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França elege nova Assembleia Nacional

Soraia Vilela9 de junho de 2012

A França elege um novo Parlamento. Resultados muito positivos para Frente de Esquerda poderão causar problemas para a UE. A populista de direita Marine Le Pen está de olho nas eleições presidenciais em cinco anos.

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Foto: AP

 A Alemanha e a França funcionam de maneira diferente. Isso é perceptível não apenas para o novo duo de lideranças Merkel-Hollande, com seus esforços em prol de uma aproximação política, mas também para os observadores alemães das eleições legislativas francesas. Na França, comunistas e populistas de direita ocupam cadeiras na Assembleia Nacional e os eleitores que moram no exterior podem pela primeira vez votar pela internet em seus deputados preferidos. E isso uma semana antes do pleito, que acontece neste domingo (10/06).

Os primeiros resultados parciais das eleições no exterior já foram publicados no site do ministério francês do Exterior. Caso a tendência dos votos contabilizados até agora permaneça, François Hollande sairá vitorioso. Enquetes recentes e a experiência do passado levam a crer que Hollande irá provavelmente atingir a almejada maioria parlamentar de esquerda, pois toda vez que um presidente era escolhido para o cargo, os eleitores trataram de lhe garantir, pouco depois, uma maioria parlamentar.

Acordos preliminares

O importante na França acaba sendo os acordos entre os partidos, que, meses antes do pleito, garantem os fundamentos para uma coalizão de governo. Os socialistas, por exemplo, já acertaram com seus parceiros verdes, no ano passado, que estes abdicariam de seus próprios candidatos. Um acordo entre socialistas e a Frente de Esquerda do popular Jean-Luc Mélenchon acabou, contudo, fracassando há pouco.

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Merkel e Hollande: em busca de algo em comumFoto: Reuters

É muito provável que, antes do segundo turno, alguns socialistas recuem para dar lugar a candidatos da Frente de Esquerda. De toda forma, de acordo com as últimas enquetes, o Partido Socialista não deverá obter uma maioria própria na Assembleia Nacional, sendo obrigado a selar uma coalizão com o Partido Verde e que a Frente de Esquerda.

Promessas a serem cumpridas

Resultados muito favoráveis à extrema esquerda poderão colocar em risco as finanças do Estado francês, afirma Emiliano Grossmann, cientista político da escola parisiense de elite Sciences Po. "François Hollande é um socialista moderno. Suas promessas de crescimento implicam em algumas modificações cosméticas no Pacto Fiscal europeu. Mas se a Frente de Esquerda obtiver bons resultados, haverá maior pressão por uma reforma mais profunda. Isso se tornaria um problema para toda a União Europeia e para as relações da França com a Alemanha", completa Grossmann.

Uma coisa é clara: o presidente fez diversas promessas durante a campanha eleitoral, que só podem ser cumpridas com uma maioria parlamentar de esquerda, explica Norbert Wagner, diretor da Fundação Konrad Adenauer, ligada à conservadora União Democrata Cristã (CDU). Entre estas promessas está, por exemplo, a volta à aposentadoria aos 60 anos, novos postos para servidores públicos e uma alíquota de 75% no imposto pago por milionários. A ala conservadora aponta essas decisões como aventureiras.

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Norbert Wagner, diretor em Paris da Fundação Konrad Adenauer, ligada à conservadora CDUFoto: privat

UMP fracassa na era pós-Sarkozy

Já as perspectivas para a União por um Movimento Popular (UMP), de Nicolas Sarkozy, são baixas depois de sua recente derrota, embora os prognósticos não sejam de resultados trágicos para o partido. O grande problema da UMP é a ampla aceitação da Frente Nacional entre a população. Segundo pesquisas recentes, o partido conta com apoio de 15% dos eleitores.

Uma coalizão entre a UMP de Sarkozy e a Frente Nacional é, porém, tradicionalmente rejeitada pelos conservadores. E tal aliança não seria nem mesmo de interesse dos populistas de direita. O propósito de Marie Le Pen é destruir a UMP, para ficar com os votos de seus adeptos, diz Wagner. "Quanto maior for o fracasso da UMP, maior será a probabilidade de haver sérias tensões entre os partidos conservadores", completa. E é exatamente isso o que quer Marine Le Pen, já de olho nas eleições presidenciais de 2017.

Le Pen: presidência na mira

O fato de o partido de Le Pen ocupar, pela primeira vez desde 1986, cadeiras no Parlamento é de qualquer forma uma notável cesura política. Segundo o cientista político Grossmann, em entrevista à DW, a Frente Nacional abandona seu passado de partido de protesto. De acordo com ele, Le Pen expulsou das fileiras do partido adeptos neonazistas e proibiu terminantemente declarações de teor racista.

Frankreich 1. Mai 2012 Marine Le Pen
Marine Le Pen: populismo de direita em novo formatoFoto: Reuters

Como mostram os resultados, se dependesse dos franceses que moram na Alemanha, de nada adiantariam as artimanhas da populista de direita – os votos dados a ela pelos franceses que vivem na Alemanha foram parcos. De qualquer forma, os franceses que vivem no exterior não parecem levar muito a sério as eleições legislativas em seu país de origem. Apenas 20% compareceram às urnas neste primeiro turno.

Autor: Andreas Noll (sv)

Revisão: Marcio Pessôa