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Gasoduto no Báltico

9 de abril de 2010

Com o gasoduto Nord Stream, a estatal russa Gazprom garante seu lugar como principal fornecedora de gás à Europa Central. Projeto análogo europeu, Nabucco, ainda é incipiente e dificilmente romperá hegemonia russa.

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Primeiros tubos começam a ser submersosFoto: Nord Stream AG

A construção do gasoduto Nord Stream, projeto milionário que atravessará o Mar Báltico, foi iniciada oficialmente nesta sexta-feira (9/4). A cerimônia de inauguração das obras, realizada na baía russa de Portovaya, próxima à fronteira finlandesa, contou com a presença do presidente russo, Dimitri Medvedev, e do ex-premiê alemão Gerhard Schröder.

A partir de 2011, o duto deverá transportar anualmente até 55 bilhões de metros cúbicos de gás à Europa Ocidental, o que corresponderia a cerca de 11% da demanda esperada para a região no ano de 2030.

O projeto, orçado em 7,4 bilhões de euros, foi concebido como complemento estratégico aos velhos dutos, que atravessam Ucrânia e Polônia. Os conflitos entre a gigante russa Gazprom e a Ucrânia, que provocaram interrupções no abastecimento europeu nos últimos anos, parecem ter tornado a iniciativa ainda mais urgente.

Russos deixaram concorrência para trás

Nord Stream, South Stream, Nabucco. Todos eles devem levar gás natural do Oriente para a Europa Central. Quanto ao Nabucco, há apenas uma declaração política de intenções; já no caso de South Stream, o processo está um pouco mais adiantado. O gasoduto Nord Stream, por sua vez, começa a ser construído agora sob o Báltico. E com ele a estatal russa Gazprom deixou a concorrência bem para trás.

Festakts zum offiziellen Baubeginn der Nord Stream Pipeline
Medvedev e Schröder inauguraram as obrasFoto: AP

Nas próximas décadas, a Rússia vai fornecer à Alemanha e à Europa Central ainda mais gás. "O consumo crescerá. Por isso, é sensato ter acesso aos principais fornecedores. E a Rússia é uma", afirmou Schröder.

Quando no poder, o político social-democrata se empenhou pessoalmente no projeto. Hoje Schröder é o presidente do conselho de administração e o principal lobista da Nord Stream, grupo proprietário do gasoduto do Mar Báltico. "A Rússia também era uma importante fornecedora de energia nos tempos da Guerra Fria, e nunca tivemos problemas com a segurança do abastecimento. Tenho certeza de que isso não vai mudar no futuro."

Gazprom se adiantou aos fatos

Por trás da Nord Stream, entretanto, está a Gazprom, empresa estatal russa e maior produtora de gás natural no mundo. O consórcio liderado pela Gazprom criou fatos, antes mesmo de se decidir se o gasoduto poderia ser mesmo construído.

Já desde 2007, a empresa vem encomendando tubos de aço reforçados com concreto, apropriados para uso subaquático. A aprovação final e o dinheiro chegaram, no entanto, apenas há algumas semanas.

A Nord Stream bate, assim, um concorrente que ainda nem chegou a implementar seu projeto: o gasoduto Nabucco, iniciativa do grupo austríaco de energia OMV. E por trás do Nabucco também está um veterano da política alemã: o verde Joschka Fischer, ex-ministro do Exterior.

"O que não queremos é um monopólio. Acho sensato que nós, europeus, garantamos a segurança energética através de um vasto leque de ofertas", argumenta Fischer.

Nabucco quer romper monopólio russo

E isso significa, em linguagem simples, que Fischer e seu consórcio pretendem quebrar o domínio dos russos. O gasoduto Nabucco, que tem participação da gigante alemã de energia RWE, deve transportar gás da região do Mar Cáspio (e, portanto, não da Rússia) para a Europa Ocidental por uma rota ao sul do Mar Negro. O Nabucco é tido como o projeto predileto da Comissão Europeia.

Karte Infografik Nabucco Gas-Pipeline brasilianisch
Favorizado pela UE, o Nabucco deve levar gás da região do Mar Cáspio até a Europa

As palavras do comissário de Energia da UE, o alemão Günther Oettinger, não deixam margem de dúvida. "O Nabucco não é apenas um potencial duto novo, é um projeto europeu. E passa por uma outra região rica em gás, o Mar Cáspio, reduzindo pela metade a dependência da Europa. Por um lado, a dependência tecnológica diminui em decorrência da criação de uma rota adicional; por outro, o gás viria de uma região diferente, por meio de outras parcerias, o que também reduz significativamente a dependência."

Alternativas podem tornar supérfluos novos gasodutos

No entanto, há um inconveniente. O gasoduto Nabucco é politicamente desejado, mas até hoje nenhum dos investidores sabe de onde deverá vir o gás. Eles viajam regularmente ao Azerbaijão, ao Turcomenistão e ao Iraque – até agora sem contrato nenhum.

Além disso, o Nabucco pode se ameaçado pelo plano da Gazprom de construir o South Stream, um novo duto que deverá atravessar o Mar Negro diretamente ao norte do projeto austríaco e europeu.

Se a Agência Internacional de Energia estiver certa em sua previsão de que, em 2030, a Europa Ocidental terá uma demanda adicional de 200 bilhões de metros cúbicos de gás, não haverá problema, pois o mercado será suficiente para todos.

No entanto, também há prognósticos de que o consumo de gás da Europa vai se manter estável em decorrência da diversificação das fontes de energia. Neste caso, a Gazprom e a Rússia certamente dominariam o mercado de gás europeu.

Autores: Jutta Wasserrab/Marcio Damasceno
Revisão: Simone Lopes