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Mídia

Global Media Forum aborda tema "desigualdades globais"

11 de junho de 2018

Organizado pela DW, GMF discute em Bonn como a mídia pode garantir qualidade e ajudar a combater o radicalismo alimentado por notícias falsas. Participantes destacam injustiças no acesso a informações confiáveis.

https://p.dw.com/p/2zJ1B
Público na cerimônia de abertura do Global Media Forum 2018, em Bonn
Cerca de 2 mil participantes discutem os diferentes aspectos das desigualdades globais na 11ª edição do Global Media Forum da DW

Reunindo tanto tomadores de decisão das esferas da política, ciência e imprensa, quanto representantes de organizações não governamentais do mundo inteiro, o Global Media Forum se tornou a maior conferência midiática internacional da Alemanha.

A 11ª edição do evento organizado pela DW começou nesta segunda-feira (11/06), focando o tema "desigualdades globais". Até a quarta-feira são esperados cerca de 2 mil inscritos de mais de 120 países. Por isso, para o diretor-geral da DW, Peter Limbourg, o Global Media Forum é "uma plataforma única de intercâmbio com jornalistas de vários países, com gestores de mídia dos nossos parceiros em todo o mundo e com gente que defende a liberdade de imprensa e de expressão".

Limbourg constata também que "todos os anos, o Global Media Forum mostra quão intensamente a DW está conectada em rede. Através do intercâmbio e do diálogo, podemos aprender muito ".

Acesso desigual à informação de qualidade

A maioria das inscrições para 2018 partiu do Paquistão e de Bangladesh, além de vários países africanos, relata Verica Spasovska, responsável pelo conteúdo do GMF.

As desigualdades globais serão abordadas em 60 eventos diferentes, incluindo debates sobre o aspecto político com a comissária da União Europeia para Economia e Sociedade Digitais, Mariya Gabriel. Em seu discurso na abertura do Fórum, ela destacou não serem apenas os bens materiais distribuídos de maneira desigual num mundo globalizado, mas também o acesso a informações confiáveis, resultando em problemas.

"A qualidade das informações disponíveis é um fator decisivo, uma condição indispensável para que cada um de nós possa tomar decisões fundamentadas, seja por uma decisão pessoal, ou para um futuro comum", afirmou.

De acordo com a comissária europeia, a digitalização mudou radicalmente a transmissão de informações. Plataformas como o Facebook e o Twitter teriam assumido funções tradicionais da imprensa, e cada vez mais são privilegiadas como fontes primárias de informação. A política búlgara de 39 anos, essa transformação "aconteceu fora dos padrões de profissionalismo e ética do jornalismo". Ela enfatizou o combate às informações falsas, sobretudo nas redes sociais

Qualidade versus populismo

A secretária de Estado no Ministério Exterior Michelle Müntefering chamou a atenção para a manipulação automatizada de informações com financiamento direcionado pelos assim chamados "social bots", empregada em especial para disseminar ideologias populistas. Nesse contexto, ela citou a ingerência na crise da Ucrânia e nas campanhas pró-Brexit e pelas eleições presidenciais nos Estados Unidos, em 2016. Os "robôs de opinião pré-programados" também dificultam a atuação de um jornalismo de qualidade, que luta cada vez mais com a redução de recursos financeiros e a repressão estatal em muitas partes do mundo.

Mariya Gabriel, comissária europeia para Economia e Sociedade Digitais, durante discurso de abertura do Global Media Forum 2018
Mariya Gabriel, comissária europeia para Economia e Sociedade DigitaisFoto: DW/P. Böll

Segundo a comissária Mariya Gabriel, a UE quer apelar a grandes redes de informação na internet – como mídias tradicionais, redes sociais, mas também o Google, por exemplo – para que identifiquem as fake news, além de darem mais visibilidade aos conteúdos de veículos tradicionais de comunicação como os jornais, através de uma modificação de seus algoritmos.

"O objetivo é estabelecer e validar um 'código de boa conduta' até setembro deste ano. Ele deverá abranger temas como a redução de lucros de autores de informações falsas até a necessidade de transparência de conteúdos patrocinados. Tratará da possibilidade de usuários de avaliar conteúdos com base em indicadores de confiança e também de uma melhor compreensão do papel dos algoritmos, decisivos para a compreensão da ordem de visibilidade de notícias."

Tom Buhrow, diretor-geral da rádio e TV WDR, destacou também o papel de veículos de comunicação de direito público financiados por impostos na Alemanha, como sua emissora e a DW. A relevância dessa mídia, dirigida de forma abrangente a todos os habitantes de uma área (broadcast, em oposição ao "narrowcast" das redes sociais), cresce especialmente em tempos de ameaça à liberdade de opinião pela censura e a divulgação de fake news. Para atingir o maior número de pessoas, argumentou Buhrow, é preciso elaborar um conceito de mídia com ofertas tanto para o público culto como para um menos culto.

Celulares como agentes da mudança

No campo prático, o jornalista Yusuf Omar vai explicar durante o evento de três dias como o celular pode ser usado na luta contra a desigualdade. "Se a caneta é mais poderosa do que a espada, os celulares são o nossos agentes de mudança mais poderosos", comentou antes do início do GMF. Ele é cofundador da iniciativa "Hashtag Our Stories", que visa possibilitar a comunidades marginalizadas do mundo inteiro compartilharem suas histórias em vídeos via celular.

Para o diretor-geral Limbourg, é importante, ainda, "que nos confrontemos com as realidades onde existem desigualdades, onde há injustiças que já são quase vistas como normais, e como se pode combatê-las".

"Mesmo que nunca haja igualdade plena no mundo, é preciso termos a ambição de conquistar direitos fundamentais iguais. Concretamente, inclui questionar o que isso significa para a forma como fazemos a nossa cobertura." Limbourg participa pessoalmente da abertura do GMF e de outros eventos do fórum, como a entrega do prêmio Freedom of Speech Award, para a liberdade de expressão.

Participante de painel sobre tendências midiáticas e culturais versus desigualdades globais
Participante de painel sobre tendências midiáticas e culturais versus desigualdades globaisFoto: DW/U. Wagner

GMF mais participativo e interativo

A organizadora Verica Spasovska quis que a 11ª edição do GMF fosse mais interativa, participativa e com mais possibilidades de diálogo. "Reduzimos o número de painéis em que há de três a cinco pessoas discutindo. Em vez disso, teremos muitos eventos de debates durante os quais os palestrantes estarão no meio do público."

Uma equipe de mídia social alimentará as discussões pelo Twitter, com perguntas, ideias e propostas feitas de fora Bonn, já que o GMF será transmitido em tempo real, podendo ser acompanhado por quem não pode viajar para a sede da DW. Spasovska lembra que em 2017 "cerca de 40 mil pessoas assistiram às transmissões ao vivo". Interessados também podem baixar o aplicativo do GMF no site para participar do evento à distância.

De acordo com a responsável pelo programa do GMF 2018, a novidade deste ano é que o terceiro dia da conferência será completamente desvinculado da temática das desigualdades globais. O Media Innovation Lab Day (Dia da Inovação de Mídias) se concentrará "nos desafios e oportunidades da digitalização para profissionais da mídia".

O tema "desigualdades globais" também será destaque de uma exposição fotográfica do artista Johnny Miller. As imagens feitas com drones "mostram, de maneira impressionante, como favelas e bairros ricos convivem lado a lado em grandes cidades do mundo", revela Spasovska. O evento internacional também terá presença de artistas como o músico de reggae alemão Patrice Bart-Williams e a poeta e cantora inglesa Anne Clark.

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Martin Muno
Martin Muno Imigrante digital, interessado em questões de populismo e poder político.