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Grupo de Lima pede investigação sobre ataque a Maduro

12 de agosto de 2018

Brasil e outros 12 países do grupo repudiam qualquer tentativa de manipular incidente que, segundo governo da Venezuela, envolveu explosões provocadas por drones, para perseguir e reprimir dissidência política.

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Em 4 de agosto, duas explosões obrigaram Maduro a abandonar cerimônia de aniversário da Guarda Nacional Bolivariana
Em 4 de agosto, duas explosões obrigaram Maduro a abandonar cerimônia de aniversário da Guarda Nacional BolivarianaFoto: picture-alliance/Photoshot

Os países que integram o Grupo de Lima – Argentina, Brasil, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Chile, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru – lançaram neste sábado (11/08) um apelo urgente ao governo da Venezuela para que seja conduzida uma investigação "independente, exaustiva e transparente" sobre uma suposta tentativa de atentado contra o presidente Nicolás Maduro.

Por meio de um comunicado, o organismo repudiou qualquer tentativa de manipular o suposto ataque com drones contra o mandatário, ocorrido no último dia 4 de agosto, para "perseguir e reprimir a dissidência política".

Os governos que integram o grupo rechaçaram firmemente a violação do devido processo legal e das normas internacionais em matéria de direitos humanos com a detenção "arbitrária, ilegal e sem investigação prévia" do deputado Juan Carlo Requesens, que o governo acusa de ser um dos responsáveis pela tentativa de atentado.

O grupo também condenou a ordem de prisão internacional emitida por Caracas contra o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Julio Borges, também vinculado ao suposto ataque com drones.

O Grupo de Lima considerou que ambas as situações constituem uma "aberta violação" de seu foro parlamentar e das garantias e imunidades previstas na Constituição, assim como na Convenção Americana sobre Direitos Humanos e em outros tratados internacionais.

Com uma investigação independente, o governo de Maduro deve esclarecer o ocorrido no último dia 4 de agosto de maneira imparcial, respeitando o estado de direito e os direitos humanos, pediu o grupo.

Seus membros expressaram "profunda inquietude pela utilização de instituições de segurança e aplicação da lei do Estado venezuelano para perseguir adversários políticos, o que demonstra mais uma vez a ruptura da ordem democrática e a violação da Constituição". O grupo exigiu a libertação imediata de presos políticos.

"Os governos de Argentina, Brasil, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Chile, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru [...] reafirmam seu compromisso de seguir tomando medidas e iniciativas para contribuir para a restauração das instituições democráticas, o respeito aos direitos humanos e a plena vigência do estado de direito na Venezuela", diz o comunicado.

Maduro culpa Colômbia

Em 4 de agosto, duas explosões, que as autoridades de Caracas dizem ter sido provocadas por dois drones, obrigaram Maduro a abandonar rapidamente uma cerimônia de celebração do 81º aniversário da Guarda Nacional Bolivariana. Sete militares ficaram feridos.

A cerimônia, realizada na Avenida Bolívar de Caracas, era transmitida ao vivo pelas rádios e televisões venezuelanas e, no momento em que Maduro anunciou que tinha chegado a hora da recuperação econômica do país, ouviu-se uma das explosões.

A Colômbia tem estado no centro das acusações do governo venezuelano. Poucos dias após o suposto ataque, a Venezuela emitiu um comunicado responsabilizando Bogotá por qualquer nova agressão contra Maduro. Neste sábado, o líder venezuelano acusou diretamente o ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos de ordenar a tentativa de atentado.

"Foi o ex-presidente Juan Manuel Santos quem deu a ordem de preparar a ação terrorista para o meu assassinato", disse Maduro durante um ato com 700 generais e almirantes em Caracas, transmitido pelo rádio e pela televisão. Segundo Maduro, Santos atuou em coordenação com o opositor Julio Borges.

As autoridades venezuelanas identificaram até à data 25 indivíduos suspeitos de envolvimento no ataque, incluindo os deputados opositores Júlio Borges e Juan Requesens.

Crise e investida contra oposição

O governo venezuelano com frequência acusa a oposição e ativistas antichavismo –m a quem se refere com palavras como terroristas e extrema direita – de conspirar para derrubá-lo e arquitetar atentados contra o presidente, que é impopular, mas foi reeleito numa eleição rejeitada por grande parte da comunidade internacional.

A Venezuela passa há meses por uma profunda crise, que levou centenas de milhares de pessoas a deixar o país. Analistas afirmam que a crise está associada à queda dos preços internacionais do petróleo, mas também a uma política econômica desastrada dos governos chavistas.

A queda da produção interna, as restrições cambiais, a escassez de produtos alimentares básicos e de medicamentos, os rendimentos familiares insuficientes, bem como a hiperinflação – que, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional, será de 1 milhão por centro em 2018 – evidenciam a situação do país.

LPF/efe/lusa

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