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Irã

19 de maio de 2010

Conselho de Segurança da ONU ainda vê necessidade de sanções contra o Irã mesmo após negociações mediadas pelo Brasil e vistas com ceticismo por europeus e norte-americanos.

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Usina de processamento de urânio no IrãFoto: AP

Apesar do compromisso assumido pelo Irã, sob mediação do Brasil, de enriquecer parte do urânio do país na Turquia, as divergências entre Teerã e o Ocidente acerca do programa nuclear iraniano continuam mais presentes que nunca.

O Conselho de Segurança da ONU analisou um novo esboço de resolução, apresentado pelos países com poder de veto dentro do conselho, contendo sanções mais graves contra o Irã. Da lista de sanções constam limitações no comércio de tanques e navios de guerra, bem como de armas.

O esboço de resolução apresentado pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, contém uma ameaça concreta ao Irã de bloqueamento de contas bancárias no exterior e uma maior vigilância acirrada das transações bancárias do país.

Aumenta a pressão

Aliakbar Salehi
Ali-Akbar Khabar Salehi, diretor da Agência Iraniana de Energia AtômicaFoto: Mehr

Desta forma, a comunidade internacional aumenta a pressão contra Teerã, o que, contudo, não parece surtir qualquer efeito sobre o governo do país. "Vamos, como nos casos anteriores, esperar, pois eles [as potências mundiais] não vão nos atingir com uma nova resolução", afirmou Ali-Akbar Khabar Salehi, diretor da Agência Iraniana de Energia Atômica.

"As sanções são uma tentativa vã de desacreditar regras internacionais reconhecidas", rebate Salehi, para quem deverá haver "gente inteligente o suficiente para impedir que isso aconteça".

Sanções unilaterais

O governo russo alertou os EUA e a União Europeia (UE) a respeito de eventuais sanções contra Teerã no atual contexto. "Há informações de que os EUA e a UE não irão se limitar a uma posição comum no Conselho de Segurança da ONU e irão adotar sanções adicionais unilaterais", afirmou Sergei Lavrov, ministro russo do Exterior, em conversa telefônica com sua colega norte-americana de pasta.

O novo pacote de sanções poderá ser despachado em breve pelo Conselho de Segurança, pois para isso é necessário apenas um quorum de 15 votos, caso nenhum dos membros permanentes – EUA, Rússia, China, Reino Unido e França – vetem a resolução. Como são exatamente esses países que a terão redigido, é pouco provável que se oponham.

"Essa resolução escolheu uma linguagem que conseguimos aceitar. As sanções não prejudicam as relações comerciais normais com outros países", afirmou Vitali Tschurkin, embaixador russo na ONU. Seu colega chinês manifestou otimismo, mas demonstrou cautela: "Isso não significa que o caminho para as relações diplomáticas esteja bloqueado".

Claro sinal

Gerard Arnaud, embaixador francês na ONU, viu o esboço de resolução apresentado por Clinton como um "sinal claro" ao Irã. O embaixador britânico na agremiação, Mark Lyall, elogiou o esboço como "equilibrado".

No Flash Erdogan Lula da Silva und Ahmadinedschad in Teheran
Lula com Amadinejad: ceticsimo de europeus e norte-americanosFoto: AP

Na última segunda (17/05), o Irã anunciou, após negociações mediadas pelo Brasil, que iria deixar parte de seu urânio – até 20% - ser enriquecido no exterior, mais precisamente na Turquia. "Temos a impressão de que surgiu uma nova situação", avalia Maria Luiza Ribeira, embaixadora brasileira na ONU.

Insatisfação com resultados

Os países ocidentais vêem o resultado dessas mediações com ceticismo, principalmente porque o acordo só diz respeito ao urânio destinado a pesquisas e não toca no enriquecimento do urânio enriquecido dentro do país.

Teerã continua apostando em seu direito de conduzir um programa nuclear próprio. "As potências mundiais só estão enraivecidas porque alguns países independentes não têm mais a necessidade de acompanhá-las", apontou Salehi.

Uma entre muitas

A nova resolução da ONU contra o Irã dá continuidade a uma série de medidas compulsórias, através das quais a comunidade internacional quer forçar Teerã a modificar seu programa nuclear. Nos últimos anos, tentou-se, em vão, principalmente dentro das Nações Unidas, pressionar o governo em Teerã a mudar sua conduta.

O Ocidente vê como suspeito o enriquecimento do urânio iraniano, temendo que o país utilize o material para a construção de bombas. Desde dezembro de 2006, o Conselho de Segurança da ONU já aplicou três sanções contra o Irã.

SV/afp/dpa

Revisão: Roselaine Wandscheer