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Exposição em Brasília adverte sobre intervenção humana no meio ambiente

7 de outubro de 2012

Imagens do fotógrafo e ecologista francês Yann Arthus-Bertrand em Brasília mostram a degradação da natureza a partir da intervenção humana, além de fenômenos ligados às mudanças climáticas.

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Grande Fonte Prismática no Parque Yellowstone, EUA
Grande Fonte Prismática no Parque Yellowstone, EUAFoto: Yann Arthus-Bertrand

O chão de concreto que separa as construções monumentais da região central de Brasília está ocupado por painéis com 130 fotografias aéreas do francês Yann Arthus-Bertrand. Além de fotógrafo, Yann é ecologista e, há mais de 20 anos, percorre o mundo transformando em arte detalhes da superfície do planeta.

"No início, era pela beleza, mas agora o foco são os humanos", disse o fotógrafo à DW. Entre as imagens, há flagrantes da degradação da natureza a partir da intervenção do homem, além de eventos naturais ligados às mudanças climáticas.

Flamingos no lago Nakuru (Quênia) Die Ausstellung zeigt Fotografien von Yann Arthus-Bertrand. ### Achtung: Nur im Zusammenhang mit der Ausstellung in Brasilien einmalig zu verwenden!
Flamingos no lago Nakuru (Quênia)Foto: Yann Arthus-Bertrand

Ao passear entre as imagens da exposição A Terra Vista do Céu, o público é estimulado a saber mais sobre determinado ponto do planeta em um momento flagrado pelo artista, que espera do público uma experiência de beleza, mas também de conhecimento e consciência. As fotos são identificadas com as coordenadas exatas de onde foram tiradas, além de informações relevantes sobre cada uma das paisagens.

"Eu acho que todos estão cientes da falta de recursos [naturais], do crescimento da população, todos sabem disso. Nós sabemos sobre mudanças climáticas, mas ninguém quer mudar. Precisamos aprender a viver uma vida melhor com menos", adverte Yann, que não acredita na possibilidade de revoluções econômicas ou científicas. Para ele, a revolução necessária é de outra natureza: "Eu acho que precisamos de uma revolução espiritual, que nada tem a ver com religião, mas com ética e moral".

Iceberg erodido no fiorde Unartoq, Groenlândia
Iceberg erodido no fiorde Unartoq, GroenlândiaFoto: Yann Arthus-Bertrand

Destruição e preservação

Entre as imagens expostas, há exemplos de preservação, flagrantes de ocupação desordenada, situações extremas e luta pela sobrevivência. Uma das imagens mostra o deserto do Saara dentro das fronteiras da Mauritânia. Na descrição da foto, o alerta vai para o excesso de áreas de pastagem e a colheita de madeira, que diminuem a vegetação responsável pela fixação das dunas, o que facilita a movimentação da areia, ameaçando centros urbanos.

Outra foto que chama a atenção pelas cores fortes mostra o mais antigo parque nacional do mundo, o Yellowstone. O azul profundo – mesclado com tons de verde, laranja e amarelo – é da Grande Fonte Hidrotermal Prismática, uma bacia termal profunda rodeada de algas microscópicas que crescem de maneira diferente na água quente. O Parque Nacional faz parte da lista de patrimônios mundiais da Unesco desde 1978 e recebe, em média, três milhões de visitantes por ano.

Caravana de dromedários perto de Nouakchott, na Mauritânia
Caravana de dromedários perto de Nouakchott, na MauritâniaFoto: Yann Arthus-Bertrand

O estudante que pilotava balões

O gosto pela fotografia foi descoberto acidentalmente, quando era estudante, no Quênia. "Eu estudava leões e pilotava balões para pagar as contas. Então descobri a fotografia aérea. Ela dá uma perspectiva diferente e foi muito útil para a minha pesquisa na época", lembra. Mas foi em 1992, durante a Rio 92 – Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento – que Yann apresentou o primeiro trabalho com uma raiz ecológica mais forte. Ele queria mostrar a beleza do planeta, mas também chamar a atenção para os impactos da intervenção humana.

Ele conta o que o fez passar a observar os homens, além dos animais: "Foi quando abri os olhos e tentei entender o que está acontecendo. Hoje vivemos em um mundo muito diferente daquele em que viviam meus pais".

Além das fotografias

Um mapa de 200m2 acompanha a exposição. A representação do globo vem acompanhada de miniaturas das fotos colocadas nos locais onde foram tiradas, permitindo que o visitante caminhe pelo espaço e conheça os pontos frágeis do planeta.

Fotos estão expostas na rua em Brasília
Fotos estão expostas na rua em BrasíliaFoto: DW

Este ano, a exposição foi montada durante a Rio+20 e foi vista por 1 milhão de pessoas. Também durante a conferência, foi exibido pela primeira vez o documentário Planeta Oceano, produzido com participação de pesquisadores, oceanógrafos e biólogos de vários países. O documentário também foi exibido em Brasília.

Enquanto estiver na capital, Yann Arthus-Bertrand sobrevoará a cidade para fazer imagens que vão compor o livro da exposição, que deverá ser editado nas próximas semanas. Depois de Brasília, a exposição segue para São Paulo e Belo Horizonte.

Autora: Ericka de Sá, de Brasília
Revisão: Roselaine Wandscheer