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Reunificação no futebol

20 de novembro de 2010

Com jogo comemorativo e evento de gala, o futebol alemão festeja neste fim de semana, em Leipzig, 20 anos de reunificação. Porém, sem estrelas e sem equipes no Campeonato Alemão, o futebol do Leste apresenta problemas.

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Reunificação futebolística aconteceu 49 dias após reunificação políticaFoto: THORN WA Leipzig

Com um "jogo dos mitos do futebol" festeja-se neste sábado (20/11), em Leipzig, o 20° aniversário da reunificação futebolística na Alemanha. Os campeões alemães de 1990 jogam contra uma seleção de antigas estrelas do futebol da Alemanha Oriental.

Entre os craques alemães ocidentais, Jürgen Klinsmann e Lothar Mattäus anunciam a sua "volta". Ex-jogadores profissionais participam do time da antiga República Democrática Alemã (RFA): Thomas Doll, Ulf Kirsten e Dariusz Wosz.

Na realidade, o jogo já deveria ter acontecido há duas décadas. No entanto, graves preocupações com a segurança impediram a partida na época. Neste domingo, um evento de gala prestigiado pelo presidente da Uefa, Michel Platini, encerra as comemorações na cidade do Leste alemão.

Em 21 de novembro de 1990, o futebol alemão efetuou sua integração oficial, 49 dias após a reunificação política. Em um encontro extraordinário da Federação Alemã de Futebol (DFB) em Leipzig, a federação de futebol da antiga Alemanha Oriental (DFV) incorporou-se à DFB como Associação de Futebol do Nordeste Alemão (NOFV) e como nova associação regional da DFB.

Futebol do Leste alemão em crise

No entanto, enquanto Leipzig se prepara para a grande festa, os fãs do futebol do Leste da Alemanha nada têm a comemorar. Nos chamados cinco novos estados alemães, a bola só rola em divisões inferiores. Na Primeira Divisão do Campeonato Alemão, a Bundesliga, faltam os grandes times da antiga RFA, como o FC Magdeburg, Dynamo Dresden ou Carl Zeiss Jena.

Somente três equipes do Leste alemão – Erzgebirge Aue, Energie Cottbus e Union Berlin – participam da Segunda Divisão do Campeonato Alemão. E equipes amadoras como Lokomotive Leipzig ou BFC Dynamo Berlin sempre voltam às manchetes; no entanto, somente devido aos hooligans e aos problemas financeiros.

Fußball, Fans von Dynamo Dresden
Fãs do Dynamo Dresden, time da Terceira Divisão da BundesligaFoto: picture-alliance/dpa

Para o jogador recordista nacional da antiga RFA, Joachim Streich, apontar as difíceis condições financeiras como o único motivo da crise seria algo muito simplista. Os desacertos são, em sua maioria, caseiros: "Os responsáveis pelas equipes do Leste alemão cometeram muitos erros", disse.

Volker Oppitz, diretor do Dynamo Dresden, é da mesma opinião. Ele explica que, após a queda do Muro, muitas equipes do Leste alemão foram compradas por empresários duvidosos que só fizeram promessas vazias. "Eram pessoas incompetentes que cometeram muitos abusos", disse Oppitz.

Falta de estrelas

Nesse meio tempo, tornou-se uma raridade os clubes do Leste fornecerem jogadores para os principais times do país, sediados na parte ocidental. Constitui uma verdadeira exceção, portanto, alguém como Marcel Schmelzer (Borussia Dortmund), treinado em Magdeburg, ter podido usar pela primeira vez a camisa da seleção alemã no jogo contra a Suécia, na última quarta-feira.

Nationalmannschaft Deutschland Marcel Schmelzer
Marcel Schmelzer é exceçãoFoto: AP

Apesar de 36 jogadores do Leste do país já terem jogado pela seleção alemã após a reunificação em 1990, a grande maioria conseguiu passar para o outro lado diretamente após a queda do Muro.

Mathias Sammer, Andreas Thom, Thomas Doll, Jens Jeremies, Bernd Schneider, Ulf Kirsten, Thomas Linken, Steffen Freund e mais tarde Michael Ballack marcaram presença durante muito tempo nas equipes da Federação Alemã de Futebol.

Na Copa do Mundo deste ano na África do Sul, o único jogador do Leste escalado pelo treinador Joachim Löw foi Toni Kroos, nascido em Greifswald.

"Escolas de elite"

Na Bundesliga, a situação não é diferente. Dos 246 jogadores profissionais que participaram do último dia de jogos do Campeonato Alemão, somente quatro vinham dos estados do Leste. "Não estamos bem representados no futebol competitivo", constatou Hans-Georg Moldenhauer. Como último presidente da federação de futebol da RDA e posterior presidente da associação regional do Leste, o antigo goleiro do FC Magdeburg exerceu importante papel na reunificação.

Schülerinnen der Potsdamer Sportschule Friedrich-Ludwig-Jahn zeigen am... Caption: Schülerinnen der Potsdamer Sportschule Friedrich-Ludwig-Jahn zeigen am Mittwoch (20.12.2006) vor der Überreichung
Alunas de escola de elite da DFB em PotsdamFoto: picture-alliance/dpa

Para Moldenhauer, apesar de tudo, os últimos 20 anos de futebol são "uma história de sucesso", mesmo que "nem todas as esperanças" tenham se concretizado. Noventa bases de apoio e 15 escolas especializadas em esporte atuam entre Rostock e Dresden, das quais nove merecem o título de escolas de elite da DFB. Em proporção ao número de habitantes, a concentração de escolas de elite é maior no Leste do que na parte ocidental do país.

O secretário-geral da DFB, Wolfgang Niersbach, avalia esse desenvolvimento como um sucesso. "A DFB incorporou muito do futebol do Leste alemão. Por exemplo, as escolas de elite."

Cavaleiro da esperança: RB Leipzig

Se existe um time para o qual se pode prever um bom futuro, este seja talvez o RB Leipzig. A equipe da divisão regional financiada por uma fabricante de bebidas austríaca quer, a longo prazo, subir até o topo da Bundesliga.

Todavia, o responsável pelo gol da vitória no duelo histórico entre as antigas Alemanha Oriental e Ocidental (1:0) na Copa do Mundo de 1974, Jürgen Sparwasser, já deixou de lado há muito tempo a esperança de que uma equipe do Leste alemão venha a vencer a Bundesliga: "Não estaremos vivos quando isso acontecer".

Autor: Arnulf Boettcher (ca)
Revisão: Simone Lopes