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CriminalidadeAlemanha

Federação Alemã de Futebol é alvo de operação de busca

7 de outubro de 2020

Ação faz parte de investigação sobre sonegação de impostos sobre receita oriunda da publicidade em estádios. Manobra permitiu à DFB deixar de pagar 4,7 milhões de euros, afirmam promotores, que acusam seis pessoas.

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Policiais diante da sede da DFB, em Frankfurt
Policiais diante da sede da DFB, em FrankfurtFoto: Frank Rumpenhorst/dpa/picture-alliance

A sede da Federação Alemã de Futebol (DFB), em Frankfurt, e residências de atuais e ex-dirigentes foram alvos de uma operação de busca e apreensão nesta quarta-feira (07/10), no âmbito de uma investigação sobre suspeita de sonegação de impostos. Cerca de 200 policiais participaram da operação, que ocorreu em cinco estados da Alemanha.

Segundo procuradores de Frankfurt, seis dirigentes e ex-dirigentes da DFB são suspeitos de terem declarado intencionalmente receitas geradas de placas de publicidade dentro de estádios em jogos da seleção alemã em 2014 e 2015 como rendimentos oriundos de gestão de ativos. Com essa manobra, a federação escapou de uma tributação de 4,7 milhões de euros (mais de R$ 30,9 milhões).

A DFB é isenta do pagamento de impostos de gestão de ativos, mas é obrigada a pagar taxas por receitas oriundas de qualquer atividade comercial.

Promotores disseram que o inquérito se refere a um acordo assinado em 2013 pela DFB com uma empresa suíça para a comercialização de espaço publicitário dentro dos estádios. Apesar do acordo, a DFB tinha voz ativa na escolha das empresas que teriam suas marcas expostas, para assim privilegiar seus próprios patrocinadores. Assim, o dinheiro obtido dessa maneira pela DFB não poderia ser classificado como oriundo de gestão de ativos e deveria ser taxado.

"Com base nas investigações até agora, há suspeitas de que os acusados sabiam da incorreção tributária, mas escolheram conscientemente dar à DFB uma grande vantagem tributária", afirmou a procuradora Nadja Niesen. Os nomes dos suspeitos e seus cargos na federação não foram revelados.

Este é o mais recente escândalo envolvendo a maior federação de futebol do mundo, que também está sendo investigada por suspeita de desvios de fundos na Copa do Mundo de 2006, que foi realizada na Alemanha. Neste caso, os ex-presidentes da DFB Theo Zwanziger e Wolfgang Niersbach foram denunciados por evasão fiscal.

A denúncia é relacionada a um pagamento de 6,7 milhões de euros à Fifa, realizado em 2005 pela DFB. À época, a federação alemã declarou ao fisco da Alemanha o pagamento como um reembolso de um evento cultural que a Fifa teria promovido na Alemanha como parte dos preparativos da Copa de 2006. Ao declarar o valor dessa forma, a DFB podia pedir deduções ao fisco.

Só que investigadores apontaram que o evento nunca ocorreu. Segundo a denúncia, na verdade o dinheiro era destinado a cobrir um empréstimo secreto que Robert Louis-Dreyfus, ex-presidente da empresa Adidas, havia feito três anos antes para Franz Beckenbauer, presidente do Comitê Organizador da Copa de 2006.

À época em que Beckenbauer recebeu os valores de Louis-Dreyfus, uma soma similar foi transferida pelo presidente do comitê para a conta de uma empresa de Mohamed bin Hammam, um membro do comitê executivo da Fifa. 

A suspeita é que os valores teriam sido usados para cobrir os custos de um caixa 2 originalmente montado com o empréstimo de Louis-Dreyfus. Tudo teria o objetivo de comprar votos de membros da Fifa e garantir a escolha da Alemanha como país-sede da Copa de 2006.

Esse escândalo levou à renúncia de Niersbach em 2015. Seu sucessor, Reinhard Grindel, que comandou a federação entre 2016 e 2019, também renunciou após ter sido descoberto que ele recebeu de presente um relógio de ouro durante uma reunião da Uefa.

CN/rtr/dpa/ots