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Governo exige responsabilidade social do empresariado

(sm)18 de abril de 2005

Cúpula do SPD faz crítica ao capitalismo, apela por resgate do Estado social e acusa empresariado de falta de solidariedade.

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Franz Müntefering defende poder do EstadoFoto: AP
Schröder und Müntefering eröffnen die Sitzung des SPD Parteivorstandes in Berlin
Gerhard Schröder e Franz MünteferingFoto: AP

O governo alemão concorda, em parte, com a polêmica crítica ao capitalismo feita pelo presidente do Partido Social Democrata (SPD), Franz Müntefering. O chanceler federal Gerhard Schröder endossou a acusação básica de seu correligionário contra o empresariado alemão, afirmando que "o poder do capital também implica responsabilidade social".

Müntefering havia provocado uma polêmica neste fim de semana, ao declarar que "determinados investidores do sistema financeiro nem se dão ao trabalho de pensar nas pessoas cujos empregos estão destruindo. Eles se mantêm anônimos, não mostram a cara, simplesmente baixam nas empresas como um bando de gafanhotos, devastam tudo e seguem em frente." Dias antes, durante um fórum sobre o programa do SPD, Müntefering havia apontado "o crescente poder do capital" como um perigo para a democracia.

Lucrar e demitir

Josef Ackermann Deutsche Bank
Josef Ackermann, presidente do Deutsche BankFoto: AP

A crítica de Müntefering, por sua vez, não se manteve anônima. Ele acusou o presidente do Deutsche Bank, Josef Ackermann, de falta de ética empresarial, "ao declarar como meta obter 25% de rendimento do capital próprio e despedir 6400 pessoas no mesmo dia em que anunciou o aumento do índice de crescimento do banco". "Isso deprime as pessoas e ameaça a confiança na democracia", afirmou o social-democrata.

Um porta-voz do governo ressalvou que Schröder provavelmente teria escolhido outras palavras para formular esta crítica. No entanto, o chefe de governo não perdeu a oportunidade de exigir mais empenho do empresariado na melhoria do quadro econômico alemão. O ministro das Finanças, Hans Eichel, também criticou a mentalidade de curto prazo do empresariado.

O presidente da Confederação dos Empregadores Alemães (BDA), Dieter Hundt, declarou que Müntefering só estaria demonstrando sua insegurança através destas críticas. "A posição do SPD é distante da realidade. Quem fala do poder da economia ou do capital só pode estar alheio ao mundo". O governador da Baviera, Edmund Stoiber (CSU), qualificou de primitiva e baixa a crítica ao capitalismo de Müntefering, advertindo que tais observações podem ter impacto negativo no exterior.

Resgatando a Democracia Social

Esta recente polêmica sobre a responsabilidade social do empresariado representa um resgate dos princípios da democracia social dentro do SPD. Com suas recentes declarações, Müntefering assinalou a importância de resguardar a função do Estado: "Há quem defenda um Estado enxuto e não se importe se ele acabar morrendo de sede". Ele lamenta que esta seja, em parte, a mentalidade do empresariado.

Deutsche Bank Demonstrant gegen Stellenabbau
Manifestação contra o corte de empregos no Deutsche BankFoto: AP

"O ceticismo em relação ao Estado é um equívoco; seu desmerecimento, um perigo", declarou Müntefering, lembrando que é o Estado que viabiliza a democracia e organiza a convivência social. Para ele, esta questão representa uma ruptura no destino político da Alemanha.

Com estas observações, o presidente do SPD também advertiu seus correligionários contra um gradativo abandono dos princípios social-democráticos – uma crítica freqüentemente pronunciada pela ala esquerdista do partido, sobretudo nos últimos anos, durante o processo de reforma do sistema social na Alemanha.