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Enchentes dos rios são culpa dos políticos

av21 de agosto de 2002

A onda de inundações na Alemanha continua, expandindo-se para o norte. A Liga do Meio Ambiente e Proteção à Natureza (BUND) atribui a culpa à má política de recursos fluviais.

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Em Hitzacker, a água chegou a 1,50 metroFoto: AP

Mais rápido do que se esperava, a enchente do século do rio Elba atingiu o norte da Alemanha e agora pressiona os diques da região. A previsão é de que a massa d'água pesará contra suas paredes durante os próximos dias, tornando-as friáveis. As construções continuam a ser reforçadas, porém milhares de moradores foram convocados a evacuar tanto a localidade de Neuhaus, na Baixa Saxônia, como aldeias e cidades próximas, em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. Muitos recusam-se a abandonar suas propriedades.

O nível de 7,51 metros, medido na manhã desta quarta-feira (21) em Schnackenburg, próximo à antiga fronteira entre as duas Alemanhas, foi o mais alto medido até agora no norte, menos do que o da avassaladora inundação no leste do país . Normalmente, as águas permanecem em 2,80 metros. Os peritos discordam quanto à duração da calamidade: segundo cálculos da repartição responsável na Baixa Saxônia, em três a quatro dias o ponto máximo deverá ter ultrapassado a região. Já o Ministério do Meio Ambiente considera o prognóstico otimista demais, aconselhando a manter o estado de alerta.

O nível das águas continua subindo Elba abaixo, em direção a Hamburgo. A parte antiga da cidade histórica de Hitzacker, não circundada por diques, ficou coberta por até 1,50 metro de água. Os diques do Jeetzel, afluente do Elba, estão enfraquecidos, tornando crítica a situação na região.

Catástrofe de origem humana

A Liga do Meio Ambiente e Proteção à Natureza na Alemanha (BUND) exige uma nova política em relação aos rios. A associação apresentou uma lista de erros na forma de lidar com os recursos fluviais, que haveriam levado à atual situação. Entre estas, estão os procedimentos de retificar, aprofundar, estreitar, ou mesmo povoar as margens, como vem acontecendo nas últimas décadas. As pessoas transformam os rios em vias de transportes de alta velocidade e depois se espantam com as conseqüências, declarou o diretor-geral do BUND, Gerhard Timm.

Segundo ele, o Elba é atualmente 100 quilômetros mais curto do que há 150 anos e perdeu 85% de sua vegetação natural. Em conseqüência, a velocidade das correntes quadruplicou. Este processo já começa logo após as nascentes, nas montanhas, onde as florestas foram desbastadas: em vez de ser assimilada por estas, como numa esponja, e liberada gradualmente, a água precipita-se morro abaixo em verdadeiras cachoeiras, num processo que se multiplica ao longo de seu curso, afirma Sebastian Schönauer, perito em inundações do BUND.

Outra decisão funesta é transformar as várzeas em plantações. Neste ponto, Schönauer critica duramente a União Européia, que subvenciona, com quase 500 euros por hectare, as plantações de milho nas margens dos rios. A substituição das várzeas por margens artificiais de pedra aumenta seriamente o perigo de enchentes, pois a água não pode mais penetrar lentamente no solo macio. Cético quanto ao futuro das correntes fluviais alemãs, o perito do BUND lembra: até agora, as promessas dos políticos de tratar os rios com mais carinho foram em vão.