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Dacar

7 de fevereiro de 2011

Países árabes vivenciam revolta contra o imperialismo americano, afirma o presidente da Bolívia, Evo Morales, durante a cerimônia de abertura do evento em Dacar.

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Mulheres senegalesas na marcha de abertura do eventoFoto: AP

As revoltas no Egito e na Tunísia ecoaram na abertura da 11ª edição do Fórum Social Mundial, que começou neste domingo (06/02) em Dacar, com uma marcha reunindo milhares de pessoas. Para os críticos do capitalismo reunidos no Senegal, os levantes populares no norte da África confirmam o lema do encontro, "Um outro mundo é possível".

"Nos países árabes está acontecendo uma revolta contra o imperialismo americano", afirmou o presidente da Bolívia, Evo Morales, o primeiro presidente indígena da América, num palanque instalado na Universidade Cheikh Anta Diop, no oeste da capital senegalesa.

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Morales criticou os EUAFoto: DW/Renate Krieger

Segundo ele, o capitalismo está agonizando no mundo por causa das revoltas populares. "Essa luta não pode ser parada, mesmo que os Estados Unidos tentem impedi-la por meio de muitos financiamentos e dinheiro", afirmou Morales.

Também o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, abordou os acontecimentos no Egito em seu discurso. Carvalho disse a jornalistas que o governo brasileiro espera que as manifestações originem novos governos democráticos no norte da África. O Brasil apenas observa a situação e pede ao presidente Hosni Mubarak que evite mais mortes nos protestos.

O ativista alemão Alexis Passadakis, membro da rede internacional de crítica à globalização Attac, também traduziu o lema do Fórum Social Mundial na avaliação que fez das revoltas. "O que vemos na Tunísia e no Egito nos dá a percepção de que as coisas podem se movimentar um pouquinho numa direção diferente, por direitos sociais, por democracia. Mas, no final, aqueles que ajudaram a criar a crise continuam no poder."

Os organizadores do Fórum Social Mundial estimam que entre 20 mil e 30 mil pessoas participaram da marcha de abertura de evento, percorrendo quase 5 quilômetros sob um sol escaldante, entre a Grande Mesquita de Dacar e a universidade Cheih Anta Diop. A marcha marcou o início do encontro, que prossegue até o dia 11 de fevereiro e discute tanto a crise do capitalismo quanto o que chama de crise das civilizações.

Para muitos participantes africanos, é importante que um continente considerado negligenciado tenha a oportunidade de mostrar seus problemas e propor soluções alternativas.

Além de Morales, o Fórum Social Mundial conta com a presença de várias lideranças internacionais, como a presidente do Partido Socialista da França, Martine Aubry, e o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, em sua primeira viagem internacional depois de deixar o governo.

O Senegal é governado por um adepto do liberalismo, Abdoulaye Wade, que também costuma enfrentar protestos contra o seu governo.

Autora: Renate Krieger, em Dacar
Revisão: Alexandre Schossler