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França tem "onda verde" nas eleições municipais

29 de junho de 2020

Legenda ambientalista impôs derrotas ao partido de Macron em grandes cidades do país, em pleito marcado por abstenção recorde. Em Paris, prefeita socialista é reeleita.

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Emmanuel Macron
Macron durante as eleições de domingo. Partido do presidente sofreu com a impopularidade do governo Foto: Reuters/Y. Valat

O partido do presidente Emmanuel Macron sofreu neste domingo (28/06) uma derrota contundente nas eleições municipais francesas, que também foram marcadas por abstenção recorde e pelo avanço dos Verdes, que conquistaram várias prefeituras de cidades importantes do país.

Já em Paris, a socialista nascida na Espanha Anne Hidalgo conquistou mais um mandato com pouco mais de 50% dos votos, à frente de sua principal adversária, a ex-ministra da Justiça Rachida Dati, candidata dos Republicanos (partido conservador), que obteve 32%, segundo as primeiras estimativas.

Fora de Paris, os Verdes dominaram, vencendo em Lyon, Bordeaux e Marselha, assim como em outras municipalidades expressivas, como Besançon, Poitiers e Annecy.

"Esta noite venceu o desejo de um ecologismo concreto, um ecologismo de ação", declarou o líder do Europa Ecologia - Os Verdes (EELV) e eurodeputado Yannick Jadot.

A vitória também posiciona os Verdes como a principal força de esquerda na França, um sinal da mudança política que têm ocorrido em muitos países europeus, onde antigos partidos social-democratas têm perdido espaço. No momento, há ministros ambientalistas na Suécia, Finlândia e Áustria, e os Verdes têm consolidado a posição de segunda maior força política nas pesquisas eleitorais na Alemanha.

Anne Hidalgo
Socialista Anne Hidalgo conquistou mais um mandato em ParisFoto: picture-alliance/AP/C. Ena

Já o partido do presidente francês, o República em Marcha (LREM), criado alguns meses antes das eleições presidenciais de 2017, perdeu em quase todas as grandes cidades francesas.

O primeiro-ministro, Édouard Philippe, cuja popularidade disparou por sua gestão da pandemia, ajudou em parte a estancar a perda de votos do governo, ao vencer a corrida pela prefeitura da cidade portuária de Le Havre, seu reduto eleitoral. A Constituição francesa permite que o premiê possa nomear um substituto para governar a cidade e manter seu cargo no Legislativo.

"Esta noite, sentimos certa decepção", admitiu a porta-voz do governo francês, Sibeth Ndiaye.

Já na cidade de Perpignan, perto da fronteira com a Espanha, venceu o candidato de extrema direita Louis Aliot, ex-companheiro de Marine Le Pen, que obteve 54% dos votos.

Com a vitória nesta cidade de mais de 100 mil habitantes, Aliot conquistou para a ultradireita a maior cidade desde Toulon em 1995. "É uma mensagem excelente para o futuro", disse o político ao comemorar sua vitória.

Mas foi um raro bom resultado neste pleito para a extrema direita, que no balanço geral acabou perdendo um número substancial de vereadores em várias cidades. Seis anos atrás, o RN – ainda chamado Frente Nacional - conquistou 1.438 cadeiras em 463 cidades. Ontem, foram 840 cadeiras em 258 cidades.

Abstenção recorde

As eleições ocorreram em meio à ameaça de uma nova onda de coronavírus. Quase 30 mil pessoas morreram em decorrência da covid-19 na França. O cenário acabou favorecendo uma abstenção recorde no pleito.

Apesar da adoção de medidas sanitárias máximas, como o uso obrigatório de máscaras ou a disponibilização de álcool em gel nas seções eleitorais, apenas 40%, ou quatro em cada dez eleitores, compareceram às urnas.

Assim que os primeiros resultados foram divulgados, Macron disse estar "preocupado com a baixa participação".

A oposição também e, em particular, o líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon qualificou as eleições como  uma "greve cívica", e a ultradireitista Marine Le Pen descreveu a abstenção como "impressionante".

JPS/rt/lusa/afp

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