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Extrema direita contesta resultado das eleições na Áustria

8 de junho de 2016

Derrotado por menos de um ponto percentual, partido populista de direita entra na Justiça por supostas irregularidades no pleito para presidente, em decisão que ameaça reacender disputa que dividiu o país.

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Candidato à presidência Norbert Hofer e Heinz-Christian Strache, líder do FPÖ
Candidato à presidência Norbert Hofer e Heinz-Christian Strache, líder do FPÖFoto: picture-alliance/AP Photo/R. Zak

A legenda populista de direita Partido da Liberdade (FPÖ) contestou na Justiça o resultado das eleições presidenciais austríacas realizadas em maio, vencidas pelo ambientalista Alexander van der Bellen por menos de um ponto percentual de diferença. A decisão ameaça jogar o país num imbróglio constitucional.

A sigla direitista afirma ter encontrado diversas irregularidades nos procedimentos de votação. Apesar de a presidência da Áustria ser um cargo de caráter amplamente cerimonial, Norbert Hofer seria o primeiro líder da extrema direita a se eleger chefe de Estado na União Europeia (UE) no pós-guerra.

Hofer perdeu as eleições presidenciais, mas conseguiu dividir a Áustria. Com um discurso eurocético e anti-imigração, apresentando-se como um "homem do povo", ele ficou a apenas 0,6 ponto percentual de Van der Bellen, eleito com 50,3% dos votos – muitos deles, afirmam analistas, usados apenas para conter a ascensão do populista de direita.

O desempenho de Hofer diz muito sobre como os partidos populistas em toda a Europa vêm conseguindo capitalizar em cima da crise migratória e da insatisfação generalizada com os partidos tradicionais da política. E isso na Áustria, um país considerado próspero e com baixa taxa de desemprego.

A legenda FPÖ, agora, ameaça reacender a disputa que dividiu o país durante as eleições. Hofer possui o apoio dos trabalhadores e dos eleitores nas áreas rurais, enquanto Van der Bellen, ex-presidente do Partido Verde, é mais popular nos centros urbanos e entre as pessoas com nível de educação mais alto.

O Ministério austríaco do Interior havia dito que a maioria dos votos considerados irregulares foram qualificados dessa forma por uma questão meramente técnica, enquanto cédulas ainda eram contabilizadas ou processadas antes nas 9h do dia seguinte às eleições.

Segundo o órgão, até 23 mil votos teriam sido afetados, com outros 2 mil excluídos por irregularidades mais graves, como adolescentes que ainda não estavam em idade eleitoral, mas que puderam participar da votação.

Um porta-voz do Tribunal Constitucional afirmou que os juízes deverão decidir sobre o caso até o dia 8 de julho, quando Van der Bellen deverá substituir o presidente Heinz Fischer na chefia de Estado.

Caso a corte decida que irregularidades na votação podem ter influenciado o resultado geral do pleito, novas eleições poderão ser convocadas nos distritos eleitorais afetados.

RC/rtr/dpa