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França e Nova Zelândia apelam contra a violência online

15 de maio de 2019

Países lançam iniciativa para impedir que internet seja usada para disseminar ódio, organizar grupos extremistas e difundir ataques terroristas. Empresas prometem agir, e várias nações aderem à causa. EUA se recusam.

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Jacinda Ardern e Emmanuel Macron
Jacinda Ardern e Emmanuel Macron lideram a iniciativa, chamada de Apelo de ChristchurchFoto: picture-alliance/dpa/AP/M. Euler

O presidente da França, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, lançaram nesta quarta-feira (15/05) em Paris o Apelo de Christchurch contra a violência online.

No mesmo dia, o Facebook restringiu o uso do seu serviço de transmissão de vídeos, o Facebook Live, que foi utilizado pelo atirador de Christchurch para difundir o seu ataque de 15 de março a duas mesquitas nesta cidade neozelandesa, no qual matou 51 muçulmanos.

O atentado assumiu contornos mais chocantes porque "foi concebido para se tornar viral", declarou Ardern ao jornal francês Le Monde. "O Facebook, que foi utilizado como plataforma para a transmissão, tentou apagar o vídeo: retiraram-no 1,5 milhão de vezes. Durante as primeiras 24 horas, ele foi recolocado no YouTube a cada segundo", afirmou.

Na ocasião, o Facebook foi muito criticado por não ter bloqueado a transmissão de imediato. As imagens se propagaram rapidamente pela internet.

Os países não podem lutar sozinhos contra um problema mundial, insistiu a primeira-ministra da Nova Zelândia. "É necessária uma resposta mundial a uma rede mundial."

Segundo a presidência da república francesa, o Apelo de Christchurch pede aos países e às grandes empresas de conteúdo digital para atuarem contra o extremismo e a violência online.

Cerca de 20 dirigentes e empresários se uniram à iniciativa, incluindo o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e a chefe de governo da Noruega, Erna Solberg. Também participaram da reunião em Paris, nesta quarta-feira, o rei Abdallah da Jordânia, o presidente do Senegal, Macky Sal, a primeira-ministra britânica, Theresa May, e executivos de Google, Twitter e Facebook.

Espanha, Austrália, Alemanha, Índia, Japão, Holanda e Suécia, ausentes na capital francesa, também aderiram à iniciativa.

A Casa Branca informou que os Estados Unidos não se unirão à causa, embora apoiem os objetivos da iniciativa. "Embora os Estados Unidos não estejam atualmente em condições de se unir ao endosso, continuamos a apoiar as metas globais refletidas" no Apelo de Christchurch, disse Washington em comunicado.

Eles debateram maneiras de impedir que as redes sociais sejam usadas para disseminar o ódio, organizar grupos extremistas e difundir ataques terroristas.

O Apelo de Christchurch "é uma resposta global a uma tragédia que ocorreu nas margens do meu país, mas acabou sendo sentida ao redor do mundo", disse a premiê da Nova Zelândia, que vem exercendo um papel de liderança nos esforços para combater o extremismo online num âmbito global.

"Fundamentalmente, [o documento] nos compromete todos a construir uma internet mais humana, que não pode ser mal utilizada por terroristas para seus propósitos odiosos", afirmou Ardern em coletiva de imprensa ao lado de Macron.

Críticos afirmam que a iniciativa não tem qualquer poder coercitivo. "Se trata de uma declaração de princípios, de uma iniciativa política, nada mais", afirmou o jornalista Marc Rees, chefe de redação do portal francês Next INpact, especializado em novas tecnologias. "Não é que Facebook ou Twitter não queiram, mas retirar em tempo real um conteúdo colocado online é simplesmente impossível", acrescentou.

Emmanuel Macron e Mark Zuckerberg em Paris
Zuckerberg já se encontrou com Macron para debater o combate à violência onlineFoto: Getty Images/AFP/C. Petit Tesson

No dia do encontro, o Facebook anunciou que usuários que violarem as suas regras, por exemplo compartilhando conteúdo terrorista, serão bloqueados de forma imediata.

O YouTube recordou que, no primeiro trimestre de 2019, retirou 89.968 vídeos e encerrou 24.661 contas que faziam a promoção da violência ou do extremismo violento e afirmou que 76% desses vídeos foram retirados antes que um usuário pudesse vê-los.

O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, não esteve presente por ter estado na sexta-feira passada no Palácio do Eliseu, onde foi recebido por Macron.

Na ocasião, o presidente francês voltou a defender a intervenção dos poderes públicos na regulação das grandes plataformas de redes sociais.

O governo francês tem sugerido uma lei que obrigaria as redes sociais a retirarem em 24 horas os conteúdos assinalados, sob pena de uma pesada multa. Paris pretende promover semelhante regulação em nível europeu.

AS/EK/lusa/afp/ap/efe/lusa

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