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Erdogan afirma que Alemanha é "refúgio de terroristas"

3 de novembro de 2016

Presidente da Turquia diz que Berlim será lembrada por ter apoiado terrorismo, o qual voltará ao país como um "bumerangue". Ancara pediu ao governo alemão extradição de supostos envolvidos em golpe.

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Erdogan
Foto: picture alliance /dpa/S. Suna

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, acusou nesta quinta-feira (03/11) a Alemanha de apoiar o terrorismo, afirmando que o país se tornou um "importante refúgio para terroristas".

"Alemanha, saiba que essa praga do terrorismo vai voltar para você como um bumerangue. Você será lembrada por ter apoiado o terrorismo", disse Erdogan em discurso no palácio presidencial em Ancara.

Berlim não respondeu a pedidos da Turquia para a extradição de suspeitos de participação na tentativa de golpe de Estado no país, disse Erdogan. Ele afirma ter entregado à chanceler federal alemã, Angela Merkel, cerca de 4 mil dossiês sobre suspeitos na Alemanha, sem receber resposta.

Erdogan não mencionou quem seriam os suspeitos cuja extradição é aguardada por Ancara em conexão com a tentativa de golpe. Acredita-se que muitos turcos, principalmente do setor jurídico, tenham fugido para a Alemanha.

O governo turco acusa o clérigo muçulmano Fethullah Güllen de estar por trás da tentativa de golpe no país, afirmando que ele encabeça um grupo chamado Organização de Terror Fethullah (Feto). O clérigo nega as acusações.

"Nos preocupa o fato de a Alemanha estar se tornando o quintal do Feto", disse o presidente turco, acusando o país de também abrigar membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) – considerado um grupo terrorista pela Turquia – e do ultraesquerdista Partido/Frente Revolucionária de Libertação do Povo (DHKP-C).

Piora nas relações Alemanha-Turquia

Após Merkel criticar nesta quarta-feira a repressão do governo turco à imprensa, Erdogan disse que a Alemanha está demasiadamente interessada em expressar sua preocupação com  jornais que "apoiam grupos terroristas". "Nossos assuntos internos não dizem respeito a ninguém", afirmou.

Desde a tentativa de golpe, em 15 de julho, as relações entre Alemanha e Turquia vêm se deteriorando. Em diversas ocasiões, Berlim manifestou preocupação com a repressão pós-golpe, que resultou na prisão de cerca de 37 mil pessoas e na demissão ou suspensão de mais de 100 mil funcionários do governo.

Merkel afirmou ser "extremamente alarmante que as liberdades de imprensa e de expressão sejam reprimidas repetidamente", após as autoridades turcas prenderem 13 funcionários do jornal de oposição Cumhuriyet, incluindo o editor-chefe, Murat Sabuncu.

O ex-editor chefe do Cumhuriyet, Can Dundar, que também foi condenado à prisão, vive atualmente na Alemanha. A agência estatal de noticias da Turquia Analodu afirmou nesta quarta-feira que Berlim concedeu um documento de viagem a Dundar, após seu passaporte turco ser cancelado.

RC/ap/afp/dpa