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Entidades do agronegócio divulgam manifesto pró-democracia

31 de agosto de 2021

Texto afirma que Brasil precisa de "paz e tranquilidade" e valoriza "alternância de poder em eleições legítimas e frequentes". Meio empresarial articula outro manifesto para ser divulgado após feriado de 7 de setembro.

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Pessoa vota em urna eletrônica
Iniciativa tomou corpo após investidas crescentes de Bolsonaro contra urnas eletrônicas e instituições como o STFFoto: Bruna Prado/Getty Images

Sete entidades que representam o agronegócio no Brasil divulgaram nesta segunda-feira (30/08) um manifesto no qual expressam preocupação com os "atuais desafios à harmonia político-institucional" no país e possíveis reflexos na estabilidade econômica e social, e reforçam a importância do Estado democrático de direito.

"Somos responsáveis pela geração de milhões de empregos, por forte participação na balança comercial e como base arrecadatória expressiva de tributos públicos. Assim, em nome de nossos setores, cumprimos o dever de nos juntar a muitas outras vozes responsáveis, em chamamento a que nossas lideranças se mostrem à altura do Brasil e de sua história agora prestes a celebrar o bicentenário da independência", afirma o texto.

"A Constituição de 1988 definiu o Estado democrático de direito no âmbito do qual escolhemos viver e construir o Brasil com que sonhamos. Mais de três décadas de trajetória democrática, não sem percalços ou frustrações, porém também repleta de conquistas e avanços dos quais podemos nos orgulhar. Mais de três décadas de liberdade e pluralismo, com alternância de poder em eleições legítimas e frequentes", escrevem as entidades.

O manifesto é assinado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma), Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) e Croplife Brasil.

Outros setores elaboram segundo manifesto

A iniciativa ocorre em meio a articulações no meio empresarial para tornar públicos posicionamentos críticos sobre o governo Jair Bolsonaro, após investidas crescentes do presidente e de seu entorno contra a legitimidade das urnas eletrônicas e contra instituições como o Supremo Tribunal Federal, além de ameaças às eleições de 2022.

A Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) também preparam um manifesto em favor da democracia, mas adiaram a divulgação após o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, vinculados ao governo federal, afirmarem que deixariam a Febraban se ela apoiasse o documento.

Esse segundo manifesto deve ser divulgado após o feriado de 7 de setembro, Dia da Independência, quando são esperados atos a favor e contra o governo em diversas capitais do país.

Em 20 de agosto, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços do cantor Sérgio Reis, do deputado federal bolsonarista Otoni de Paula (PSC-RJ) e de outras oito pessoas investigadas por incitar atos contra a democracia e o Estado de direito, supostamente vinculados aos atos em 7 de setembro.

"Paz e tranquilidade"

O texto divulgado pelas entidades do agronegócio nesta segunda-feira afirma que o desenvolvimento econômico e social do Brasil depende de "paz e tranquilidade" para seguir avançando na construção de uma nação "que reconhece a maioria sem ignorar as minorias, que acolhe e fomenta a diversidade, que viceja no confronto respeitoso entre ideias que se antepõem, sem qualquer tipo de violência entre pessoas ou grupos".

"Somos uma das maiores economias do planeta, um dos países mais importantes do mundo, sob qualquer aspecto, e não nos podemos apresentar à comunidade das nações como uma sociedade permanentemente tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocessos e rupturas institucionais. O Brasil é muito maior e melhor do que a imagem que temos projetado ao mundo. Isto está nos custando caro e levará tempo para reverter", escrevem os signatários.

"As amplas cadeias produtivas e setores econômicos que representamos precisam de estabilidade, de segurança jurídica, de harmonia, enfim, para poder trabalhar. Em uma palavra, é de liberdade que precisamos — para empreender, gerar e compartilhar riqueza, para contratar e comercializar, no Brasil e no exterior. É o Estado democrático de direito que nos assegura essa liberdade empreendedora essencial numa economia capitalista, o que é o inverso de aventuras radicais, greves e paralisações ilegais, de qualquer politização ou partidarização nociva que, longe de resolver nossos problemas, certamente os agravará", afirma o texto.

bl (ots)