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Greve no setor de cargas

8 de novembro de 2007

Sindicato dos Maquinistas Alemães (GDL) faz greve de 42 horas no transporte ferroviário de cargas. Prejudicadas são, principalmente, indústrias siderúrgica e automobilística, usinas termoelétricas e portos marítimos.

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Contêneires na fronteira com a Polônia: maquinistas paralisam transporte de cargasFoto: AP

A guerra salarial na companhia ferroviária Deutsche Bahn ganha uma nova dimensão. A partir desta quinta-feira (08/11), o Sindicato dos Maquinistas Alemães (GDL) iniciou uma paralisação do transporte ferroviário de cargas por 42 horas, ou seja, até as 6 horas da manhã do próximo sábado.

Os maquinistas exigem um acordo exclusivo para os afiliados do GDL, com uma série de concessões envolvendo salários e carga de trabalho. A Deutsche Bahn reiterou a oferta do acordo coletivo fechado no início de junho passado com outros dois sindicatos dos ferroviários (Transnet e GDBA): 4,5% de aumento, além de um pagamento extra de 600 euros.

Segundo o Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW), a paralisação dos 5 mil trens de carga alemães só pode ser superada através de 100 mil caminhões adicionais nas estradas. Principalmente as indústrias siderúrgica e automobilística, usinas elétricas e portos marítimos são prejudicados com a greve.

Prejuízos para a economia

DIW Prof. Dr. Claudia Kemfert Porträtfoto
Claudia Kemfert: 'prejuízo imediato'Foto: presse

Claudia Kemfert, especialista em transportes do DIW, afirma que 18% do transporte de cargas na Alemanha é realizado sobre trilhos. "Principalmente quando o transporte de cargas é afetado, o prejuízo econômico é, naturalmente, imediato. Isto se deve ao fato de alguns setores, como a metalurgia, produzirem just in time, ou seja, estes setores dependem do transporte ferroviário de bens até os respectivos locais de produção", explica Kemfert.

Devido à interrupção no fornecimento de carrocerias vindas da fábrica de Bratislava, por exemplo, uma firma como a Porsche não poderá mais produzir em Leipzig. Usinas termoelétricas não fornecerão mais energia devido à falta de carvão e os portos marítimos alemães poderão suportar um máximo de dois dias de greve no transporte de cargas por conta do caos oriundo da falta de escoamento de produtos.

Segundo o DIW, os prejuízos para a economia variam conforme a duração da greve. Depois de três dias, as perdas estariam em torno dos 50 milhões de euros diários. Após dez dias, o valor dos danos à economia se multiplicaria para até 500 milhões de euros por dia de greve.

Setor de cargas e trens de longa distância

Manfred Schell
Schell assegura que ninguém passará fomeFoto: AP

A eficácia das greves no transporte de cargas é avaliada de forma diversa por especialistas. Hans-Peter Müller, perito em sindicatos da Universidade de Ciências Aplicadas de Berlim, afirma que "existe o perigo de um desgaste do instrumento da greve". A greve no setor de cargas seria invisível para o público e aumentaria somente pouco a pressão sobre os empregadores, explica Müller. No entanto, o presidente do Sindicato dos Maquinistas Alemães é de opinião diferente.

"Ninguém vai passar fome nem frio na Alemanha", afirma Manfred Schell, chefe do GDL, bem-humorado após a decisão do Tribunal Regional do Trabalho de Chemnitz, que na semana passada permitiu greves tanto no setor de cargas quanto nos de trens de passageiros de longa distância, suspendendo assim uma decisão anterior que permitia paralisações apenas na malha regional.

O DIW, no entanto, avalia uma greve com duração superior a três dias como inquietante para a economia. "Depois deste período, os depósitos das companhias estão vazios e elas não podem mais produzir", explica Stefan Kooths, economista do DIW, acrescentando que a economia não poderá suportar uma greve com duração de sete a dez dias.

Acordos coletivos

A companhia ferroviária Deutsche Bahn quer atenuar os efeitos da paralisação no setor de cargas. Uma porta-voz da Deutsche Bahn admitiu que haverá atrasos e cancelamentos de trens. Para aliviar as conseqüências, foi elaborada uma escala de trabalho que emprega o maior número possível de maquinistas funcionários público (proibidos de fazer greve), de um total de 5,4 mil maquinistas.

Na questão trabalhista, a Deutsche Bahn recebe o apoio da chanceler federal alemã. "Tenho minhas dúvidas se cada categoria profissional de diferentes empresas deva ter acordo exclusivo", afirmou Merkel. A Deutsche Bahn teme que, no futuro, ela vá ter que negociar acordos coletivos com 25 diferentes categorias profissionais. (ca)