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EUA dizem que EI usa escudos humanos em Mossul

19 de outubro de 2016

Pentágono afirma que há semanas os jihadistas impedem os moradores de deixar a cidade. "Estão sendo mantidos contra a sua vontade", diz porta-voz. ONU vê risco de uso de armas químicas pelos terroristas.

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Combatem entre forças iraquianas e jihadistas ocorrem nos arredores de Mossul
Combatem entre forças iraquianas e jihadistas ocorrem nos arredores de MossulFoto: picture-alliance/AP Photo

O Pentágono denunciou nesta terça-feira (18/10) que os combatentes do grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) utilizam os moradores de Mossul como escudos humanos durante a ofensiva das forças iraquianas apoiadas por milícias curdas e pela coalizão internacional liderada pelos EUA para retomar a segunda maior cidade do Iraque.

Os jihadistas explodiram dois poços de petróleo numa zona estratégica a 50 quilômetros de Mossul, na cidade de Al-Qayara. O objetivo seria dificultar a visibilidade das aeronaves e drones inimigos, além de tentar conter os avanços das tropas iraquianas. A reconquista de Al-Qayara, na província de Nínive, é considerada uma etapa fundamental da campanha para libertar Mossul.

O porta-voz do Pentágono, Jeff Davis, disse que há semanas o EI vem impedindo a fuga de moradores de Mossul, de cerca de 1,5 milhão de habitantes. "Sabemos que eles estão sendo usados como escudos humanos, sem dúvida", disse Davis. "Estão sendo mantidos contra a sua vontade. Não vimos nenhuma mudança no último dia quanto a pessoas deixando a cidade ou fugindo."

Armas químicas

O presidente americano, Barack Obama, disse nesta terça-feira que "planejamento e infraestrutura" estão disponíveis no caso de uma possível crise humanitária, na hipótese de que milhares de pessoas fujam da cidade. A ONU trabalha com a possibilidade de que 200 mil pessoas poderão precisar de abrigo à medida em que a batalha por Mossul se intensificar.

Combatentes curdos localizam túnel do EI perto de Mossul

O diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM) no Iraque, Thomas Weiss, também alertou para a utilização da população como escudo humano. A OIM e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) expressaram preocupação quanto ao uso de armas químicas por parte do EI. "As crianças, idosos e pessoas com deficiência são os mais vulneráveis", disse Weiss.

Forças americanas coletam fragmentos de bombas para verificar a presença de agentes químicos. Foram encontrados resquícios de gás mostarda em munições utilizadas pelo EI num ataque às forças iraquianas no dia 5 de outubro. Os agentes do gás mostarda podem causar ferimentos graves na pele e nos pulmões.

Um oficial americano disse à agência de notícias Reuters, sob anonimato, que, "dado o comportamento reprovável do EI e o flagrante desprezo aos padrões e normas internacionais, isso não chega a ser surpreendente". Ainda assim, as autoridades americanas não acreditam na capacidade dos jihadistas de fabricarem armas químicas de poder letal.

Progressos lentos

Até o momento, os combates ocorrem principalmente perto de vilarejos ao leste de Mossul, onde as milícias curdas tentam recuperar territórios sob domínio do EI. Segundo Davis, os jihadistas utilizam ataques suicidas e queimam trincheiras de petróleo para tentar esconder a movimentação de suas milícias.

Mossul
Fumaça surge após bombardeio da coalizão internacional a posições do "Estado Islâmico" em Mossul Foto: picture-alliance/AP Photo/K. Mohammed

Davis disse que progressos significativos foram realizados, mas que ainda deve levar tempo para que maiores avanços sejam alcançados. "Eles ainda devem fazer muitos deslocamentos para conseguir entrar [em Mossul], mas as coisas estão muito bem encaminhadas."

As estimativas quanto ao número de combatentes do EI em Mossul são variadas. Segundo Davis, a quantidade máxima na cidade e nos arredores seria de pouco mais de 5 mil.

Estrategistas militares calculam que deverá levar semanas até que as forças iraquianas consigam entrar na cidade, uma vez que as estradas devem estar minadas. Aproximadamente 10 mil curdos avançam para Mossul, seguidos de outros 20 mil soldados das forças de segurança iraquianas.

A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos treinou dezenas de milhares de soldados iraquianos e continua a fornecer apoio aéreo e de artilharia. Davis disse que cerca de cem consultores militares americanos estão na região dos combates próxima a Mossul, ainda que posicionados longe das frentes de batalha. 

RC/efe/afp