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França investiga Assad por atrocidades na Síria

30 de setembro de 2015

Promotoria Pública de Paris investiga o presidente sírio por crimes contra a humanidade cometidos durante a guerra civil. Caso evidencia divisões entre as potências mundiais sobre o tratamento dado a Assad.

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Syrien Präsident Bashar al-Assad
Foto: picture alliance/dpa/Syrian Arab News Agency

A Promotoria Pública de Paris anunciou nesta quarta-feira (30/09) que investiga o presidente sírio, Bashar al-Assad, por supostos crimes contra a humanidade, num caso que traz à luz as divisões entre as maiores potências militares mundiais sobre o tratamento dado ao autocrata.

As investigações, abertas oficialmente no dia 10 de setembro, irão averiguar denúncias de tortura e sequestros por parte das tropas de Assad, "com base em indicações recebidas do Ministério do Exterior", afirmou uma autoridade da promotoria.

"Frente a esses crimes que atacam a consciência humana, essa burocracia do terror, diante da negação dos valores da humanidade, é nossa responsabilidade agir contra a impunidade desses assassinos", afirmou em, comunicado, o ministro francês do Exterior, Laurent Fabius.

Não foi esclarecido se os investigadores franceses irão viajar à Síria, em meio à guerra civil no país, assim como quem serão os acusados e de que forma se planeja levá-los a julgamento.

Com base no livro As matanças secretas de Assad, um dossiê com 55 mil fotos feitas por um fotógrafo conhecido apenas como Caesar – que desertou das Forças Armadas sírias em 2013 –, os investigadores irão se concentrar em atrocidades supostamente cometidas nos dois primeiros anos da guerra civil.

As imagens do livro mostram corpos esquálidos, pessoas com ferimentos nas costas e no abdômen e ao menos uma fotografia de centenas de corpos depositados num barracão, cercados de sacos plásticos utilizados para enterrá-los.

Divisão internacional

A França se uniu na semana passada à coalizão internacional que realiza ataques aéreos contra o EI na Síria. As autoridades se mantêm contrárias a Assad em razão da repressão violenta aos protestos pacíficos em 2011, que muitos acreditam ter levado o país à guerra civil. A Arábia Saudita ameaçou remover o presidente sírio do poder por meios militares, caso ele não renuncie.

O único apoio de peso de Assad é a Rússia. Durante a Assembleia Geral da ONU, o presidente russo, Vladimir Putin, tentou mobilizar uma ação militar contra o "Estado Islâmico" (EI) na Síria. Nesta quarta-feira, o Parlamento russo deu permissão ao Kremlin para enviar tropas ao país árabe, respondendo a um pedido direto do presidente sírio.

Moscou insiste que Assad participe dos esforços internacionais para deter os avanços do EI no país, mas o Ocidente se nega a lutar ao lado do autocrata.

Os líderes mundiais acusam Assad de ter matado mais sírios do que o EI, ao realizar bombardeios em áreas civis. Damasco nega essas acusações, apesar de fortes indícios que as evidenciam.

O conflito na Síria já matou cerca de 250 mil sírios e provocou o deslocamento de 11 milhões de pessoas, milhares das quais buscam refúgio na Europa.

RC/afp/ap