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Estados querem que clubes paguem por segurança em jogos da Bundesliga

Olivia Gerstenberger (rm)5 de agosto de 2014

Governos de Bremen e da Renânia do Norte-Vestfália reclamam de altos custos com policiamento durante partidas de futebol, anunciam redução no aparato de segurança e entram em atrito com equipes e federação.

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Foto: picture-alliance/dpa

O debate em torno da segurança em jogos de futebol na Alemanha está esquentando na medida em que se aproxima o início da temporada 2014/2015 da Bundesliga.

Em Bremen, no norte do país, as autoridades anunciaram que a associação responsável pela organização dos campeonatos de primeira e segunda divisão do país, a DFL, terá de começar a pagar por parte do policiamento durante os jogos considerados de risco.

Em resposta, a Federação Alemã de Futebol (DFB) mudou de Bremen para Nurembergue o local da partida contra Gibraltar, em 14 de novembro, pelas eliminatórias para a Eurocopa. O sindicato de policiais se envolveu na discussão e exigiu um pagamento de 50 milhões de euros dos times da Bundesliga.

E o estado da Renânia do Norte-Vestfália (NRW) anunciou que, durante a próxima temporada, a polícia local reduzirá sua presença em partidas da liga na região. Em alguns casos, segundo autoridades, a polícia nem aparecerá para fazer a segurança dos eventos esportivos.

O estado é um dos mais presentes na Bundesliga: seis times têm suas sedes ali – Borussia Dortmund, Schalke 04, Colônia, Bayer Leverkusen, Borussia Mönchengladbach e Paderborn.

Segundo o secretário do Interior do estado, Ralf Jäger, de agora em diante, policiais serão posicionados em “pontos escondidos” e em raras ocasiões acompanharão torcedores. A tropa de choque também não ficará em um lugar visível do estádio.

Apelo aos torcedores

O anúncio feito por Jäger é uma resposta aos enormes gastos com policiamento durante jogos dos principais times da Alemanha.

Mais de 300 mil horas de trabalho foram registradas no ano passado por policiais que trabalharam em partidas da Bundesliga. Um terço dessas horas foi gasto em áreas nos arredores de estádios.

Agora, torcedores e clubes estão sendo convidados a assumir a responsabilidade por eles mesmos durante os eventos esportivos.

Em um documento oficial obtido pelo jornal Bild, autoridades do estado pedem que os times cuidem da segurança – seja com voluntários ou funcionários acompanhando torcedores no caminho para o estádio.

"Conversas com os torcedores mostraram que eles estão dispostos a assumir mais responsabilidade. Agora eles podem provar", disse Jäger. "Nosso objetivo é criar uma experiência pacífica ao ver os jogos de futebol. Depois que tivermos terminado o projeto-piloto, vamos ver se isso funcionou."

O estado da Renânia do Norte-Vestfália está planejando uma fase inicial de policiamento reduzido para as quatro primeiras rodadas da temporada.

Jäger insiste que a presença de policiais não será reduzida nos jogos mais turbulentos. Segundo ele, qualquer indivíduo que se envolva em atividade criminal pode esperar a mesma atenção policial.

"Nós estamos apenas nos referindo aos jogos que foram pacíficos nos últimos três anos", disse. "Nesses casos, queremos reduzir o número de tropas de choque de acordo com a situação."

Polizeiaufgebot beim Derby Köln gegen Gladbach
No futuro, torcedores não serão escoltados pela políciaFoto: picture alliance/Ralph Goldmann

Risco de violência?

O presidente do sindicato de policiais do estado, Arnold Plickert, vê com ceticismo a possibilidade de as mudanças funcionarem.

"Em vez de isolar e processar os torcedores violentos, estamos ficando em número insuficiente e deixando eles tomarem as ruas", disse Plickert ao Bild.

Harald Lange, professor do Instituto de Cultura de Fãs, acredita que o debate é uma troca de farpas desnecessária entre ambos os lados. Segundo ele, a questão de reduzir custos é importante, mas na Alemanha o Estado é responsável pela paz pública – o que significa que a polícia tem de fazer o trabalho que lhe diz respeito.

Para Lange, o apoio financeiro de um possível sócio privado não é interessante para a Alemanha, já que tal auxílio também poderia ser aplicado em outras instâncias.

"Quando o presidente americano, Barack Obama, vem para uma visita de Estado, a CIA ou o contribuinte americano tem de pagar por sua segurança?", questionou Lange. "E o que dizer sobre eventos organizados por partidos políticos ou feiras? Ou quando lixo nuclear está sendo transportado? Os manifestantes ou os donos da usina de energia deveriam pagar por isso?"

Lange fez um apelo para ambos os lados serem sensíveis às necessidades dos outros e se expressarem abertamente no atual debate.

Outras ligas europeias

A redução no policiamento de jogos da Bundesliga, porém, não está acontecendo em todas as cidades alemãs. Berlim, por exemplo, confirmou que não se envolverá em projetos-piloto por enquanto.

Em outras ligas da Europa, clubes vêm sendo convidados a pagar a conta pela segurança em jogos há anos. Times franceses, por exemplo, pagam uma parte dos custos da polícia no dia do jogo.

Nas partidas de times da primeira divisão na Espanha e na Inglaterra, o estado paga apenas pelos custos da polícia fora dos estádios.

Na Espanha, os clubes contratam serviços de empresas de segurança privada dentro dos estádios para controlar os torcedores. Na Inglaterra, os times são inteiramente responsáveis pela segurança dentro de suas instalações.