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Exército e separatistas retiram-se do front na Ucrânia

9 de novembro de 2019

Presidente ucraniano aposta em retirada como passo para regulação do conflito com separatistas pró-russos, que já custou 13 mil vidas. Próximo estágio pode ser cúpula reunindo Ucrânia, Rússia, França e Alemanha.

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Membros da OSCE aguardam retiradas de tropas em Lugansk, no leste ucraniano
Membros da OSCE aguardam retiradas de tropas em Lugansk, no leste ucranianoFoto: picture-alliance/dpa/Sputnik/Stringer

As Forças Armadas da Ucrânia e os separatistas pró-russos começaram neste sábado (09/11) a retirada de tropas da linha de frente, no leste do país, num possível prenúncio de um processo de paz, anunciou o Exército ucraniano.

"A retirada das tropas e de armamento começou" entre as vilas de Petrivske e Bohdanivka, declarou à imprensa Bogdan Bondar, um alto representante do Exército ucraniano, citado pela agência France Presse (AFP). A operação durará três dias, sendo seguida pela remoção de minas e outras atividades, ao longo de outros 25 dias.

A agência oficial dos separatistas pró-russos, DAN, indicou no seu site que "as autoridades da República Popular de Donetsk (DNR) saúdam o início da retirada das armas e dos soldados" do setor.

Altamente secreto, o início da retirada de tropas começou pouco depois do meio-dia (07h00 em Brasília), com o envio de sinais luminosos pelos separatistas e os ucranianos: um branco de cada lado, indicando que os dois campos estavam prontos, e um verde, ao começarem a se retirar.

Debaixo do olhar de observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que supervisionam a operação, os soldados dos dois lados começaram de seguida a retirar-se, recuando um quilômetro de um lado e de outro da linha da frente, numa zona fechada.

A desmobilização, que pode demorar vários dias, estava programada para segunda-feira, passando depois para sexta, mas foi adiada devido a trocas de tiros na região. Em junho e no final de outubro haviam se realizado dois outros recuos das tropas da linha da frente do conflito.

A atual retirada constitui "a última pré-condição para a organização da cúpula quadrangular" entre os dirigentes ucranianos e russos, com a mediação dos colegas franceses e alemães, informara esta semana o chefe da diplomacia ucraniana, Vadym Prystaiko.

Ele espera que a reunião dos presidentes ucraniano, Volodimir Zelenski, russo, Vladimir Putin, e francês, Emmanuel Macron, e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, possa ocorrer em novembro, em Paris. Esse seria o primeiro encontro desse nível desde 2016, à busca de uma solução para o conflito no leste da Ucrânia.

A realização da conferência de cúpula foi evocada repetidamente nas últimas semanas, mas não se concretizou, porque Moscou condiciona a retomada das conversações a um recuo das tropas em três pequenos setores da linha da frente.

A desmobilização tem gerado críticas na Ucrânia, sobretudo entre nacionalistas e antigos combatentes do conflito. No entanto o presidente, Zelenski, no cargo desde maio, insiste que a cúpula se realize, esperando um avanço concreto no sentido uma regulação do conflito com os separatistas pró-russos.

Durante os preparativos para a conferência quadrangular, negociadores ucranianos, russos e separatistas também estabeleceram um roteiro prevendo status especial para os territórios separatistas, caso realizem eleições livres e justas segundo a Constituição ucraniana. A guerra no leste da Ucrânia já causou cerca de 13 mil mortes desde seu início, cinco anos atrás, um mês depois da anexação da Crimeia pela Rússia.

AV/lusa/afp

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