Falece o ex-presidente Johannes Rau

Johannes Rau era um dos principais políticos alemães, ativo há quase 50 anos. Governou o Estado da Renânia do Norte-Vestfália durante duas décadas. Em 1999, Rau se tornou o oitavo presidente da República Federal da Alemanha. O ex-presidente alemão faleceu nesta sexta-feira (27/01), aos 75 anos.

Durante seu mandato como presidente, Rau se destacou por seu engajamento político pela integração dos estrangeiros no país. "Quero ser presidente de todos os alemães e interlocutor de todos aqueles que vivam ou trabalhem no nosso país, com ou sem passaporte alemão", resumiu ele a prioridade de sua presidência.

Terceiro dos cinco filhos de uma família luterana fervorosa, Johannes Rau nasceu em 16 de janeiro de 1931 em Wuppertal, no Estado da Renânia do Norte-Vestfália. Sua infância deu-se durante a ascensão do nazismo e desde cedo, ainda na escola, engajou-se no movimento luterano de resistência.

Passada a guerra e concluído o ensino fundamental, Rau atuou como jornalista, enquanto estudava para se tornar editor de livros. Formado, trabalhou numa editora da juventude evangélica que se dedicava a temas cristãos e aos países em desenvolvimento. Em 1954, foi promovido a gerente e, 11 anos depois, chegou a diretor.

A entrada na política – Muito antes, porém, Johannes Rau já trilhava sua carreira política. Em 1952, havia se filiado ao Partido de Todo o Povo Alemão (GVP), que pregava a reunificação do país e foi extinto cinco anos depois.

Também em 1957, Rau entrou para o Partido Social Democrata (SPD) juntamente com seu mentor político, Gustav Heinemann, que viria a ser presidente da República em 1969.

O jovem livreiro subiu rapidamente dentro do partido e, em 1958, teve sua primeira experiência parlamentar, ao assumir uma cadeira de deputado estadual. Em 1964, acumulou ainda um mandato de vereador em sua cidade natal e, cinco anos depois, foi eleito prefeito.

Ficou apenas dois anos no cargo, pois em 1970 foi nomeado secretário estadual de Ciência e Pesquisa. Logo ganhou o reconhecimento de jovem reformista, por seu engajamento na fundação de cinco instituições de ensino superior e da até hoje única universidade do país de ensino à distância. Suas iniciativas abriram o caminho para a transformação da Renânia do Norte-Vestfália de pólo siderúrgico e carbonífero em moderna região econômica e de pesquisa.

Governador – Em 1978, a Assembléia Legislativa (Landtag) escolheu o secretário Johannes Rau para suceder o então governador, demissionário. O novo chefe de governo da Renânia do Norte-Vestfália manteve a supremacia do SPD no Estado nas quatro eleições seguintes. Em três delas, Rau levou seu partido à maioria absoluta. Neste período, presidiu por dois períodos o Bundesrat, a câmara alta do Parlamento alemão.

Suas únicas derrotas eleitorais foram em nível nacional. Como candidato a chanceler federal, liderou a campanha do SPD nas eleições de 1987, mas não conseguiu vencer a União Democrata Cristã de Helmut Kohl.

Em 1994, Rau aceitou disputar o pleito para a presidência federal, mesmo sabendo da previsível derrota no colégio eleitoral da Assembléia Nacional, de maioria democrata-cristã e liberal.

Fim de era rumo à presidência – Em março de 1998, renunciou aos cargos de presidente regional do SPD e de governador, encerrando duas décadas no comando político e administrativo da Renânia do Norte-Vestfália.

Após a vitória eleitoral do SPD em setembro e a mudança do governo federal em outubro de 1998, Rau despontou como candidato natural à presidência da República, tendo sido eleito em 23 de maio de 1999 pela Assembléia Nacional, o colégio eleitoral que se reúne exclusivamente para escolher o chefe de Estado.

Em 1º de julho, foi empossado em Bonn, onde ainda funcionavam o Bundestag e o Bundesrat, as duas câmaras do Poder Legislativo da Alemanha do pós-guerra. No dia seguinte, o presidente assumiu de fato suas atribuições no Palácio Bellevue, em Berlim.

Igreja e família – Rau exerceu também importantes funções eclesiásticas honoríficas. Durante muitos anos, foi membro do Sínodo da Igreja Evangélica (Luterana) na Renânia e vice-presidente da mesma.

O presidente casou-se em 9 de agosto de 1982 com a cientista política Christina Delius, nascida em 30 de outubro de 1956, neta do ex-presidente Gustav Heinemann (SPD), que exerceu a chefia de Estado de 1969 a 1974. Da união, nasceram três filhos: Anna Christina, de 1983, Philip Immanuel, de 1985, e Laura Helen, de 1986.