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Estados Unidos suspendem voos para a Venezuela

16 de maio de 2019

Alegando preocupações com segurança, Washington ordena a suspensão imediata das operações aéreas comerciais e de carga que tenham o país sul-americano como origem ou destino, em mais um sinal de pressão contra Maduro.

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Aviões no aeroporto de Caracas
Medida terá menor impacto no transporte de passageiros, já que restavam poucos voos comerciais entre os dois paísesFoto: picture-alliance/AP Photo/N. Pisarenko

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (15/05) a suspensão imediata de todos os voos comerciais e de carga que tenham a Venezuela como origem ou destino, mencionando como justificativa preocupações com segurança nos aeroportos venezuelanos.

O Departamento de Transportes americano informou em comunicado que a ordem foi emitida em acordo com os departamentos de Estado e de Segurança Interna.

"As condições na Venezuela ameaçam a segurança dos passageiros, das aeronaves e da tripulação que viajam para ou a partir desse país", diz uma carta enviada pela pasta de Segurança Interna à de Transportes solicitando a suspensão dos voos.

A secretária de Transportes, Elaine L. Chao, justificou a medida com base em uma lei federal que autoriza a suspensão dos serviços de companhias aéreas estrangeiras e americanas entre os Estados Unidos e outro país quando houver condições nos aeroportos que ameacem "a segurança de passageiros, aeronaves ou tripulação".

A medida é adicional à notificação feita no último dia 1º de maio pela Administração Federal de Aviação, que proibia os operadores de aeronaves e pilotos certificados pelos Estados Unidos de voarem abaixo de 26 mil pés sobre território venezuelano, também por razões de segurança.

Estima-se que a medida tenha mais impacto nos voos de carga e menos no transporte de passageiros, já que, em meio à crise no país de Nicolás Maduro, muitas companhias aéreas internacionais já haviam parado de voar para a Venezuela mencionando preocupações com segurança, bem como disputas financeiras com o país, que estaria devendo dinheiro a elas.

Algumas empresas domésticas, contudo, incluindo a Laser Airlines e a Avior Airlines, ainda ofereciam serviços aéreos entre Venezuela e Miami.

Em 28 março, a companhia American Airlines anunciou a suspensão por tempo indeterminado de seus voos entre Estados Unidos e Venezuela – que já tinham sido interrompidos de forma temporária no dia 15 do mesmo mês – alegando igualmente motivos de segurança.

A companhia era a única entre as grandes empresas aéreas americanas a manter voos à Venezuela a partir de Miami – em 2017, United e Delta suspenderam seus voos nessa mesma rota.

Nesta quarta-feira, a venezuelana Laser informou que manterá seus voos aos Estados Unidos, mas com uma escala na República Dominicana. Serão dois voos por dia entre Miami e Caracas, com escala em Santo Domingo, informou a empresa no Twitter.

A Copa Airlines, que opera voos entre Caracas e a Cidade do Panamá, de onde os passageiros podem seguir para os Estados Unidos, disse que suas operações não serão afetadas pela nova medida.

A suspensão dos voos entre Venezuela e Estados Unidos foi criticada nesta quarta-feira pelo embaixador venezuelano na ONU, Samuel Moncada, que descreveu a medida como "muito perigosa" e acusou o governo do presidente Donald Trump de querer "fabricar uma guerra" contra a Venezuela.

"Não há na história da Venezuela memória de algo tão sério como isso", disse Moncada em coletiva de imprensa na sede da ONU. "Eles estão tentando matar o povo da Venezuela pela privação econômica do comércio internacional, alimentos, remédios, incluindo viagens, famílias."

O embaixador ressaltou que o governo de Nicolás Maduro não quer nenhum conflito com os Estados Unidos e insistiu que a única maneira de sair da crise na Venezuela é por meio de um diálogo entre os venezuelanos.

Ele estima que os venezuelanos que vivem no sul da Flórida serão os mais afetados pela nova medida. Alguns cidadãos da Venezuela ainda expressaram preocupação com o impacto para aqueles que recebem comida e outros mantimentos na Venezuela enviados por parentes que vivem no exterior por meio de aviões de carga.

Além disso, segundo Humberto Figuera, presidente da Associação de Linhas Aéreas da Venezuela (Alav), as consequências também "serão importantes no transporte de carga porque por essa via ingressava toda a mercadoria delicada e partes e peças para a indústria". "Agora elas ingressarão, mas terão que triangular por uma ilha do Caribe, América Central ou América do Sul", afirmou ele, o que aumentará os custos.

Washington e Caracas suspenderam as relações diplomáticas depois de Trump ter reconhecido o líder oposicionista Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.

A mais recente decisão se une a uma série de sanções impostas pelo governo americano contra funcionários e familiares de pessoas ligadas ao regime de Maduro, que, por sua vez, acusa os Estados Unidos de intervirem nos assuntos internos do país.

EK/afp/efe/lusa/rtr

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