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EUA: ataque a hospital em Kunduz não foi crime de guerra

30 de abril de 2016

Inquérito americano diz que incidente, com mais de 40 mortos, no Afeganistão não foi intencional e, por isso, não pode ser considerado crime de guerra. MSF pede investigação internacional independente.

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Hospital da MSF em Kunduz foi destruído em bombardeio americano em 2015
Hospital da MSF em Kunduz foi destruído em bombardeio americano em 2015Foto: Getty Images/AFP

Uma investigação dos Estados Unidos concluiu que o ataque aéreo americano a um hospital da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Kunduz, no Afeganistão, em outubro do ano passado, não equivaleu a um crime de guerra, por não ter sido intencional, afirmou um relatório divulgado nesta sexta-feira (29/04) pelo Pentágono.

O ataque no dia 3 de outubro deixou 42 pessoas mortas, incluindo membros da MSF, e 37 feridos. O Pentágono afirmou que o incidente foi causado por falha humana não intencional, além de falhas em equipamentos e erros de procedimentos.

"A investigação concluiu que certos agentes não cumpriram as regras de engajamento e a lei de conflitos armados, entretanto a investigação não concluiu que estas falhas equivaleram a um crime de guerra", disse o general Joseph Votel, comandante do Comando Central dos EUA.

Votel ressaltou ainda que os envolvidos na ação não sabiam que estavam atacando um hospital e reforçou que o termo crime de guerra é aplicado para atos intencionais.

Segundo o relatório, 16 militares envolvidos no ataque foram suspensos ou retirados do comando e alguns receberam advertências, aconselhamento formal ou cursos de reciclagem. O Pentágono afirmou também que foram pagas condolências a mais de 170 indivíduos e famílias e que 5,7 milhões de dólares foram aprovados para a reconstrução da instalação do MSF.

MSF pede investigação imparcial

A MSF criticou o relatório e pediu uma investigação internacional "independente e imparcial", conduzida por uma comissão internacional humanitária. A organização ressaltou que as forças americanas sabiam que o hospital funcionava no momento do ataque.

De acordo com a MSF, o relatório equivale a uma "confissão de uma operação militar descontrolada em uma área urbana densamente povoada". A organização criticou ainda a pena aplicada aos envolvidos no ataque, afirmando que ela é muito leve e "desproporcional a destruição da instalação médica" e as mortes causadas.

Na madrugada do dia 3 de outubro, militares americanos tinham a intenção de atacar uma instalação que estava sendo usada pelos talibãs como prisão e localizada a 450 metros do hospital. A equipe baseou a ação numa descrição do local fornecida por forças de segurança do Afeganistão.

O avião, então, teria disparado 211 bombas durante um período de 25 minutos até que o erro fosse percebido e os comandantes ordenassem a suspensão da missão. A falha só foi percebida após a Médicos Sem Fronteiras entrar em contato com a coalizão militar para avisar que uma de suas instalações estava sendo bombardeada.

O incidente em Kunduz ocorreu dias depois de a cidade ter sido tomada pelos talibãs, na que foi considerada a mais importante vitória dos insurgentes desde que eles foram afastados do poder, em 2001. O Exército afegão recuperou a cidade dias mais tarde, mas os confrontos prosseguiram entre as duas partes, que controlavam diferentes bairros na cidade.

CN/rtr/ap/lusa