1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

EUA autorizam terceira dose de vacina para imunodeprimidos

13 de agosto de 2021

Agência americana destaca que reforço de imunizante contra covid-19 não é necessário para indivíduos saudáveis completamente vacinados. Israel libera terceira dose para todos os maiores de 50 anos.

https://p.dw.com/p/3yx8s
Agulha com vacina
Cerca de 3% dos americanos têm imunodepressão, e médicos decidirão caso a caso se dose extra é benéficaFoto: Maria Lysaker/ZUMA Wire/ZUMAPRESS.com/picture alliance

A Food and Drug Administration (FDA), agência do governo dos Estados Unidos que regulamenta o uso de medicamentos no país, autorizou nesta quinta-feira (12/08) a aplicação de uma terceira dose da vacina contra a covid-19 da Pfizer-BioNTech ou da Moderna em pessoas que têm o sistema imunológico debilitado.

É a primeira vez que os Estados Unidos aprovam a aplicação de dose do reforço do imunizante em parte da população, seguindo o caminho já adotado por outros países, como Israel, França e Alemanha.

Cerca de 3% da população americana têm o sistema imunológico debilitado, por motivos como histórico de câncer, transplante de órgãos ou uso de certos medicamentos. A autorização permite que os médicos dessas pessoas decidam se uma terceira dose da vacina seria útil em cada caso.

Um comitê independente que assessora o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos também deve se manifestar sobre o tema nesta sexta-feira, e tende a aprovar da mesma forma a aplicação de uma terceira dose de vacina contra a covid-19 nesses casos.

"O país entrou em uma nova onda da pandemia de covid-19, e a FDA está ciente de que pessoas com imunidade comprometida estão expostas a maior risco de uma doença severa", disse a diretora da FDA Janet Woodcock.

"A decisão de hoje [quinta-feira] permite que os médicos aumentem a imunidade de certos indivíduos com a imunidade comprometida que precisem de proteção extra contra a covid-19. Como já dissemos antes, outros indivíduos que estão completamente vacinados estão adequadamente protegidos e não precisam de uma dose adicional de vacina contra a covid-19 neste momento", afirmou Woodcock.

Variante delta e reforço na vacinação

A autorização da dose de reforço pela FDA ocorre após a divulgação de novas evidências de que a variante delta do coronavírus é capaz de infectar as pessoas que já foram completamente vacinadas, que por sua vez podem transmitir o vírus para outras pessoas.

Alguns especialistas argumentam que, por esse motivo, obter a imunidade coletiva contra a covid-19 seria impossível, e que a doença passará de uma "epidemia" a um mal "endêmico".

O sistema nacional de saúde britânico NHS publicou na semana passada um relatório em que alerta que há indícios de que "os níveis do vírus nas pessoas vacinadas que estão infectadas com a delta podem ser semelhantes aos detectados em pessoas não vacinadas", o que afeta a facilidade de transmissão do patógeno.

Ainda não há consenso entre os cientistas se todas as pessoas precisarão receber uma terceira dose da vacina, e estudos seguem sendo desenvolvidos para obter mais dados sobre o tema.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, fez no início de agosto um apelo para que países ricos suspendam ou adiem a aplicação de uma terceira dose de vacinas contra a covid-19 enquanto a maioria dos países pobres ainda enfrenta dificuldades para aplicar a primeira dose.

Israel amplia acesso à terceira dose

O primeiro país a iniciar a aplicação de uma terceira dose da vacina foi Israel. Em meados de julho, o governo autorizou a prática para pacientes com quadro de imunodepressão severa, e no final de julho para pessoas com mais de 60 anos.

Nesta sexta, o governo israelense reduziu para 50 anos a idade mínima exigida para ter acesso a uma dose de reforço da vacina contra a covid-19, e incluiu também na lista trabalhadores do setor médico, prisioneiros e trabalhadores de presídios. Até o momento, mais de 700 mil idosos em Israel já receberam a terceira dose da vacina.

Israel executou no primeiro semestre uma rápida campanha de vacinação, graças a um acordo com a Pfizer-Biontech, e suspendeu muitas restrições para conter a pandemia em junho, após os novos casos de covid-19 caírem de 10 mil em janeiro para menos de 100 por dia. Em julho, porém, o número de infecções voltou a subir com a chegada da variante delta, e o país voltou a impor medidas como o uso obrigatório de máscara em espaços públicos fechados.

Nesta quinta, Israel registrou 570 novos casos de covid-19 a cada milhão de habitantes, pela média móvel de sete dias. A taxa é superior à dos Estados Unidos, que teve 374 novos casos pelo mesmo critério. No Brasil, essa taxa está em 147 e, na Alemanha, em 42, segundo dados do site Our World in Data, da Universidade de Oxford. Os números podem ser maiores devido à falta de testagem e à subnotificação.

Mercado bilionário

Analistas e investidores do setor de saúde esperam que as farmacêuticas que produzem vacinas contra a covid-19 se beneficiem de um mercado de doses de reforço de cerca de 5 bilhões de dólares anuais (R$ 26,1 bilhões), equiparável ao mercado de venda de vacinas anuais contra a gripe.

A Pfizer e a BioNTech, que têm um acordo para produção de sua vacina, e a Moderna têm afirmado, há alguns meses, que esperam que pessoas completamente imunizadas precisarão de doses de reforço para manter a proteção ao longo do tempo e para combater novas variantes.

As emprestas também apontam evidências da redução do nível dos anticorpos após seis meses nas pessoas vacinadas, e do aumento do número de infecções em países afetados pela variante delta.

As três farmacêuticas já garantiram vendas de mais de 60 bilhões de dólares (R$ 314 bilhões) de suas vacinas contra a covid-19 em 2021 e 2022.

bl/lf (dpa, Reuters, ots)