um prazer" estar em Washington para uma reunião com o líder americano porque, segundo ela, é sempre muito melhor "falar com alguém do que sobre alguém".

Ao posarem para fotógrafos no Salão Oval, antes da imprensa, Trump pareceu ter ignorado Merkel. Após repórteres pedirem que os dois se cumprimentassem para uma foto, a chanceler federal alemã perguntou: "Você quer um aperto de mão?", mas o presidente americano continuou olhando fixamente para frente, como se não tivesse ouvido a pergunta.

Merkel chegou à residência oficial do líder americano por volta das 11h30 no horário local (cerca de 12h30 em Brasília) e foi recebida por Trump com um aperto de mão. Os dois trocaram sorrisos e algumas palavras antes de entrarem na Casa Branca, onde tiveram suas primeiras reuniões. A entrevista para a imprensa foi realizada em seguida. 

Políticas migratórias

A imigração é um dos assuntos sobre o qual os dois líderes mais divergem. Nesta sexta-feira, o presidente americano deixou claro – mais uma vez – ser um crítico feroz da política de portas abertas para refugiados praticada por Berlim, ressaltando que "imigração é um privilégio, não um direito". 

"Devemos proteger nossos cidadãos daqueles que semeiam a violência. A segurança de nossos cidadãos deve sempre vir em primeiro lugar", afirmou Trump, que recentemente assinou ordens executivas para proibir temporariamente a entrada nos EUA de cidadãos de países de maioria muçulmana – a medida foi criticada por líderes internacionais, incluindo Merkel.

A chanceler federal alemã, por sua vez, não foi muito a fundo nas questões migratórias, mas disse concordar com Trump sobre a importância de combater a imigração ilegal e sobre a necessidade de fronteiras mais vigiadas. Por outro lado, defendeu sua política migratória diante de uma grave crise humanitária na Síria. "Temos que dar oportunidades para os refugiados", afirmou.

Antes ainda de ser eleito presidente, Trump fez duras críticas à política de refugiados de Merkel, chegando a afirmar, em dezembro de 2015, que a chefe de governo estava "arruinando a Alemanha". Em janeiro deste ano, o presidente classificou a política migratória da chanceler como "um erro catastrófico". Desde 2015, a Alemanha já recebeu mais de 1 milhão de refugiados. 

Merkel e Trump durante a coletiva de imprensa
Merkel e Trump durante a coletiva de imprensaFoto: picture alliance/AP/P. Martinez Monsivais

Otan e defesa

Trump, que em janeiro chegou a tachar a Otan de obsoleta, reiterou durante o pronunciamento seu "forte apoio" à organização, e disse ter pressionado Merkel a aumentar seus gastos com defesa, atingindo a meta de 2% do PIB. Os países, segundo o presidente, precisam "pagar sua parte".

"Muitas nações devem enormes quantias de dinheiro [à Otan]", e essa situação "é muito injusta com os Estados Unidos", afirmou Trump. "Essas nações devem pagar o que devem."

A chanceler federal prometeu aumentar o orçamento alemão de defesa e reafirmou seu compromisso de alcançar a meta de 2% do PIB até 2024 – na Alemanha, essa percentagem é de 1,2%.

Comércio internacional

Antes da entrevista para a imprensa e após o encontro entre os dois líderes, Trump e Merkel participaram de uma reunião com a presença de empresários alemães e americanos, na qual o líder dos EUA chegou a elogiar os programas de ensino profissionalizante na Alemanha.

Ao ser questionado por uma jornalista alemã sobre o protecionismo de sua política econômica, Trump rechaçou qualquer acusação de que tenha a intenção de isolar os Estados Unidos.

"Não sou um isolacionista. Sou um defensor do livre-comércio, mas também do comércio justo. Nosso livre-comércio nos levou a muitas coisas ruins", frisou o presidente americano, que em certo momento cometeu a gafe de chamar seu país de "empresa", corrigindo-se rapidamente.

Trump destacou que qualquer política comercial "deve ser uma política justa" e que, segundo ele, os Estados Unidos receberam um "tratamento muito injusto ao longo dos anos, e isso vai acabar". Ele reiterou que espera por "políticas justas e recíprocas" nas relações entre Washington e Berlim.

Grampos telefônicos

O líder dos EUA ainda causou uma situação constrangedora durante a entrevista ao afirmar que tanto ele quanto Merkel foram espionados por seu antecessor na Casa Branca, Barack Obama – "sobre as escutas telefônicas do governo anterior, pelo menos temos isso em comum", afirmou Trump.

A declaração do republicano arrancou risadas e expressões de surpresa dos jornalistas presentes, enquanto Merkel manteve-se em silêncio sobre a questão. Recentemente, Trump acusou Obama de ter colocado escutas na Trump Tower durante a campanha presidencial, mas não apresentou provas.

Já a chanceler federal alemã teve seu celular grampeado pela Agência de Segurança Nacional americana (NSA) entre 2002 e 2012. A revelação, que veio à tona em 2013, irritou o governo em Berlim, que chegou a ameaçar as autoridades americanas de expulsar seus diplomatas.

EK/ap/efe/dpa