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Eleições bolivianas

6 de dezembro de 2009

Os bolivianos foram às urnas, e a reeleição de Evo Morales para um segundo mandato como presidente Bolívia é dada como certa.

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Morales pode ser primeiro presidente boliviano reeleito em 45 anosFoto: AP

No pleito realizado neste domingo (06/12), Evo Morales deverá se tornar o primeiro presidente boliviano a ser reeleito nos últimos 45 anos. Os mais de cinco milhões de eleitores do país votam também para eleger vice-presidente, parlamentares e, em alguns departamentos, está sendo votada a autonomia regional.

Segundo as pesquisas de intenção de voto, o defensor do cultivo da coca que irrita Washington deverá ser reeleito com mais da metade dos votos. As pesquisas apontam que Morales tem 30 pontos percentuais à frente de seu maior concorrente, o conservador Manfred Reyes Villa.

Os bolivianos votam hoje também para escolher um novo congresso. Ainda não se sabe se Morales, com seu Movimento ao Socialismo (MAS), obterá a maioria absoluta de dois terços nas duas câmaras. Esse resultado daria a Morales os votos necessários para alterar a Constituição do país, criar autonomias regionais e estabelecer um terceiro mandato presidencial.

Perfil de um novo Estado

Após votar no vilarejo Vila 14 de Setembro, seu berço sindical e político na região "cocalera" da Bolívia, o governante esquerdista afirmou estar "nas mãos do povo boliviano". "Eu não me sinto vencedor", disse. "Cada candidato vai com otimismo", acrescentou.

No entanto, com sua vitória praticamente assegurada, o que está realmente em jogo na Bolívia é o perfil de um novo Estado, comentam observadores internacionais.

Bolivien Referendum Evo Morales mit neuer Verfassung
Nova Constituição tornou Bolívia um país 'pluralista', diz analistaFoto: AP

As eleições ocorrem no contexto de uma nova Constituição aprovada, em janeiro último, pelos eleitores bolivianos. A nova Constituição converteu a Bolívia em um Estado "plurinacional", permitindo a autogovernança no país com 36 povos nativos.

Nesse contexto, doze das mais de 330 municipalidades da Bolívia estão votando neste domingo pela autonomia regional. Trata-se de uma primeira etapa para autonomias territoriais mais amplas, capazes de redesenhar o mapa político do país.

Balanço positivo

Em entrevista à Deutsche Welle, o cientista político Robert Lessmann, autor do livro A nova Bolívia e docente nas Universidades de Colônia e Viena, fez um balanço positivo do primeiro mandato de Evo Morales.

"Há uma nova Constituição que fortalece os direitos fundamentais e reforça os direitos individuais e indígenas. Há uma nacionalização dos hidrocarbonetos: os investidores estrangeiros, que antes detinham 51%, hoje têm 49% e o Estado boliviano detém a maior parcela. E os investimentos estrangeiros não se afastaram da Bolívia, que tem por volta de 6% de crescimento econômico", explicou Lessmann.

O observador da política e da sociedade boliviana considera sem fundamento os temores de que o país passe a ser governado agora por uma elite indígena: "O projeto de Evo Morales e do MAS é integrativo. Tem um intelectual branco como vice-presidente, a nova Constituição protege a propriedade privada e a liberdade de crença".

O cientista político afirmou, no entanto, que é inegável que exista uma oposição indígena radical. No Altiplano Boliviano, há o nacionalismo dos nativos aymaras, que se manifesta também em outras organizações, explicou Lessmann. "Isso foi absolvido em grande parte pelo MAS, mas a corrente continua existindo. Ou seja, Morales também enfrenta uma oposição indígena de esquerda", concluiu.

Autora: Mirra Branchón / Carlos Albuquerque

Revisão: Marcio Damasceno