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Eurodeputado vê riscos na polarização política no Brasil

Mirra Banchón (as)21 de março de 2016

Nomeação de Lula é escandalosa, e Judiciário está "fora do caminho da imparcialidade", afirma o português Paulo Rangel, que preside delegação do Parlamento Europeu para as relações com o Brasil.

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Foto: DW/T. Käufer

O maior perigo para o Brasil está na polarização política, afirmou o eurodeputado português Paulo Rangel, presidente da delegação para as relações com o Brasil do Parlamento Europeu, à DW em Bruxelas. Ele chamou de escandalosa a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a chefia da Casa Civil, ao mesmo tempo que afirmou ver o Judiciário fora do caminho da imparcialidade.

"Como é possível que um ex-presidente que está sob investigação possa ser nomeado para o governo para dar-lhe imunidade? Isso enfraquece a credibilidade do poder, cria uma atmosfera conspiratória. É uma situação muito preocupante", afirmou Rangel, que é do bloco conservador.

"Por um lado, o poder político tomou uma decisão escandalosa para os padrões do Estado de Direito; por outro lado, o Judiciário está exorbitado, fora do caminho da imparcialidade. É uma enorme regressão", disse Rangel.

"Essa nomeação de Lula une duas realidades políticas paralelas: o grande movimento de protesto contra Dilma – que começou logo após a eleição e que sempre teve a intenção de chegar ao impeachment – e os casos da Petrobras e da Lava Jato contra Lula. Nenhuma previsão é possível, a situação é caótica. Não sabemos o que vai acontecer", disse Rangel.

Para ele, uma certa fragilidade das instituições e os níveis de corrupção na política brasileira não são exatamente uma novidade e nunca impediram o Brasil de ser uma potência global. É na atual polarização política que ele vê um grande perigo para o país, para a região e para as suas relações internacionais.

Segundo Rangel, justamente no momento em que a mudança de governo na Argentina abre a possibilidade de um avanço no acordo da União Europeia com o Mercosul, um Brasil instável significa que a UE deve novamente esperar. "Enquanto não houver clareza, tenho certeza de que a União Europeia não vai dar um passo adiante", disse, ressalvando que fala em caráter pessoal e não em nome do Parlamento Europeu.