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Cinema alemão

Ole Tangen Jr. (ca)10 de abril de 2007

Há muito que os tempos não estavam tão bons para a indústria cinematográfica alemã. Mas, quando um diretor começa a ganhar prêmios sérios, a próxima pergunta é: 'Quando vai se mudar para Hollywood?'.

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Von Donnersmarck e a atriz Charlize Theron em Beverly HillsFoto: AP

A vida dos outros, do diretor alemão Florian von Donnersmarck, ganhou mais de 30 prêmios nacionais e internacionais, inclusive o cobiçado Oscar de melhor filme estrangeiro. De acordo com um artigo recente da edição alemã da revista Vanity Fair, Von Donnersmarck já atravessou o oceano e agora, chama de lar uma suíte no Hotel Beverly Wilshire, em Los Angeles.

Ele junta assim ao diretor turco-alemão Mennan Yapo, que debutou em Hollywood com Premonição. Estrelado por Sandra Bullock, o filme já arrecadou US$ 17 milhões, desde sua estréia norte-americana, há duas semanas.

O êxodo de diretores alemães parece ser o passo mais lógico rumo a uma carreira de sucesso, numa indústria cinematográfica global e crescente. Alguns diretores, no entanto, argumentam que os obstáculos que encontram em seu país de origem é o que realmente os leva a tentar a sorte em outro lugar.

Cinema à alemã

Oscar Plakat
Após os prêmios, a mudança

"É muito difícil para os diretores viver de cinema na Alemanha, e muitos são forçados a fazer outros trabalhos, como comerciais, para sobreviver", afirmou Steffen Schmidt-Hug, presidente da Associação Alemã de Diretores de Cinema.

Schmidt-Hug acrescentou que outros diretores procuram trabalho em países como França e Estados Unidos.

Segundo as leis da indústria cinematográfica alemã, os diretores são classificados como técnicos – assim como cenógrafos e eletricistas – e sujeitos a limites rígidos de quanto podem ganhar em cada projeto, mesmo se o filme for um grande sucesso comercial.

Leis frustrantes

Oliver Hirschbiegel, der Regisseur des Films Der Untergang
Oliver Hirschbiegel mudou-se para HollywoodFoto: dpa

Schmidt-Hug afirma que tais regras frustram muitos cineastas. E acabam por limitar também a liberdade artística do diretor, já que o corte final do filme cabe sempre ao produtor.

"Na França, por lei, o corte final pertence ao diretor. Nos Estados Unidos, o diretor fica com o corte do diretor, mas não com o corte final. Na Alemanha, os diretores não têm direito nem mesmo a isso", declarou o cineasta.

Oliver Hirschbiegel, diretor de A queda, aclamado pela crítica, tem castigado em diversas ocasiões a indústria cinematográfica alemã. Ele ficou famoso por declarar, durante um debate no ano passado que, na Alemanha, os diretores recebiam "um pagamento de m****". Em seguida, arrumou as malas e foi para Hollywood.

Dinheiro novo, velhos problemas

Como na maioria dos países europeus, a indústria de cinema na Alemanha depende de financiamento público. O governo federal alemão reserva mais de 260 milhões de euros por ano para projetos de filmes. Isto inclui um adicional de 60 milhões previstos no orçamento federal de 2007, como um "incentivo para ampliar a produção de filmes na Alemanha".

"O modelo terá um impacto rápido e direto nos produtores e estúdios alemães e tornará a Alemanha um lugar de produção mais atraente para produções internacionais maiores", declarou Bernd Neumann, ministro alemão da Cultura, apoiando os novos incentivos.

Viver de arte

Wolfgang Becker Regisseur
Wolfgang Becker fica em BerlimFoto: presse

De acordo com Schmidt-Hug, no entanto, o sistema é estruturado a favor de produtores estabelecidos. Um exemplo é a exigência de que os cineastas independentes assinem um acordo de distribuição, antes da mobilização de quaisquer fundos. Uma tarefa difícil até mesmo para diretores experientes.

Tal sistema impõe enormes obstáculos no caminho de diretores promissores e inexperientes, como, por exemplo, Von Donnersmarck.

"Na Alemanha, há o conceito do 'poeta batalhador, e as pessoas dizem que artistas não precisam ser pagos. Eles têm seu filme, sua arte", comentou Schmidt-Hug.

Nem todo diretor alemão de cinema, no entanto, está procurando seu lugar ao sol. No ano passado, o Wolfgang Becker (Adeus, Lênin!) foi perguntado se trocaria as locações da Alemanha pelos ensolarados céus da Califórnia. Referindo-se, possivelmente, ao baixo custo de vida na capital alemã, ele respondeu prontamente: "De maneira alguma. Berlim tem um padrão de vida muito mais alto".