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Greve contra política econômica de Kirchner tem grande adesão

10 de abril de 2014

Sindicatos dizem que milhões de trabalhadores aderiram à manifestação, que paralisou o transporte público, cancelou voos e bloqueou acessos às principais cidades na Argentina.

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Policiais acompanham protesto de trabalhadores nas proximidades de Buenos AiresFoto: Reuters

Uma greve geral contra a política econômica da presidente Cristina Kirchner, convocada por sindicatos de trabalhadores, deixou nesta quinta-feira (10/04) as ruas de Buenos Aires e de outras importantes cidades da Argentina praticamente desertas. Desde as primeiras horas do dia, a paralisação afetou os serviços de metrô, trens e ônibus, o que impediu muitos argentinos de saírem de casa.

A manifestação, que também afetou hospitais, escolas, bancos e vários setores da economia, foi convocada pela Central Geral de Trabalhadores (CGT), comandada pelo líder do sindicato dos caminhoneiros, Hugo Moyano (que até 2011 era aliado do governo); pela CGT Azul e Branca, de Luis Barrionuevo; e pela Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), liderada por Pablo Micheli.

"Milhões de trabalhadores aderiram à greve", afirmou Juan Carlos Schmid, secretário-geral do sindicato de trabalhadores do setor de dragagem e dirigente da CGT. De acordo com ele, a paralisação foi muito forte.

Por sua vez, o chefe de gabinete do governo argentino, Jorge Capitanich, considerou o movimento "um grande piquete nacional com a paralisação dos transportes", liderado por sindicalistas que fazem parte da oposição à Kirchner. Ele disse que a paralisação tem motivos políticos.

Bloqueio de rodovias

Mais de 30 associações de transporte aderiram à greve e, por essa razão, o transporte público, de mercadorias e fluvial não funcionou na maioria das cidades do país. Somado aos bloqueios de avenidas, acessos a cidades e rodovias, os piquetes paralisaram grande parte da atividade no país e geraram confrontos entre policiais e manifestantes.

Cristina Fernandez de Kirchner 19.03.2014 Paris
Sindicatos pedem que Kirchner diminua efeitos da inflaçãoFoto: imago

De acordo com o jornal oposicionista Clarín, a rota Panamericana, principal via de acesso a Buenos Aires, amanheceu bloqueada. Houve confronto entre policiais, que dispararam balas de borrachas, e manifestantes, que responderam jogando pedras. Pelo menos uma pessoa foi detida e duas ficaram feridas.

A greve geral afetou também voos nacionais e internacionais. Várias companhias aéreas, como Aerolíneas Argentinas, Austral e LAN, cancelaram seus voos principalmente a partir do aeroporto Jorge Newbery (Aeroparque), localizado no centro de Buenos Aires.

Entre as brasileiras, a TAM anulou cinco voos – dois que partiam de Guarulhos para o Aeroparque e três que faziam a rota inversa. A Gol não divulgou quantos voos foram afetados pela greve, mas sua página na internet informa que dois voos de São Paulo ao aeroporto Jorge Newbery foram cancelados, e outros três com destino ao aeroporto Ministro Pistarini (Ezeiza) estavam atrasados.

Inflação supera 30%

A greve ocorre às vésperas do início das paritárias, que são as negociações entre sindicatos e empresários por aumentos salarais que, na Argentina, são aprovados pelo Ministério do Trabalho. O sindicato dos bancários já acertou um aumento de 29% e não aderiu à paralisação. Mas outros líderes sindicais exigem aumentos superiores, sem ter que negociar dentro de parâmetros estabelecidos.

Generalstreik in Argentinien 10.04.2014
Policiais numa estrada bloqueada perto de Buenos AiresFoto: Reuters

Esta é a segunda greve geral contra o governo de Cristina Kirchner desde que ela assumiu a presidência, em dezembro de 2007. A paralisação foi convocada por centrais sindicais de oposição ao governo para pedir medidas que diminuam os efeitos da inflação, que neste ano já supera 30%, segundo institutos de pesquisa privados.

Além das negociações sem teto máximo, os sindicatos querem aumento para os aposentados, revogação do imposto aplicado aos salários e distribuição de fundos que o Estado deve aos prestadores de saúde dos sindicatos.

Tradicionalmente, os sindicatos apoiaram os governos peronistas (do Partido Justicialista, fundado na década de 1950 pelo ex-presidente Juan Perón). Moyano foi aliado do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) e de sua viúva, a atual presidente Cristina Kirchner, até 2011, quando decidiu passar para a oposição.

FC/afp/rtr/dpa/abr