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Separação à vista?

Agências (as)18 de novembro de 2008

Separação das empresas evitaria que a Opel fosse afetada em caso de quebra da GM e afastaria o risco de que dinheiro do contribuinte alemão fosse parar nos cofres da matriz americana. Direção da montadora alemã é contra.

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Para especialistas, separação é o caminho certo para a Opel sair da criseFoto: AP

Especialistas no setor automotivo vêem uma separação da Opel da General Motors (GM) como a melhor solução para as dificuldades enfrentadas pela subsidiária alemã da construtora de automóveis norte-americana. A separação evitaria que a possível quebra da GM atingisse também a Opel.

"Eu defendo isso há anos", disse o professor Wolfgang Meinig, da Universidade de Bamberg. Ele disse que, já em 2001, sugeriu que a Daimler vendesse a Chrysler para a GM e em troca incorporasse a Opel. Para ele, Opel e GM estão fortemente ligadas, mas uma separação não é impossível.

É a mesma opinião de Armin Schild, sindicalista membro do conselho de administração da Opel. Para ele, a ligação entre as duas empresas apenas prejudica a Opel, que estaria em condições de se manter no mercado com uma gestão própria.

Também o especialista Ferdinand Dudenhöffer, da Universidade de Gelsenkirchen, vê com bons olhos a separação, ainda que a considere irrealista devido à complexidade da relação entre as duas empresas. O ex-diretor da BMW Helmut Becker disse que o Estado alemão deveria investir recursos para separar a Opel da GM. "Seria um dinheiro bem aplicado."

Sem comprador para a Opel

Por trás dessas sugestões está o temor de que dinheiro do contribuinte alemão vá parar nas contas da GM americana. Nesta segunda-feira, a chanceler federal Angela Merkel reiterou que a condição central para a concessão de garantias estatais à Opel é a manutenção dos recursos na Alemanha.

Como a Opel pertence integralmente à GM, especialistas vêem com ceticismo que essa exigência possa ser cumprida. Daí as crescentes vozes a favor da separação das duas empresas, unidas há 80 anos.

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Estátua do fundador Adam Opel diante da sede da empresa, em RüsselsheimFoto: AP

Mas essa alternativa não seria assim tão simples de ser posta em prática. Com a indústria automotiva mundial em crise por causa da queda na venda de automóveis, não há nenhum possível comprador em vista para a Opel. A empresa alemã perde espaço há anos – entre 1990 e outubro deste ano, viu sua participação no mercado alemão cair de 17% para 7,2%, o que não a torna atrativa.

Também não há notícia de que a GM esteja disposta a se desfazer da Opel. A marca é a base para o importante mercado alemão. Além disso, a Opel é responsável por 80% do faturamento da GM em toda a Europa e é o carro-chefe da expansão do grupo para os novos mercados do Leste Europeu.

Direção da Opel é contra

A Opel também desenvolve modelos para a GM mundial, sendo responsável pelo projeto do novo modelo Insignia e do novo Astra. Outro projeto importante é o carro elétrico Volt, concebido com o auxílio de engenheiros alemães. O desenvolvimento de novos modelos e tecnologias poderia levar a Opel a exigir em torno de 1 bilhão de euros da GM, segundo cálculos de fontes internas.

Mas também a GM poderia fazer exigências em caso de uma separação. Durante décadas, a Opel montou e vendeu carros com tecnologia desenvolvida em Detroit. Além disso, a subsidiária alemã já dependeu várias vezes de recursos da matriz.

Por tudo isso, a direção da Opel descarta a alternativa. "Integrar uma grande corporação tem uma série de vantagem tanto para a Opel como para nossos funcionários", disse o presidente da empresa, Hans Demant, à emissora Bayerische Rundfunk. Segundo ele, a venda anual de 1,6 milhão de veículos em toda a Europa não seria suficiente para garantir a existência da empresa.

Ele lembrou que ainda não é certo que a Opel vá precisar da garantia solicitada, e que o prazo dado pelo governo alemão para avaliar o pedido – até o Natal – é suficiente.