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Enchente mata mais de 170 pessoas no sul da Rússia

9 de julho de 2012

Volume de água cresceu tão rapidamente que foi difícil escapar. Enquanto a região se prepara para mais chuva, o país discute se houve negligência das autoridades ao não avisar a população em risco.

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Foto: AP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou esta segunda-feira (09/07), dia de luto nacional pelas vítimas das inundações que atingiram o país no último fim de semana. Pelo menos 171 pessoas morreram na pior enchente na história recente da Rússia.

Chuvas torrenciais atingiram a região de Krasnodar, nas proximidades do Mar Negro, na última sexta-feira. De acordo com o serviço meteorológico, em menos de 24 horas a precipitação foi cinco vezes maior do que a média mensal na região.

Enquanto o governo local descreve a tragédia como uma grande surpresa, tanto os jornais pró-governo como os da oposição mostraram uma unanimidade rara ao afirmar que as autoridades falharam em avisar apropriadamente a população, o que poderia ter diminuído os prejuízos da enchente.

"Como um tsunami"

A maioria das vítimas morreu afogada entre a noite de sexta-feira e a manhã de sábado. O volume de água cresceu tão rapidamente que foi difícil, especialmente para os idosos, escapar. Segundos os sobreviventes, sirenes soaram, mas não houve nenhum alerta no rádio.

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População sofre com a negligência das autoridadesFoto: Reuters

Uma moradora da região descreveu a subida das águas "como um tsunami". Outro morador reclamou que ninguém foi avisado. Casas foram completamente destruídas, carros e caminhões arrastados pelas ruas e estradas e vilas ficaram completamente cobertas de lama.

No sábado pela manhã, um grande volume de água atingiu as ruas de Krimski, o sul da Rússia, com tanta rapidez que os moradores dizem suspeitar que a enchente foi causada pela abertura de uma barragem nas montanhas. A informação foi negada pelo governo local, que admitiu que a água foi liberada, mas esse não teria sido o motivo do alagamento.

Testemunhas dizem que é difícil apurar a verdadeira dimensão da tragédia. "Muitas pessoas foram arrastadas para o mar. Ninguém pode dizer com precisão o número de vítimas", lamentou um morador da região. Diversas cidades declararam estado de emergência.

Previsão e consequências

Tragédias como essa tem se tornado uma constante nos verões russos, levantando suspeitas de como medidas de segurança são ignoradas no país. No ano passado, a Rússia sofreu com os piores incêndios florestais de sua história, o que também deixou muitas vítimas.

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A cidade de Krimski foi a mais atingida pelas enchentesFoto: Reuters

"Se as normas fossem cumpridas, uma tragédia como essa não deveria acontecer", declarou Vladimir Putin para a televisão. O líder do Kremlin chegou rapidamente ao local dos desastres e ordenou uma ampla investigação dos acontecimentos.

Segundo o jornal Vedomosti, a tragédia não era novidade para as autoridades que estavam cientes dos riscos na região, principalmente depois das vítimas causadas pelas enchentes em 2002. "Essa catástrofe mostra a incapacidade das autoridades em proteger a população de desastres naturais. A população não foi evacuada e nem ao menos informada", escreveu o jornal.

Além de morte e destruição, as enchentes podem trazer sérios problemas para uma das mais férteis regiões da Rússia. Segundo a emissora de rádio Eco Moskwy, não só a colheita será prejudicada, mas também o prestígio da região turística.

Até o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, país vizinho e com regiões afetadas pelas cheias, anunciou que está disposto a enviar ajuda humanitária para a região, caso Moscou autorize a entrada em seu território. A Geórgia não mantém relações diplomáticas com a Rússia.

MAS/afp/dpa/lusa
Revisão: Roselaine Wandscheer