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Encontro em Moscou pode ser última chance de acordo com Irã

18 de junho de 2012

Irã e Grupo dos 5+1 reúnem-se para negociar sobre o programa nuclear iraniano. Ahmadinejad submete mudança de curso a determinadas condições. Esta pode ser a última chance de solução diplomática para a questão.

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Foto: picture-alliance/dpa

Nesta segunda-feira (18/06), o Grupo dos 5+1 – formado pelas cinco potências com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU (China, França, Reino Unido, Rússia e EUA) e a Alemanha – negocia com o governo iraniano a respeito do polêmico programa nuclear do país. O encontro em Moscou deverá durar dois dias.

Pouco antes do início das reuniões, o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, deu sinais de estar disposto a negociar sobre o controverso enriquecimento de urânio no país. Apesar disso, não indicou que vá aceitar o envio de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) à usina militar de Parchin.

Em entrevista ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung, Ahmadinejad afirmou que "Parchin não entrará em nossos acordos com a AIEA". Segundo ele, aqueles que exigem inspeções contribuem diretamente para o armamento de Israel, um país "que ameaça diariamente nos atacar", completou Ahmadinejad, dizendo ainda estar certo de que "a Alemanha também não permitiria uma vistoria da AIEA em qualquer lugar do país". "Agora estamos voluntariamente dispostos a dar um passo positivo, caso o outro lado também dê", disse o presidente.

Briga de gato e rato

A AIEA reivindica há tempos o acesso ao complexo militar iraniano, supondo que ali sejam realizados testes para o desenvolvimento de armas atômicas. Além disso, os países ocidentais supõem que o Irã esconde material radioativo suspeito e que o país desenvolve armas atômicas sob o pretexto de um programa nuclear para fins civis. Teerã revida as acusações.

Além do acesso a Parchin, outro assunto predominante no encontro em Moscou é o enriquecimento do urânio. Para o funcionamento de usinas atômicas, necessita-se de apenas 3,5% de enriquecimento do urânio. O Irã, no entanto, enriqueceu o material em até 20%, levantando as suspeitas de que poderá rapidamente aumentar o grau de enriquecimento, chegando ao patamar necessário para a construção de armas atômicas. Ahmadinejad afirma que o enriquecimento de até 20% serve a fins médicos.

Ahmadinejad impõe condições ao Ocidente
Ahmadinejad impõe condições ao OcidenteFoto: picture-alliance/dpa

Antes do início das negociações, a agência iraniana de notícias Irna citou um membro da delegação do país afirmando que o enriquecimento do urânio para fins médicos seria uma condição para qualquer acordo. Caso contrário, as negociações estariam "fadadas ao fracasso". O Irã pleiteia sobretudo um afrouxamento das sanções ocidentais, que se voltam contra o setor petroleiro do país, entre outros.

Para os países ocidentais, o mero enriquecimento do urânio já é, a priori, suspeito: "Para o Irã não faz sentido enriquecer urânio para um programa nuclear civil. Isso é exagerado e caro demais", analisa Michael Brzoska, diretor do Instituto de Pesquisa sobre Paz e Política de Segurança, sediado em Hamburgo.

"Uma das razões para a execução do programa é o medo que o Irã tem dos EUA", diz Brzoska. "No Iraque, viu-se que os EUA estão dispostos a intervir quando um governo não lhes agrada", observa o pesquisador. Além disso, o Irã está rodeado de potências nucleares: Rússia, Israel, Paquistão, Índia e a quinta frota das Forças Armadas norte-americanas no Golfo Pérsico.

Usina nuclear no Irã
Usina nuclear no IrãFoto: picture-alliance/dpa

Nova tentativa

O encontro em Moscou é o terceiro do gênero desde abril último. Anteriormente, todas as negociações em torno do assunto haviam permanecido suspensas durante 15 meses. A retomada do diálogo em abril, em Istambul, foi avaliada como positiva, mas o encontro seguinte em Bagdá, realizado em maio, não levou à aproximação esperada entre os dois lados. Espera-se agora ansiosamente pelos resultados das negociações em Moscou. Os países ocidentais já anunciaram que pretendem forçar resultados concretos. Diplomatas ocidentais afirmam que, caso as atuais rodadas não levem a nenhum progresso, não serão mais realizados encontros para este fim.

O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, declarou antes do início das negociações que "agora chegou a hora de dar passos certos para estabelecer a confiança" entre os dois lados. Segundo ele, o Irã precisa responder "a todas as questões a respeito de seu programa nuclear de maneira completa e transparente".

Enquanto isso, Moscou alertou a respeito de sanções unilaterais por parte dos EUA contra o Irã, afirmando que estas poderão prejudicar empresas russas atuantes no país. "Isso destrói com uma tacada as relações bilaterais e por fim também as perspectivas de cooperação em questões internacionais", disse Iuri Ushakow, assessor do presidente russo, à agência Interfax. A Rússia quer convencer o Irã a deslocar seu enriquecimento de urânio para o exterior.

SV/dw,dpa,afp,rtr,dpad
Revisão: Augusto Valente