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Europeus temem que Hamas chegue ao poder na Palestina

Peter Philipp (rw)25 de janeiro de 2006

Primeiras eleições parlamentares na Palestina em dez anos têm monitores do Conselho da Europa e da União Européia. Europa teme fortalecimento do grupo militante islâmico Hamas.

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Palestino vota na CisjordâniaFoto: AP

Muita coisa mudou na Cisjordânia e na Faixa de Gaza desde as últimas eleições parlamentares palestinas, há dez anos. O líder Yasser Arafat não vive mais e seu sucessor, Mahmud Abbas, não conseguiu substituí-lo à altura. A autonomia da região foi seriamente prejudicada pela segunda Intifada, a resistência palestina contra Israel.

Wahlen in Palästina Hamas
Candidatos do HamasFoto: AP

As forças políticas estão se alterando de forma dramática: o movimento Fatah, de Arafat e Abbas, até há pouco tempo liderança incontestável, perde espaço para o grupo radical islâmico Hamas, que pela primeira vez participa de uma eleição. O Hamas, que não reconhece Israel como Estado, é responsável por vários atentados em Israel e nos territórios ocupados.

Disputa apertada

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, defende a participação do Hamas na eleição, na esperança de que o grupo radical tome um curso mais moderado. É uma expectativa sem bases concretas, mas que demonstra o quanto o Fatah está enfraquecido.

Os prognósticos apontam para um resultado apertado para ambos os movimentos: cada um deve ficar com um terço dos 132 mandatos no Parlamento, enquanto o restante deve ser ocupado por candidatos do partido Palestina Independente.

Fim da era dos "homens velhos"

Palästinenserführer an der Wahlurne Mahmoud Abbas
Mahmud Abbas entrega seu votoFoto: Picture-Alliance/Agentur

Os eleitores estão se afastando da tradicional liderança do Fatah porque já se foram os tempos dos "velhos homens retornados do exílio" e porque eles são acusados de corrupção, uma prática até agora tradicional no mundo árabe. Chegou a vez dos jovens, que vivenciaram e resistiram à ocupação por Israel desde 1967.

O principal candidato da ala "jovem" do Fatah só pôde fazer campanha eleitoral por fax, telefone ou através da emissora de tevê Al Jazira, do Catar. Trata-se de Maruan Barguti, de 47 anos, cumprindo cinco penas de prisão perpétua mais 40 anos de detenção, em Israel, desde 2004, por causa de atividades terroristas e responsabilidade direta sobre cinco mortes.

Apesar de ter condenado o então secretário-geral da Fatah e líder da Tanzim (a organização jovem do movimento), Israel parece contar com o popular Barguti como possível futuro líder dos palestinos – o que implicaria, algum dia, sua libertação.

Para UE, Hamas é organização terrorista

Israel tentou de várias maneiras impedir a participação do Hamas na eleição. Fontes oficiais dão conta de que uma vitória dos islâmicos – por mais improvável que seja – bloqueará qualquer possibilidade de trabalho conjunto.

O mesmo aconteceria se um Fatah enfraquecido coligasse com o Hamas: Israel não aceitaria negociar com um governo palestino em que um dos parceiros de coalizão pratica atentados e não reconhece a existência de Israel.

Neste aspecto, Tel Aviv aposta no apoio ocidental, dos Estados Unidos e União Européia, que oficialmente consideram o Hamas uma organização terrorista. O governo israelense tem a esperança de que um governo palestino com participação do Hamas seja boicotado por ambos.

Europa participa com observadores

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Monitores da União Européia acompanham a votaçãoFoto: AP

Cerca de 1,4 milhão de eleitores tem direito de voto. O pleito está sendo acompanhado por quase 20 mil observadores locais e 950 do exterior. Entre eles, estão nove deputados da Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa (Pace) e 260 pessoas enviadas pela União Européia.

Após as eleições para o Parlamento, em 1996, e para a presidência palestina, em 2005, houve uma série de acusações de fraude eleitoral. Os observadores, no entanto, disseram que o número de infrações fora baixo. "Ambas as eleições palestinas transcorreram muito bem", observou o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, chefe da equipe de monitores internacionais.