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EUA transferem mais quatro de Guantánamo

6 de janeiro de 2017

Iemenitas são levados para a Arábia Saudita, reduzindo para 55 o total de detentos na prisão, que já abrigou mais de 770. Obama prometeu retirar o maior número possível de presos antes de deixar a Casa Branca.

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USA Alltag im  Gefangenenlager der Guantanamo Bay Naval Base
Foto: Getty Images/John Moore

O governo dos EUA transferiu quatro prisioneiros de Guantánamo para a Arábia Saudita, confirmou nesta quinta-feira (05701) o Pentágono, depois que a informação foi divulgada pela imprensa. Os quatro presos são do Iêmen e estavam havia mais de 14 anos na prisão, que fica em território cubano.

Entre eles está Mohammed Bwazir, que devia ter deixado a prisão em janeiro de 2016 com direção aos Bálcãs, mas preferiu permanecer porque queria ir para um país onde tem familiares. O advogado de Bwazir, John Chandler, afirmou que seu cliente tem um irmão e um tio na Arábia Saudita e que a mãe dele vive parte do ano no país. "Mohammed nunca foi acusado de nenhum crime ou de fazer algo errado e nunca cometeu um crime. Mesmo assim, foi mantido pelos Estados Unidos em Guantánamo por 15 anos de sua jovem vida", frisou.

Os transferidos são suspeitos de serem militantes de baixo escalão da rede Al Qaeda, mas nunca foram acusados de algum crime. Eles deverão participar de um programa de reabilitação na Arábia Saudita. O Pentágono identificou os outros prisioneiros como Salem Ahmad Hadi Bin Kanad, Muhammed Rajab Sadiq Abu Ghanim e Abdallah Yahya Yusif al-Shibli.

Os EUA tentam encontrar países que aceitem prisioneiros iemenitas porque não querem enviá-los de volta à sua pátria, temendo que a guerra torne impossível monitorá-los e garantir que eles não voltarão à militância.

Mais transferências em janeiro

A prisão de Guantánamo ainda abriga 55 detentos, dos quais 19 têm permissão para deixar o lugar. O governo do presidente Barack Obama anunciou que vai transferir o maior número de presos possível em seus últimos dias de governo. O sucessor dele, Donald Trump, protestou. "Não deve haver mais transferências de Gitmo. São pessoas extremamente perigosas, e não deve ser permitido que retornem ao campo de batalha", escreveu Trump no Twitter, usando uma abreviatura para Guantánamo.

Durante a campanha presidencial, Trump disse que manteria aberta a prisão militar e iria "ocupá-la com criminosos", mas nunca apresentou um projeto detalhado sobre o assunto. Em dezembro, o jornal The New York Times noticiou que a Casa Branca tinha informado o Congresso que pretendia transferir 17 a 18 detidos para vários países (Itália, Omã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos). 

Promessa de Obama

O fechamento  de Guantánamo foi uma das promessas da primeira campanha presidencial de Obama, em 2008, mas o processo de esvaziamento da prisão militar foi marcado por várias perturbações. A oposição do Congresso e a relutância de outros países em acolher suspeitos de terrorismo foram os principais obstáculos para o cumprimento da promessa. Mesmo assim, o presidente conseguiu reduzir significativamente o número de detentos. Quando chegou à Casa Branca, a prisão de Guantánamo abrigava 242 prisioneiros. 

O centro de detenção foi instalado depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, durante o governo do presidente republicano George W. Bush, para deter, sem processo judicial, supostos terroristas islâmicos. Pelo menos 779 pessoas estiveram presas no lugar. Uma comissão de representantes de várias secretarias do governo americano decidiu que os detentos remanescentes não constituem uma ameaça significativa à segurança dos EUA e podem ser devolvidos às suas pátrias de origem ou transferidos para outro país.

MD/efe/lusa/ap