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EUA revisam apoio à coalizão árabe no Iêmen

9 de outubro de 2016

Washington reavaliará apoio às operações lideradas pela Arábia Saudita após ataque a velório matar ao menos 140 pessoas na capital do Iêmen. Sauditas dizem que aliança não teve participação no bombardeio.

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Jemen Luftangriffe in Sanaa mit Dutzenden Toten und Verletzten
Foto: Getty Images/AFP/M. Huwais

O governo dos Estados Unidos anunciou neste sábado à noite (08/10) que revisará seu apoio à coalizão militar liderada pela Arábia Saudita no Iêmen, após o massacre realizado na capital do país, Sana, onde pelo menos 140 mortos em um ataque a uma cerimônia fúnebre.

"À luz deste e de outros incidentes recentes, iniciamos uma revisão imediata de nosso apoio, já reduzido de forma significativa, à coalizão de liderança saudita, para nos alinhar com nossos princípios, valores e interesses, incluindo conseguir um fim imediato e durável do trágico conflito do Iêmen", ressaltou Ned Price, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, em um comunicado.

Ele afirmou que, se for confirmado, o ataque contra o velório "continuaria a problemática série de ataques contra civis iemenitas" e que "a cooperação de segurança dos EUA com a Arábia Saudita não é um cheque em branco".

O assessor do presidente dos EUA, Barack Obama, pediu às partes envolvidas na disputa a "se comprometerem publicamente com uma cessação imediata das hostilidades e aplicá-la nos termos do dia 10 de abril passado", data de entrada em vigor de uma trégua.

O bombardeio aconteceu quando cerca de mil pessoas prestavam suas condolências à família do ministro rebelde do Interior, Jalal l Ruishan, em um salão de eventos do bairro residencial de Al Jamsin, no sul de Sana.

Sauditas negam participação no ataque

A aliança liderada pela Arábia Saudita negou qualquer participação no ataque aéreo. "A aliança árabe não realizou quaisquer operações no local do bombardeio", afirmou a coalizão de acordo com a emissora saudita Al Arabiya.

Testemunhas disseram ter visto caças dispararem pelo menos dois mísseis. O número de mortos é o maior de um único ataque desde que a aliança liderada pelos sauditas começou operações militares para tentar restaurar o poder do presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi depois dele ser destituído pelos houthis no ano passado.

Desde março de 2015 os EUA fornecem apoio logístico incluindo aviões que reabastecem outras aeronaves no ar e inteligência para a campanha aérea liderada pela Arábia Saudita para retirar o país do controle dos rebeldes houthis apoiados pelo Irã.

A coalizão árabe já foi acusada de diversos ataques contra alvos civis, incluindo centros médicos dirigidos por instituições internacionais de caridade, como também escolas e indústrias de alimentos nos últimos 18 meses. 

Pelo menos 140 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas no ataque mais mortífero realizado pelos aviões da coalizão liderada pela Arábia Saudita no Iêmen, que teve como alvo a cerimônia fúnebre da mãe de um ministro do governo dos rebeldes em Sana.

Ex-presidente iemenita pede vingança contra sauditas

O ex-presidente iemenita Ali Abdullah Saleh, aliado dos rebeldes houthis, responsabilizou a coalizão árabe comandada por Riad pelo ataque ao velório na capital e pediu neste domingo vingança contra a Arábia Saudita.

Em discurso televisionado, Saleh insistiu que seus seguidores "tomem as armas" e se dirijam às fronteiras da Arábia Saudita para lutar.

O ex-presidente pediu aos Ministérios de Defesa e Interior e ao chefe do Estado-Maior que tomem as medidas necessárias para receber os combatentes nas frentes de Niyran, Yizan e Agarrar, fronteiriços com a Arábia Saudita.

"Os combatentes cumprirão com seu dever, se vingarão e responderão com o dobro da força", declarou. Além disso, pediu à comunidade internacional que intervenha para deter a guerra no Iêmen.

"Peço à comunidade internacional que assuma sua responsabilidade pelos massacres que ocorrem no Iêmen", acrescentou.

Saleh também comentou que "a condenação não é suficiente, é preciso a tomada de decisões rígidas para conter esta agressão brutal", e advertiu que denunciará "o regime [da Arábia Saudita] e quem se unir a ele, cedo ou tarde, aos tribunais internacionais".

FC/efe/rtr/dpa/afp