1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

EUA superam 200 mil mortes pela covid-19

22 de setembro de 2020

Considerado o mais preparado para lidar com crises de saúde, país responde por 20% dos óbitos por coronavírus do planeta. Especialistas chamam número de "completamente incompreensível", e críticos culpam governo Trump.

https://p.dw.com/p/3irCm
Funcionário observa caixões em uma funerária em Nova York, com corpos de mortos pelo coronavírus
EUA já figuram há cinco meses como a nação com o maior número de mortos pela covid-19Foto: Reuters/B. R. Smith

Os Estados Unidos ultrapassaram nesta terça-feira (22/09) a marca trágica de 200 mil mortes em decorrência da covid-19, o número mais alto de todo o planeta e uma soma inimaginável oito meses atrás, quando o vírus foi confirmado pela primeira vez na maior potência mundial.

Segundo contagem mantida pela universidade americana Johns Hopkins, os EUA registraram ao todo 200.252 óbitos, entre um total de 6,87 milhões de infectados pelo coronavírus Sars-Cov-2 no país.

Os EUA já figuram há cinco meses como a nação com o maior número absoluto de mortos pela covid-19, à frente do Brasil, que soma oficialmente 137.272 vítimas, e da Índia, com 88.935. Em número de casos, o país é seguido por Índia (5,56 milhões de infecções) e Brasil (4,55 milhões).

Ao todo, o território americano conta menos de 5% da população mundial, mas responde por 20% das mortes registradas por coronavírus em todo o planeta. Ao somar 200 mil vítimas, é como se tivesse sido palco de um ataque como o de 11 de Setembro por dia durante 67 dias.

Os números dos Estados Unidos têm como base os dados fornecidos pelas autoridades de saúde do país, mas estima-se que as cifras reais sejam muito maiores, em parte porque muitas mortes pela covid-19 foram provavelmente atribuídas a outras causas, principalmente no início da epidemia, antes das testagens generalizadas.

E as mortes continuam a subir: os números oficiais chegam a cerca de 770 vítimas por dia, em média. Uma projeção da Universidade de Washington prevê que o total de mortos no país deverá dobrar para 400 mil até o final do ano, à medida que escolas e faculdades reabrem, e as temperaturas caem com a chegada do outono/inverno.

"A ideia de 200 mil mortos é realmente muito preocupante, em alguns aspectos, impressionante", afirmou o diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA, Anthony Fauci, principal conselheiro do presidente Donald Trump para o combate à pandemia.

Por sua vez, a pesquisadora em saúde pública da Johns Hopkins Jennifer Nuzzo disse ser "completamente incompreensível que tenhamos chegado a este ponto", levando em conta que os Estados Unidos eram considerados o país mais preparado para enfrentar crises de saúde.

Os EUA figuram em primeiro lugar no chamado Índice de Segurança de Saúde Global, um ranking de 194 nações que mede a prontidão do país para lidar com crises sanitárias. A liderança se deve, por exemplo, a seus laboratórios e cientistas de primeira linha e seus estoques de medicamentos e suprimentos de emergência.

Críticos afirmaram que as estatísticas expõem o fracasso do governo Trump em cumprir seu teste mais importante antes das eleições presidenciais de 3 de novembro.

"Devido às mentiras e a incompetência de Donald Trump, nos últimos seis meses vimos uma das perdas de vidas americanas mais graves da história", declarou o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, na segunda-feira.

"Com essa crise, que exigiu uma liderança presidencial séria, ele simplesmente não esteve à altura. Ele congelou… e os Estados Unidos pagaram o pior preço de qualquer nação do mundo."

"Vírus da China", ataca Trump

Enquanto insiste que os EUA já estão "dobrando a esquina" em relação à pandemia, Trump tem grandes esperanças de que a rápida aprovação de uma vacina contra a covid-19 pode aumentar suas chances de reeleição.

Montagem de fotos mostra Xi Jinping, presidente da China, e Donald Trump, presidente dos Estados Unidos
Na ONU, Trump exigiu que China seja responsabilizada por "soltar praga no mundo"Foto: UNTV/AP/picture alliance

"Distribuiremos uma vacina, derrotaremos o vírus, acabaremos com a pandemia, e entraremos em uma nova era de prosperidade, cooperação e paz sem precedentes", afirmou o presidente em discurso gravado e exibido na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira.

Trump havia declarado anteriormente que até abril do próximo ano a maioria dos americanos já poderá ter acesso à imunização, se assim desejarem. Mas grande parte dos especialistas argumenta que apostar em vacinas não é uma estratégia viável.

Também em seu discurso nas Nações Unidas, o presidente dos EUA voltou a atacar o governo chinês ao chamar o coronavírus de "vírus da China", e exigiu que Pequim seja responsabilizado por "soltar essa praga no mundo". O embaixador chinês rejeitou as acusações como infundadas.

Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, Trump foi um dos poucos líderes mundiais a adotar uma estratégia de negar ou minimizar a gravidade da doença, anunciando noções infundadas sobre o comportamento do vírus, promovendo tratamentos não comprovados ou perigosos, reclamando que os EUA faziam testes demais e transformando a questão das máscaras numa questão política.

Em 10 de abril, o presidente previu que os Estados Unidos não chegariam às 100 mil mortes, mas esse número foi atingido em 27 de maio.

Ao todo, o mundo já registrou mais de 31 milhões de casos confirmados de infecção pelo coronavírus, e se aproxima rapidamente da marca de 1 milhão de mortes, ao somar mais de 966 mil vidas perdidas, segundo a contagem da Johns Hopkins.

EK/afp/ap/dpa/lusa