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Autoridades: espionagem da Rússia na Alemanha "mais brutal"

6 de junho de 2021

Chefes de serviços de inteligência interna e externa comparam grau de atividade de agentes da Rússia aos tempos da Guerra Fria. Ainda assim, extremismo de direita permanece sendo maior ameaça à segurança da Alemanha.

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Presidente russo, Vladimir Putin, fala ao microfone com edifícios históricos de Moscou ao fundo
Interesse russo é muito complexo, estendendo-se a todos os campos da políticaFoto: Mikhail Metzel/Sputnik/AP/picture alliance

O serviço secreto russo está tão ativo na Alemanha quanto "na era da Guerra Fria", declarou Thomas Haldenwang, presidente do Departamento Federal de Proteção da Constituição (BfV), em entrevista ao semanário Welt am Sonntag, publicada neste domingo (06/06).

Segundo o chefe da segurança interna alemã, o Kremlin "tem um interesse de informação muito complexo na Alemanha, em quase todos os campos da política – externa, armamentista, de defesa, mas naturalmente também na política da União Europeia, e dentro desta, sobretudo nas sanções contra a Rússia".

Para poder realizar essas investigações, "empregam-se todos os meios pensáveis", inclusive usando agentes para "estabelecer contatos no meio dos tomadores de decisões políticas". Os métodos de Moscou "estão se tornando mais grosseiros e os meios, mais brutais": como exemplo, citou o assassinato de um cidadão da Geórgia em Berlim, em 2019, que o BfV atribuiu ao governo russo.

Extremismo de direita permanece maior ameaça

Por sua vez, o presidente do Serviço Federal de Informações (BND) da Alemanha, Bruno Kahl, acentuou a necessidade de o país "pensar sobre a dominância de outras potências que querem nos impor sua vontade".

"Há uma mudança da moral, a abordagem é mais inescrupulosa, os interesses estão sendo impostos mais abertamente do que no passado", comentou, também ao Welt am Sonntag. Em relação à China e à Rússia, "estão sendo feitas tentativas para, por todos os meios, garantir suas vantagens" e para "provocar dissonância entre os Estados do Ocidente", acrescentou Kahl.

No entanto, o extremismo de direita segue sendo "a maior ameaça à segurança e à democracia da Alemanha", ressalvou Haldenwang, mencionando tanto redes terroristas quanto grupos e partidos políticos de uma crescente onda ultradireitista no país.

Os serviços secretos estão, ainda, seriamente preocupados com a propaganda de extrema direita online, inundada de "mensagens de ódio que são anti-islâmicas e antissemitas, xenófobas e antidemocráticas". A ultradireita está ganhando proeminência no país, e alguns adeptos agem "como incendiários intelectuais e fortalecem o movimento com ideologia, alertou o chefe do BfV.

A Alemanha possui três grandes serviços de inteligência: enquanto o BfV atua no âmbito interno, o BND se encarrega da segurança externa. O terceiro principal órgão é o Serviço de Contrainteligência Militar (MAD), especializado no combate à espionagem, sabotagem e subversão.

av (AFP,DPA)