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Ex-agentes da ditadura argentina são condenados à prisão perpétua

25 de outubro de 2014

Acusados por crimes contra a humanidade cometidos há mais de 30 anos, 15 réus recebem pena máxima e quatro ficarão presos por até 13 anos. Entre os atos crueis está o sequestro de bebês de militantes políticas.

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Miguel Etchecolatz, antigo chefe de polícia de Buenos Aires, é retirado da corte após ouvir sua sentençaFoto: Reuters//Enrique Marcarian

A Justiça argentina condenou à prisão perpétua 15 ex-agentes do governo militar por crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura no país, tais como tortura, assassinato e sumiço de dissidentes entre os anos de 1976 e 1983.

Quatro outros acusados também foram condenados à prisão, com penas variando entre 12 e 13 anos em regime fechado. Apenas dois réus foram inocentados, de acordo com a sentença lida nesta sexta-feira (24/10).

Organizações de direitos humanos acompanharam a leitura da sentença no Tribunal Oral Federal n°1 da cidade de La Plata, na província de Buenos Aires.

Segundo os juízes, os réus foram condenados à pena máxima por sua "cumplicidade no genocídio" durante a ditadura e por crimes cometidos no centro clandestino conhecido como "La Cacha", localizado na cidade. O local funcionou como centro de tortura e prisão entre 1976 e 1978, e também como maternidade clandestina de presas.

O julgamento dos acusados teve início em dezembro do ano passado. Entre eles há ex-integrantes das Forças Armadas, do governo da província de Buenos Aires, da polícia e do serviço penitenciário local.

Calcula-se que cerca de 30 mil pessoas – a maioria militantes políticos e trabalhadores – tenham sido sequestradas, torturadas ou mesmo assassinadas durante os sete anos da ditadura militar Argentina.

Luta das avós da Praça de Maio

Entre as vítimas dos crimes da ditadura está Laura Carlotto, filha da presidente da Associação de Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto. Militante da oposição, Laura teve o filho recém-nascido tomado pelos militares pouco antes de sua execução, em 1978. O menino foi levado para adoção e, apenas em agosto deste ano, testes de DNA comprovaram o parentesco de Ignacio Guido Montoya com a avó, após 36 anos de separação.

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Presidente argentina Cristina Kirchner mostra a Estela documento de seu neto Ignacio, desaparecido durante 36 anosFoto: picture-alliance/dpa

"Temos a tranquilidade de saber que os repressores passarão presos todo o tempo que ainda lhes resta de vida", declarou Estela à agência de notícias Télam.

As Avós da Praça de Maio já conseguiram encontrar 114 filhos de oposicionistas desaparecidos durante os anos de chumbo na Argentina. No entanto, estima-se que outros 400 ainda continuem sem saber sua verdadeira identidade.

MSB/rtr/ap/efe