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Debate

(mm / sv)29 de agosto de 2008

Construção de grande mesquita em Colônia é aprovada após intensa polêmica. Proposta de tirar os templos religiosos dos muçulmanos "do fundo quintal" é combatida por organizações de extrema direita.

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Construção de mesquita: longa polêmicaFoto: AP

Há mais de quatro décadas, quando começaram a chegar os primeiros Gastarbeiter de países islâmicos para trabalhar na construção civil na Alemanha, a regra era que alojassem seus templos religiosos em edificações provisórias, como por exemplo salas em desuso de um prédio de escritórios.

Hoje, os filhos e netos desses imigrantes, já na segunda ou terceira geração no país, procuram tirar as mesquitas "do fundo do quintal". Ao mesmo tempo, surge do lado oficial a preocupação em promover uma integração maior dos mais de três milhões de muçulmanos que vivem no país.

Polêmica excessiva

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Paul Böhm: autor do projeto arquitetônicoFoto: AP

Em Colônia, o projeto de construção de uma grande mesquita desencadeou, porém, um debate em todo o país, tendo movido uma avalanche de prós e contras de diversos setores da sociedade. Na última quinta-feira (28/08), o conselho municipal responsável pelo planejamento urbano aprovou, enfim, a edificação da mesquita imponente, cuja cúpula atinge 34,5 metros de altura e os dois minaretes 55 metros cada.

Os projetos arquitetônicos iniciais tiveram que ser refeitos várias vezes, em função de protestos de facções políticas, reclamações de moradores da região e iniciativas populares ligadas a organizações de extrema direita.

A própria prefeitura da cidade estabeleceu alguns critérios a serem respeitados na nova mesquita: igualdade de direitos entre homens e mulheres, uso do idioma alemão e tradução das pregações dos imanes. "Pois queremos saber o que está sendo dito ali", afirmou o prefeito de Colônia, Fritz Schramma.

Transparência

Zentralmoschee in Köln Ehrenfeld
Maquete da grande mesquita a ser construída em ColôniaFoto: Türkisch Islamische Union in Köln

A nova mesquita deverá ser literal e simbolicamente transparente, tendo no vidro um dos principais elementos do prédio. A idéia é propiciar a quem passa uma visão do que acontece no interior. Acusticamente, no entanto, o isolamento deverá ser total, a fim de não causar ruídos para a vizinhança.

A mesquita terá lugar para 1200 fiéis e deverá servir de inspiração para a criação de outras do gênero no país, afirma Nurhan Soykan, porta-voz do Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha.

Deixar que as mesquitas permaneçam em fábricas abandonadas ou prédios comerciais, como nos primeiros anos em que chegavam os trabalhadores no país, "não é mais viável. Queremos viver no país com os mesmos direitos de liberdade religiosa e, para isso, são necessárias casas de oração adequadas", afirma Soykan. Hoje, há em toda a Alemanha 165 mesquitas representativas e mais de duas mil "de fundo de quintal".

Protestos da extrema direita

Demonstration gegen geplante Großmoschee in Köln
Manifestantes do grupo Pro Köln contra a mesquita: extrema direita organizadaFoto: picture alliance/dpa

A polêmica envolvendo a construção da mesquita fez com que a organização de extrema direita Pro Köln (Pró Colônia) liderasse um movimento sob o lema "Não à grande mesquita – Não à Islamização". Em setembro, a organização deverá coordenar, com o apoio de extremistas de direita de vários países europeus como Holanda, Bélgica, França e Áustria, um grande evento na cidade.

A resistência à construção da mesquita espelha a rejeição dos extremistas a uma suposta "islamização da Europa". O evento, marcado para o próximo 21 de setembro, deverá contar com a presença de Jean-Marie Le Pen, do partido francês de extrema direita Frente Nacional, e de Filip Dewinter, do movimento separatista belga Vlaams Belang. Organizações antifascistas planejam, para o mesmo dia, várias manifestações de protesto na cidade.