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Franz Marc em Munique

Carlos Albuquerque23 de novembro de 2005

Foi aberta, na capital da Baviera, a maior exposição já realizada do carismático pintor expressionista alemão Franz Marc, falecido há 90 anos, na Primeira Guerra Mundial.

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'Estudo de Cavalo I', de 1905Foto: presse

Quem tiver a oportunidade de ir a Munique neste inverno e pegar o metrô até a estação Königsplatz, terá uma grande surpresa: a grande exposição de pinturas, trabalhos em papel, cartões-postais e esculturas do pintor alemão Franz Marc, um dos mais populares representantes da pintura expressionista.

O espaço que sobrou durante a construção do metrô chama-se agora Kunstbau e é usado como ampliação da Lenbachhaus, a antiga mansão do pintor Franz von Lenbach (1836–1904), que se localiza sobre a estação. Nestes dois espaços, se divide a mostra.

A Lenbachhaus, praticamente uma chácara no centro de Munique, abriga, além de pinturas acadêmicas do século 19, uma coleção única de pinturas do grupo expressionista alemão O Cavaleiro Azul (Der Blaue Reiter), ao qual pertenciam Franz Marc, Vassily Kandinsky, Paul Klee, August Macke e Gabriele Münter.

Fortes emoções

Ausstellung Franz Marc - die Retrospektive in München
Cavalos: o principal motivo de Franz MarcFoto: AP

Os amantes da pintura clássica moderna terão que ter nervos de aço ao passar pelas fontes e jardins da Lenbachhaus. Ali se encontram os estudos e primeiros trabalhos de Franz Marc, entre importantíssimas pinturas de Klee, Kandisky, Kirchner, Münter e outros.

Os rascunhos de passarinhos voando, cantando, morrendo ou de cervos que correm ou dormem, além dos estudos humanos da sua primeira fase que vai até 1909/10, vão servir-lhe na transmissão de toda a força expressiva encontrada em trabalhos posteriores, impregnados por temas da natureza, sobretudo o reino animal.

Esse amor à natureza se expressa principalmente em seu motivo principal: os cavalos, apresentados geralmente em grupos. Telas como a Grande Paisagem com Cavalos de 1909 foram, depois de prontas, destruídas pelo próprio autor. Restaurados mais tarde, quadros como este finalizam a primeira parte da exposição.

Apesar do tempo da arte não ser linear, é aconselhável que se comece por estes primeiros trabalhos do pintor.

Experiência inesquecível

Blaues Pferd von Franz Marc aus dem Jahr 1911 Kalenderblatt Mai
'O Cavalo Azul', de 1911Foto: dpa

O prosseguimento da exposição se torna uma experiência inesquecível. O visitante vê em toda a sua riqueza de cores e formas, dentro do espaço da estação do metrô, as principais obras do mestre expressionista.

Além de pinturas, aquarelas e guaches, rascunhos, cartões-postais e suas últimas esculturas estão apresentadas no Kunstbau.

Até o final da mostra, em 8 de janeiro de 2006, podem ser vistos quadros como O Touro, A Vaca Amarela ou O Cavalo Azul de 1911, que em pesquisa feita pela rede de televisão ARD foi considerado uma das dez pinturas com as quais os alemães mais se identificam.

A continuação da exposição permite ao visitante a percepção do desenvolvimento estilístico e temático do pintor, como também uma melhor compreensão dos segredos da sua pintura fauniana, através da correlação dos diferentes gêneros abordados pelo autor, expostos no Kunstbau.

Faça arte, não faça guerra

Blaue und Rote Pferde
'Cavalo Azul e Vermelho', de 1912Foto: Staatsgalerie Stuttgart

Franz Marc nasceu em 1880 em Munique e esta exposição também comemora os 125 anos do seu nascimento. O grande salto no seu deselvolvimento como estilizador de formas e libertário da cor foi sem dúvida o encontro com o russo Vassily Kandinsky.

Marc e Kandinsky montaram, em 1911, a exposição O Cavaleiro Azul, o mesmo nome do famoso quadro de Kandinsky. Na seqüência, Franz Marc pintou os quadros de animais de grande força simbólica e de expressiva abstração, que se tornaram ícones da pintura clássica moderna.

O catálogo da exposição chama atenção para a impressão do profundo elo entre criatura e cosmo que os quadros do pintor nos traz. Marc não só queria pintar bichos, mas também queria representar os sentimentos dos animais.

Der Stier
'O Touro', de 1911

Observando um pouco mais, pode-se entender também por que Marc é considerado um dos mais carismáticos pintores alemães: o seu tigre não é tão raivoso, a sua raposa não é tão selvagem e o seu touro dorme como um cervo.

Convocado para lutar na Primeira Guerra Mundial, Franz Marc faleceu no campo de batalha em 4 de março de 1916, próximo a Verdun, na França. Ao subir a rampa de saída da exposição, a única pergunta que fica na cabeça do visitante é: como alguém tão sensível poder ter ido morrer em uma guerra?