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Fifa cancela festa de abertura da Copa em Berlim

(ms/gh)13 de janeiro de 2006

Cancelamento a menos de cinco meses do evento acontece sob alegação da Fifa de que gramado não se recuperaria a tempo para disputa do jogo do Brasil contra Croácia. Cerimônia custaria 25 milhões de euros.

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Beckenbauer e Heller: surpresos com decisão da FifaFoto: dpa - Bildfunk

Com perplexidade, tristeza e uma sensação de vergonha, os alemães receberam a decisão tomada pela Fifa, nesta sexta-feira (13/01), de cancelar a cerimônia de abertura do torneio, que deveria acontecer no dia 7 de junho, no estádio Olímpico de Berlim.

A entidade máxima do futebol justificou a medida, anunciada a menos de cinco meses do evento, com o argumento de que não seria possível recuperar o gramado até a disputa da primeira partida no local, entre Brasil e Croácia, no dia 13 de junho. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, garantiu que o cancelamento teve motivos estritamente esportivos.

Segundo informações do jornal Berliner Zeitung, porém, há indícios de que os reais motivos da decisão foram outros. A festa custaria 25 milhões de euros – bem mais do que o orçamento previsto – e a venda de ingressos, que custavam entre 100 e 750 euros, estaria aquém das expectativas.

O show planejado ao longo dos últimos dois anos sob direção artística do austríaco Andre Heller marcaria a abertura festiva do Mundial. Os ensaios já haviam começado há meses. Estavam previstos concertos com Peter Gabriel e Brian Eno, bem como uma coreografia com cerca de 15 mil de voluntários.

Pelos planos apresentados por Heller em Berlim, em novembro de 2005, a cerimônia de abertura teria ainda como atrações 132 jogadores campeões mundiais – eles eles, Pelé e Maradona – e apresentações da soprano Jessye Norman, da banda Black Eyed Peas, do cantor Cheb Khaled, da Argélia. A regência seria do coreógrafo francês Philippe Decoufle.

Decisão cara para a Fifa

WM-Gala in Berlin soll ausfallen
Problema do gramado: desculpa furada?Foto: dpa - Bildfunk

A decisão da Fifa não só é uma grande decepção para os alemães. Ela também terá impacto financeiro nos cofres da entidade. "Não será uma brincadeira barata para a Fifa, que prometeu cumprir suas obrigações contratuais", advertiu Heller. Ele também não vê possibilidade de transferir o espetáculo para outro estádio, já que fora adaptados às condições do Estádio Olímpico.

"Com grande tristeza despeço-me do interessante trabalho para a festa de gala da Copa 2006", disse Heller. Ele acrescentou que agora se concentrará nos 20 minutos de cerimônia que devem anteceder o jogo de abertura do torneio, no dia 9 de junho, entre Alemanha e Costa Rica, em Munique.

"Vergonha para a Alemanha"

O ministro alemão do Interior, Wolfgang Schäubler, também lamentou a decisão. Ele confia, porém, que a cerimônia menor em Munique será "um sucesso total para o país anfitrião", diz uma nota oficial divulgada pelo Ministério.

"É uma situação desagradável para a Alemanha", disse o secretário de Turismo de Berlim, Hanns Peter Nerger. "Lamentamos profundamente o cancelamento da festa. Berlim perde com isso 100 mil pernoites", afirmou.

O presidente da Comissão de Esportes do Parlamento alemão, Peter Danckert, disse que o problema do gramado é só um pretexto. "Houve diferenças entre a Fifa e Andre Heller", afirmou. Ele sugeriu que o governo realize a cerimônia, mesmo que seja sem Heller.

Já o presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Theo Zwanziger, disse que o cancelamento não é nenhum drama. "Isso não me deixa triste. As pessoas vêm por causa dos 64 jogos de futebol", declarou.