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Extrema direita culpa crise migratória por ataques em Paris

17 de novembro de 2015

Políticos e movimento anti-imigração Pegida exigem interrupção imediata do fluxo de refugiados chegando ao continente. Hungria pede que UE "esqueça o politicamente correto", e ONU pede compaixão.

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Slowenien Flüchtlinge
Foto: Getty Images/J. Mitchell

Marine Le Pen, líder do partido francês de direita Frente Nacional (FN), foi a primeira dos líderes populistas e de extrema direita da Europa a pedir o "fim imediato de toda a admissão de imigrantes na França".

Le Pen disse num comunicado divulgado nesta na segunda-feira (16/11) que um dos terroristas responsáveis pelos ataques em Paris na última sexta-feira tinha chegado à Grécia no mês passado, "entre a massa de migrantes que entram na Europa a cada dia".

Militantes do "Estado Islâmico" (EI) assumiram a responsabilidade pela série de explosões e tiroteios que mataram ao menos 129 pessoas e deixaram mais de 350 feridos na capital francesa.

Hungria: "Esquecer o politicamente correto"

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, expressou opiniões semelhantes no Parlamento em Budapeste na segunda-feira, dizendo que a União Europeia (EU) tinha-se tornado "fraca, incerta e paralisada" devido à crise migratória.

O líder ferrenhamente anti-imigrantes, que já bloqueou a entrada de refugiados pela Hungria ao erguer uma cerca de arame farpado, acrescentou que o plano da UE para redistribuir migrantes entre seus Estados-membros é ilegal e vai "espalhar o terrorismo pela Europa".

"Não achamos que todo mundo é terrorista, mas ninguém pode dizer quantos terroristas já chegaram, quantos estão chegando a cada dia", disse Orbán, acrescentando que a UE precisa "esquecer o politicamente correto e voltar para o senso comum".

Pegida critica política migratória

Na Alemanha, o movimento de direita Pegida (sigla em alemão para "Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente") realizou suas manifestações costumeiras nesta segunda-feira em Dresden.

Siegfried Däbritz, um dos líderes do movimento, disse para as 10 mil pessoas reunidas que os ataques em Paris eram "o resultado de uma política de imigração que convida pessoas de culturas completamente estrangeiras, com valores completamente diferentes, a países e regiões cujas culturas muitos desses imigrantes desprezam".

Fora da Europa, os governadores de quase metade dos 50 estados americanos também anunciaram que interromperiam os esforços para receber refugiados sírios.

"Não serei cúmplice de uma política que coloca os cidadãos do Alabama em perigo", disse o governador republicano Robert Bentley.

De acordo com especialistas em imigração, no entanto, os governadores não podem, legalmente, impedir refugiados de se estabelecerem em seus estados, de acordo com a Lei dos Refugiados de 1980.

ONU: "Não seria o caminho certo"

A ONU rebateu as recusas à entrada dos refugiados, dizendo que "a reação à onda de refugiados deve ser de compaixão e empatia".

"É compreensível que os países precisem tomar todas as medidas necessárias para proteger os seus cidadãos contra qualquer forma de terrorismo", disse Stephane Dujarric, porta-voz da ONU. "Mas focar nos refugiados, pessoas vulneráveis que estão elas mesmas fugindo da violência, não seria o caminho certo."

Autoridades na Alemanha também pediram à população para não demonizar a onda de refugiados que chegam de áreas em crise na África e no Médio Oriente.

"Nós não devemos cometer o erro de igualar refugiados a terroristas", afirmou a ministra da Defesa, Ursula von der Leyen, ao jornal alemão Passauer Neue Presse. "Centenas de milhares de homens, mulheres e crianças deixaram sua terra natal para escapar exatamente do tipo de atrocidade que vimos em Paris na sexta-feira", disse ela.

AF/afp/ap/rtrs